Capítulo 2 Uma gravidez, quatro bebês

Lena estava no terminal do aeroporto, seus dedos batendo levemente na alça da mala.

Oito anos.

Ela finalmente estava de volta a esta cidade.

Se tivesse escolha, nunca teria voltado.

Ela odiava este lugar.

Odiava a casa que a forçou a sair.

E odiava Killian, o homem que tropeçou em sua vida nos momentos mais caóticos e desesperados.

Naquela época, ela estava apenas tentando encontrar uma maneira de sobreviver, mas acabou sendo arrastada para baixo.

Mas desta vez, ela não tinha escolha.

Sua filha mais nova, Zoe, havia sido levada do portão da escola, e o último sinal de localização parou no distrito sul da cidade!

Além disso, as coisas eram diferentes agora. Ela não era mais a Lena que podia ser facilmente pisoteada.

Uma voz masculina profunda soou em seu fone de ouvido. "Sra. Voss, a vigilância mostra que a Srta. Zoe Voss foi vista pela última vez na passagem de carga do distrito sul."

"Continue observando," Lena ordenou.

Risos irromperam atrás dela, e ela guardou sua expressão ligeiramente fria, virando-se para ver três pequenos brincando ao redor do carrinho de bagagem.

Ela tinha quatro filhos. Todos concebidos inesperadamente depois daquela única noite.

Max, o mais velho, estava sentado severamente na bagagem de mão, seus dedos voando sobre um tablet, a tela piscando com linhas densas de código.

Aos cinco anos, ele conseguia reconstruir estruturas básicas de firewall, e aos sete, hackeou remotamente a rede de controle de fronteiras. Ele agora era seu assistente mais confiável.

Jade, o segundo, estava casualmente encostado na parede, mexendo em um velho cartão de beisebol que ele reconheceu como um colecionável genuíno de um leilão local no mês passado. Apesar da pouca idade, suas habilidades de observação e memória eram extraordinárias. Ele era o próximo herdeiro da família de avaliação de tesouros mais prestigiada do mundo, o Sindicato Blackwell.

Liam, o terceiro, estava girando ociosamente uma pequena faca borboleta não afiada com os dedos, ainda não muito habilidoso.

Ele era o mais travesso e perspicaz, fascinado por facas, desmontagens e a estética da violência. Tinha um entendimento excepcional de conhecimentos médicos.

Zoe era sua filha mais quieta e sensível. Ela mal chorou ao nascer, inicialmente suspeitaram de problemas de desenvolvimento auditivo, e depois foi diagnosticada com autismo leve.

Ela não falava, não gostava de ser tocada, mas sempre grudava em Lena, reconhecendo apenas ela.

Ela estava desaparecida há trinta e seis horas.

Lena olhou para o localizador em seu pulso, seus nós dos dedos apertando, seus olhos ficando mais frios.

"Guardem isso, cuidado para não serem pegos," Lena lembrou, seu olhar fixo na multidão à frente.

Liam mostrou a língua, escondeu a faca na manga, guardando-a habilmente.

Jade deu de ombros e guardou o cartão de beisebol no bolso.

Max olhou para ela, então levantou o tablet. "Mamãe, os resultados do rastreamento inverso saíram."

Lena se abaixou, olhando para a tela.

Um homem com boné de beisebol, segurando uma pequena figura, passava rapidamente pela passagem VIP.

Sem dúvida, era Zoe.

Seu coração apertou, seus olhos ficando gélidos.

"Há quanto tempo?"

"Meia hora atrás, depois cortou," Max respondeu.

Lena pressionou seu fone de ouvido. "Equipe de rastreamento, continuem monitorando a saída do distrito sul, foquem no armazém de carga aérea."

"Sim, Sra. Voss."

A luz do sol atravessava a cúpula de vidro, e Lena semicerrava os olhos, respirando fundo.

Aquela noite chuvosa de oito anos atrás parecia ontem.

Lena, então com vinte e três anos, ajoelhada na porta, seus joelhos raspando no concreto. Frio, duro e doloroso.

Ela não tinha para onde ir. Só esperava um lugar para se abrigar.

Não por ela, mas pela criança em seu ventre.

A criança era inocente.

Mas quando a porta se abriu, ela viu sua mãe adotiva na soleira, segurando um bastão, seus olhos mais frios que a chuva.

No segundo seguinte, o bastão desceu, acertando solidamente seu ombro.

Ela apenas levantou a mão para bloquear, provocando um golpe ainda mais forte.

O bastão voou, e ela foi chutada, caindo dentro da casa.

Então vieram os sons de saltos altos do andar de cima.

Era a filha biológica da família, Seraphina Voss.

Ela desceu, sorrindo, vestindo um vestido novo do supermercado, suas unhas recém-feitas.

Passando por Lena, Seraphina nem sequer lhe dirigiu um olhar.

Ninguém perguntou se ela estava com problemas.

Ninguém perguntou se ela estava bem.

Ela estava deitada na porta, tremendo de frio.

Sua barriga doía levemente, e misturado com a água da chuva havia uma poça de sangue.

Ela sabia que não era filha biológica deles.

Mas nunca esperou, depois de todos esses anos, que a tratariam assim.

Lena não disse nada, seus dedos segurando o relatório do teste de gravidez no bolso.

Três dias depois, ela desapareceu completamente da cidade.

Ela reapareceu na fronteira do País Y.

Usando um velho casaco, uma bolsa de ombro, ela estava entre a multidão, como uma viajante comum e despercebida.

De repente, um grupo de homens de preto a parou.

O líder idoso olhou para o pingente de jade em seu pescoço, seus olhos vermelhos. "É a Srta. Blackwell!"

"Srta. Blackwell, estamos procurando por você há mais de vinte anos."

Só então ela soube que era a descendente direta do maior grupo de contrabando de antiguidades da Ásia, o Sindicato Blackwell.

Anos atrás, durante uma briga de família, sua mãe foi forçada a fugir com ela. Elas perderam o contato, e ela desapareceu.

Depois de ser trazida de volta ao Sindicato Blackwell, em apenas três anos,

Ela treinou duro, suportando dias com menos de quatro horas de sono.

Nos anos seguintes, Lena ganhou a mais alta autoridade no sistema de inteligência do Sindicato Blackwell, mobilizando diretamente a linha de logística do Triângulo Dourado.

Ela participou de transações de pinturas antigas, leilões clandestinos, substituições de artefatos e recuperações no exterior.

Ela liderou invasões em mercados negros, negociou e fechou negócios em três horas, limpou a cena em quarenta e oito horas, e podia até esvaziar a conta de um cassino adversário durante a noite.

Ela não era mais a mesma pessoa que antes.

Perdida em pensamentos, uma comoção irrompeu perto da passagem VIP.

Um grupo de seguranças rapidamente surgiu, cercando um homem e uma mulher, bloqueando o caminho de Jade.

O olhar de Lena congelou.

Era Killian.

Sua presença parecia silenciar o barulho ao redor, atraindo atenção instintivamente.

Um terno perfeitamente ajustado envolvia sua figura fria e ereta, a gola revelando um pescoço definido.

Ele estava mais composto do que oito anos atrás, e sua aura era tão afiada que fazia as pessoas olharem de lado.

Isabella Cullen se agarrava ao braço dele, fazendo beicinho, "Killian, eu voltei correndo do set só por você..."

Jade, sem conseguir parar a tempo, esbarrou neles acidentalmente.

No segundo seguinte, Isabella gritou, "De onde veio essa criança selvagem? Não consegue ver?"

Lena rapidamente avançou, seus nervos instintivamente tensos enquanto Killian olhava para cima.

Seu olhar frio passou por ela e Jade, sem um pingo de reconhecimento.

Parecia que ele realmente não se lembrava de nada.

"Desculpe," disse Lena calmamente, protegendo Jade atrás de si, seus dedos já tocando a agulha escondida em sua manga.

Isabella continuou a reclamar, "Você sabe quanto custa esse vestido? Vendendo você não cobriria nem..."

"Chega, Isabella," Killian interrompeu, seu olhar demorando no rosto de Jade por um segundo.

Os traços de Jade eram delicados, sua postura ereta, e seus olhos encontraram os de Killian com um medo fingido.

Especialmente aqueles olhos, eles pareciam exatamente como os dele quando jovem, olhando para um espelho.

Os seguranças hesitaram, trocando olhares.

O coração de Lena pulou uma batida, pronta para dizer algo, quando seu fone de ouvido de repente zumbiu urgentemente.

"A Srta. Zoe Voss foi encontrada no armazém do distrito leste!"

"Desculpe, tenho um assunto urgente; preciso ir."

Sem esperar a reação de Killian e Isabella, ela agarrou Jade e saiu apressada.

Antes de partir, ela deu uma última olhada em Killian.

Killian estava se virando indiferente, como se fossem apenas transeuntes insignificantes.

Uma vez que encontrasse Zoe, ela faria aqueles sequestradores entenderem o preço de provocar o Sindicato Blackwell.

E aquela mulher com Killian, o que ela chamou Jade? Crianças selvagens? Ela se lembraria disso.

Lena desviou o olhar sem hesitação.

Ela sabia que sua prioridade agora era trazer Zoe de volta.

Quanto a Killian... ela não tinha intenção de explicar, nem interesse em recomeçar.

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