Ami

Levi é musculoso e tem longos cabelos loiros prateados que ele prende para trás. Seus olhos castanhos brilham como se ele achasse algo engraçado, mas não quisesse compartilhar o que é. Ele tem covinhas que aparecem em ambas as bochechas quando sorri, mas ele não sorri tanto quanto sorria quando éramos crianças. Ele ficou mais pálido desde que éramos crianças. Eu me lembro de um garoto jovem, bronzeado, com cabelos loiro sujo, mas agora, sua pele é clara e seu cabelo é loiro prateado.

Eu posso sentir os olhos dele em mim e estou feliz por não ter me virado. Eu já consigo ver o sorriso satisfeito no rosto dele se ele me pegasse olhando para ele. Ele acha que todo mundo gosta dele e eu não quero inflar o ego dele. Seja lá o que for entre nós, é estranho. Nós não conversamos mais, mas eu o conheço e ele me conhece. Ele está perto, mas distante. Liz acha que ele tem uma queda secreta por mim, mas se isso fosse verdade, ele já teria feito algo. E se ele tentasse fazer algo agora, seria inútil. Eu estou comprometida agora.

Eu comecei a namorar Dylan Cadmus este ano. A única vez que não sinto os olhos de Levi em mim é quando estou com Dylan. Ele se vira e olha para o outro lado. Eu me pergunto se estar com Dylan o deixa infeliz. Ou então eu estou sendo paranoica. Eu afasto esse pensamento e ignoro o quão vaidoso isso soa. Eu não estava prestando atenção em Liz e quando volto a ouvir, ela está falando sobre o novo cara que conheceu no Mythinder.

É um aplicativo de namoro para seres míticos se encontrarem e se conectarem. Os esquisitos que ela encontrou lá são incrivelmente estranhos. Supostamente, há vampiros, sereias e ursos-garou lá. Eu só conheci outros lobisomens, então a ideia de haver outros por aí me deixa nervosa. Eu já disse para ela parar de usar o aplicativo, mas ela acha divertido. Ela diz que o sexo é bom e jura que os ursos-garou têm os maiores paus.

"Estou preocupada que você acabe picada e jogada em um saco," eu digo a ela.

"Ah, não seja assim. Eu sou cuidadosa," ela disse, me dispensando.

"E se eles te comerem?" eu perguntei.

"Ah, pode confiar, eles me comem," ela disse de forma brincalhona.

"EEwww... não é legal, Liz!"

Ela ri enquanto o sinal toca. Todos se levantam e eu observo enquanto eles saem para o corredor. Eu pego minhas coisas e jogo tudo na minha mochila antes de seguir Liz para fora da sala. O primeiro sinal toca e eu aceno para ela enquanto ela segue na direção oposta. Felizmente, temos a primeira aula do dia juntas. Eu começo a ir para minha aula quando alguém joga um braço ao redor do meu ombro. Olhando para a pessoa ao meu lado, levanto o queixo e encaro Levi em choque.

"O que você-” eu começo.

"Para onde você está indo?" Levi perguntou. Ele disse isso tão despreocupadamente como se isso fosse completamente normal. Ele olhou pelo corredor enquanto eu o encarava. Nós não trocamos uma palavra há anos. Toda essa interação era bizarra e não parecia com ele.

"Você está doente?" eu perguntei.

Ele parou de olhar ao redor e abaixou o queixo enquanto olhava para mim. Ele cresceu desde que éramos pequenos, mas estando tão perto dele, percebo o quanto ele cresceu. O topo da minha cabeça mal chega ao topo do peito dele. Estando tão perto, sou envolvida pelo seu cheiro. O aroma de cranberries misturado com um cheiro cítrico aquece meu estômago.

"Não, Ami. Por que você acha que estou doente?" Levi perguntou.

Meu estômago despenca com o apelido familiar, mas ao mesmo tempo estranho, que não ouço há anos. Eu não sei o que ele está fazendo, mas de repente me sinto com raiva. Eu não sei por que ele está fazendo isso. Eu não gosto de me sentir como um jogo e agora é exatamente assim que me sinto. Nenhuma palavra dele por anos, só para ele aparecer e agir como se nada tivesse mudado?

Por que ele está fazendo isso?

"Ah, eu não sei, Levi... talvez porque não conversamos há 2 anos? Ou talvez porque você jogou seu braço ao meu redor e de repente quer passar tempo comigo? Ah! Ou talvez seja pelo jeito que você está me chamando pelo meu apelido," eu disse.

"Eu não sabia que você sentia tanto a minha falta, Ami. Se eu soubesse que era tão difícil para você, teria feito algo antes. Você poderia ter simplesmente me pedido para passar tempo com você," Levi disse.

Eu bufei enquanto dava um passo para longe dele. Eu não tenho tempo para ficar aqui. Eu preciso ir para a aula. Um arrepio percorre minha espinha ao imaginar o que Dylan pensaria se nos visse. Ele não gosta quando eu passo tempo com outros caras e isso é compreensível. Eu não quero fazer nada que o deixe desconfortável.

As mentiras que você conta para si mesma.

"O que foi isso?" eu perguntei.

"O quê? Eu só estava tentando falar com você, Ami-"

"Não, Levi. Apenas não," eu o interrompi.

"Não o quê?" Levi perguntou. Uma mecha solta de cabelo prateado caiu do elástico e desceu pelo rosto dele.

"Não me chame assim."

Nós ficamos no corredor, olhando nos olhos um do outro enquanto as pessoas passavam apressadas para a próxima aula. Não dizemos nada e parece que a parede entre nós, que havia sido derrubada quando ele falou comigo, está se reconstruindo. Braços envolvem minha cintura e sou levantada do chão enquanto sou puxada para trás. Sou afastada do cheiro de cranberries e cítrico e puxada para o cheiro de mentol e hortelã.

Dylan.

"Bom dia, Gatinha," Dylan murmurou roucamente no meu ouvido.

Eu tremi, mas desta vez não de medo, mas de excitação. Suspirei de alívio por ele não ter me visto sob o braço de Levi. Tento me virar, mas ele não me deixa. Em vez disso, seu aperto ao redor da minha cintura se aperta e eu olho para trás, para ele.

"Bom dia, amor."