CAPÍTULO 1

SELENE

Saí do dormitório, deixando para trás o calor e as risadas, e fui abraçada pelo ar frio da noite. As luzes tremeluzentes do campus pareciam distantes, seu brilho suave mal cortando a escuridão que se aproximava. O que tinha sido uma tarefa simples e mundana—levar o lixo para fora—parecia estranhamente reconfortante depois da montanha-russa emocional pela qual eu acabara de passar.

Pois é... Acabei de descobrir que meu namorado estava beijando meu primo.

Ah, e só para deixar claro—meu primo é um cara. Então, é... deixa isso afundar.

O contêiner, escondido atrás do prédio, fedia a comida apodrecida e estava transbordando de lixo.

Enquanto caminhava em direção a ele, uma sensação inquietante subiu pela minha espinha. A noite de repente ficou anormalmente silenciosa, uma quietude assustadora que fazia tudo parecer estranho. Uma van preta estava estacionada muito perto do contêiner, suas janelas escuras e inóspitas na luz fraca. Um calafrio percorreu minhas costas, os sons reconfortantes do dormitório e sua atmosfera calorosa agora parecendo estar a quilômetros de distância.

Apressando meus passos, ansiava por voltar à segurança do meu quarto. Mas, assim que me virei para olhar de volta para o dormitório, ouvi—a voz, perto demais para conforto, cortando o silêncio como uma faca.

“Ele estava certo. Você é uma beleza,” a voz zombou.

Eu me virei, coração acelerado, apenas para encontrar a figura escura e imponente de um homem. Antes que eu pudesse reagir, uma mão forte tapou minha boca, e o cheiro acre de um pano invadiu minhas narinas. O pânico tomou conta de mim, e eu chutei e me debati, lutando por ar e liberdade. Mas os vapores encheram meus pulmões, e a cada respiração desesperada, meus membros ficavam mais pesados e lentos. Minha visão embaçou, e meu corpo finalmente cedeu enquanto tudo ao meu redor escurecia.

........

Enquanto voltava à consciência lentamente, a luz tênue do quarto estava desfocada nas bordas da minha visão. Minha cabeça latejava, uma dor aguda que se intensificava a cada respiração que eu tomava. Instintivamente, tentei tocar minha testa, mas minhas mãos estavam amarradas firmemente atrás das costas, e eu congelei quando senti as restrições mordendo minha pele. Um pano grosso estava enfiado na minha boca, abafando qualquer som que eu tentasse fazer.

Eu estava deitada no chão frio e implacável, o frio penetrando na minha pele.

Torci meus pulsos, desesperada para me soltar, mas as cordas estavam tão apertadas que cortavam minha pele a cada movimento, deixando marcas vermelhas e irritadas. O pânico tomou conta de mim enquanto eu me debatia contra a cama, meu moletom grudando na minha pele enquanto eu lutava para jogar as pernas para fora da borda.

O quarto estava assustadoramente silencioso, exceto pelos sons distantes de choros abafados, ecoando como sussurros no escuro. Alguém mais—talvez mais de uma pessoa—estava aqui também, preso como eu.

A porta rangeu ao se abrir, e meu coração deu um salto. Uma figura imponente entrou, sua estrutura massiva coberta de preto da cabeça aos pés.

Sua presença parecia sufocante, enchendo o quarto com um ar de ameaça. Eu queria gritar, mas o pano na minha boca tornava isso impossível. O homem se aproximou de mim com passos deliberados, seus dentes amarelados e apodrecidos, um sorriso grotesco se espalhando pelo rosto enquanto ele me observava.

"Você cheira... tão bem," ele murmurou, sua voz baixa e grossa de fome. Seus olhos percorreram meu corpo, escuros e predatórios.

"Um pequeno gosto não vai fazer mal..." Suas palavras enviaram um arrepio por todo meu corpo, uma onda de pavor inundando minhas veias.

Os olhos do homem brilhavam com uma fome distorcida enquanto ele se aproximava, o cheiro de decomposição impregnando-o. Sem aviso, ele agarrou um punhado do meu cabelo, puxando minha cabeça para trás dolorosamente. Um suspiro ficou preso na minha garganta, enquanto ele me forçava contra a parede fria e implacável. Seu aperto era implacável, a aspereza de seus dedos puxando meu couro cabeludo.

Ele não perdeu tempo, suas mãos percorrendo meu corpo com uma facilidade perturbadora, levantando meu vestido com um desrespeito descuidado pelo tecido delicado ou pela minha dignidade frágil. Seu toque era grosseiro e possessivo, seus dedos roçando a pele macia e sensível das minhas coxas internas com uma urgência indelicada. Enquanto suas mãos me exploravam, seus dedos mergulhavam mais fundo, traçando as curvas das minhas pernas com uma intimidade que fazia minha pele se arrepiar.

Seu toque se tornou mais insistente, mais forçoso. Tentei me contorcer para longe de seu aperto invasivo, mas seu aperto no meu cabelo se apertou, me mantendo no lugar como um torno. A dor disparou pelo meu couro cabeludo enquanto ele puxava minha cabeça para trás, expondo meu pescoço ao seu olhar voraz.

Seu hálito estava quente no meu pescoço enquanto ele murmurava, “Algumas gotas...” Seus lábios se curvaram em um sorriso grotesco enquanto sua mão continuava a percorrer meu corpo, acariciando a curva da minha cintura com brutalidade.

Mas, assim que seus dedos roçaram o cós das minhas calças, uma voz cortou a tensão sufocante.

"Já chega, Salvatore."

O homem, Salvatore, parou, um rosnado baixo escapando de sua garganta enquanto ele se virava para a voz.

O recém-chegado era outra figura, imponente, mas mais composta, seus olhos escuros estreitos com um aviso.

"Você não quer fazer isso," disse o homem, seu tom autoritário. "Frankie não vai tolerar isso."

Salvatore zombou, seu aperto se apertando ao redor do meu cabelo.

"Algumas gotas não vão machucar," ele murmurou novamente, ignorando o aviso. Seus dedos continuaram sua trajetória para cima, determinados a ignorar a ameaça no ar.

O olhar do segundo homem cintilou com um perigo iminente. "Pare," ele avisou novamente, seu tom mais afiado desta vez, mas Salvatore apenas riu, puxando-me para mais perto com uma força que fez meu coração disparar.

A porta se escancarou, batendo contra a parede com uma força que fez o quarto tremer. Um homem alto, de ombros largos, em um terno caro entrou, seu olhar frio travando em mim. Eu nunca o tinha visto antes, mas o peso de sua presença enviou uma nova onda de pavor por mim.

Antes que eu pudesse reagir, o homem que estava em cima de mim foi arrancado como se não fosse mais do que um boneco de pano. Ele voou pelo quarto, batendo na parede com um baque doentio. Um gemido de dor escapou de seus lábios, mas o homem de terno nem sequer piscou. Ele simplesmente endireitou os punhos e voltou sua atenção para mim.

Sua voz era suave e controlada, mas carregada de ameaça.

"Levem-no e lidem com ele. Ele sabia as regras. Agora vai pagar por quebrá-las."

Dois homens avançaram, arrastando o bruto choramingando para fora do quarto. Ele nem sequer tentou lutar. Qualquer destino que o aguardasse, ele sabia que era pior do que qualquer coisa que ele tinha planejado para mim.

O homem de terno exalou profundamente antes de finalmente oferecer um sorriso lento e presunçoso.

"Então, você está acordada. Ótimo." Ele acariciou sua barba bem aparada, os olhos percorrendo-me como se eu fosse nada mais do que mercadoria. Um arrepio de repulsa percorreu minha espinha.

"Eu sou Frankie," ele continuou, inclinando a cabeça como se estivesse avaliando meu valor.

"Você vai render uma fortuna... especialmente porque é tão jovem." Os lábios de Frankie se curvaram em um sorriso predatório. "Mas o que te faz especial—o que faz meus clientes ficarem ávidos—é o pequeno rumor que ouvi." Ele se inclinou, sua voz um sussurro doentio contra minha pele. "Que você é intocada."

Clientes? Meu estômago revirou.

Frankie se aproximou, estendendo a mão para tocar uma mecha do meu cabelo loiro entre os dedos. Ele a levou até o nariz e inalou profundamente, fechando os olhos por um breve momento. A repulsa cresceu dentro de mim, e eu puxei minha cabeça para trás, arrancando meu cabelo de seu aperto.

Ele riu. "Tão lutadora. Eu gosto disso. E que nome bonito você tem... Selene." Ele pronunciou meu nome como se isso o divertisse.

"Não se preocupe. Seu novo mestre vai te ensinar disciplina em breve."

Ele se agachou ao meu lado, seus dedos longos e ossudos deslizando pela minha coxa, fazendo minha pele se arrepiar.

"É assim que vai ser," ele murmurou, sua voz quase gentil, o que só piorava tudo.

"Meus assistentes vão entrar e te preparar para o leilão de hoje à noite. Você vai fazer exatamente o que mandarem."

Eu zombei, estreitando os olhos apesar do medo que se enrolava no meu estômago.

"Uma transformação forçada para meu tráfico humano. Vou te dizer uma coisa—você pode pegar qualquer vestido chique que escolheu, enrolá-lo bem apertado e enfiá-lo direto no seu rabo."

Sua mão subiu rapidamente, emaranhando-se no meu cabelo enquanto ele puxava meu rosto para perto do dele. O fedor doce e enjoativo de seu hálito—como fruta podre misturada com açúcar—fez meu estômago revirar. Seu nariz afiado e queixo pontudo lhe davam uma aparência de furão, o que só aumentava minha repulsa.

"Cuide da sua língua! Existem maneiras de te fazer sofrer sem deixar uma única marca," ele sussurrou, seu aperto se apertando.

"Então eu me comportaria se fosse você. Entendeu?"

Cada instinto gritava para eu lutar, arranhar, cuspir em seu rosto. Mas me forcei a acenar com a cabeça.

Frankie sorriu, claramente satisfeito com minha resposta.

"Harry, mande Maggie entrar. Certifique-se de que ela esteja pronta."

Com isso, ele saiu, deixando o fedor de sua presença pairando no quarto. Eu exalei tremulamente, minha mão pressionando contra meu peito enquanto meu pulso pulsava sob meus dedos.

Como diabos vou sair daqui?

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