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POV da Diana

Balancei a cabeça violentamente, afastando-me do estranho, com o corpo inteiro tremendo.

Isso não estava acontecendo.

Não pode estar acontecendo.

Virei-me, caminhando em direção ao meu carro, murmurando para mim mesma. Não. Não. Não. Isso tinha que ser algum engano. Uma pegadinha. Uma brincadeira cruel da Deusa da Lua.

Meu companheiro, meu verdadeiro companheiro, estava bem ali, a poucos metros de distância, mas tudo o que eu conseguia pensar era no Alpha Damon.

Se esse homem fosse meu companheiro... então o que diabos eu estive fazendo todo esse tempo? Será que desperdicei vários anos da minha vida amando um homem que nunca deveria ser meu?

Minhas mãos tremiam enquanto eu abria a porta do carro e entrava. Enfiei a chave na ignição, girando-a com força, mas o motor fez um barulho feio e se recusou a ligar.

"Droga!" xinguei baixinho, batendo os punhos contra o volante.

Uma risada profunda ecoou atrás de mim.

Eu me endureci, virando a cabeça apenas o suficiente para ver o estranho me observando com um sorriso divertido.

"Precisa de ajuda?" A voz dele era rica, profunda e carregada de diversão.

"Não preciso de nada de você," retruquei, tentando a ignição novamente. Só fez um som patético de clique.

O homem suspirou, aproximando-se. "O carro não vai ligar, querida. Deixe-me dar uma olhada."

Eu me enrijeci quando ele se inclinou, levantando o capô do carro com facilidade. O cheiro dele me envolveu novamente, terroso, poderoso e estranhamente... familiar. Era como se minha alma o reconhecesse antes da minha mente.

"Você é teimosa," ele murmurou, mexendo sob o capô.

"E você é irritante," retruquei.

Outra risada. "Bradley," ele finalmente disse, endireitando-se e encontrando meu olhar. "Bradley Underwood."

Meu coração deu um salto.

Underwood?

Estreitei os olhos, percebendo a verdade como um choque. Eu os conhecia. Quem não conhecia? Os Underwood eram uma das linhagens de lobisomem mais antigas, e a família deles governava a matilha vizinha.

Cerrei o maxilar. Não havia como ele ser um Alpha. Ele parecia muito... despreocupado. Muito brincalhão. Alphas se comportavam com dominância e orgulho, mas esse homem? Ele era muito casual, muito à vontade.

Ainda assim, só o nome já me deixava inquieta. Passei anos envolvida na política das matilhas, e tudo o que eu queria era ser livre.

"Tanto faz," murmurei.

Bradley sorriu, fechando o capô. "Tente agora."

Girei a chave novamente, e o motor roncou.

Sem sequer olhar para ele, agarrei o volante com força e acelerei. Os pneus chiaram contra o asfalto enquanto eu disparava, deixando-o para trás.

Eu não disse obrigado nem olhei para trás.

Eu dirigi sem parar. Liguei para o Tio Jeremy Carter novamente, e ele atendeu logo após o primeiro toque.

"Tio, posso ir até aí e passar alguns dias? Eu preciso..."

"Claro, você é sempre bem-vinda. Esta também é sua casa, lembra?"

"Obrigada," murmurei.

Eu ri quando ouvi a voz alegre da Tia Estrella me garantindo um banquete antes de o Tio Jeremy desligar a ligação.

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Alisei meu vestido, respirando fundo antes de descer as escadas. Passei a tarde inteira tentando me acalmar, mas minha mente continuava repetindo o que havia acontecido mais cedo—encontrar Bradley, seu sorriso arrogante e a atração perturbadora do vínculo de companheiros.

Eu não queria pensar nisso.

Eu não podia.

No momento em que cheguei ao último degrau, meu tio, Jeremy Carter, levantou os olhos do jornal em suas mãos, um sorriso caloroso cruzando seu rosto. Sua esposa, Estrella, estava sentada ao lado dele, seus olhos azuis penetrantes me examinando de cima a baixo com um aceno de aprovação. Eu dei uma volta, exibindo a beleza do vestido que escolhi para o dia.

"Você está linda, querida," disse Estrella no seu tom refinado de costume.

Forcei um sorriso. "Obrigada, Tia Estrella." Eu não queria que eles se preocupassem comigo. Eu era madura o suficiente para lidar com meus próprios problemas.

Tio Jeremy colocou o jornal de lado e se inclinou para frente, sua expressão séria. "Você deve estar exausta da viagem, mas há algo importante que você precisa fazer esta noite."

Franzi a testa. "O que você quer dizer?"

Estrella sorriu sabiamente. "O Jantar dos Fundadores, é claro. Está sendo realizado na mansão do Alfa. Já que minha família foi uma das fundadoras desta alcateia, é natural que você compareça."

Meu estômago revirou. A última coisa que eu queria era ser exibida em uma sala cheia de lobos de alta patente, quanto mais estar perto de outro Alfa.

"Eu realmente não acho que—" comecei a protestar.

"Bobagem," Estrella me interrompeu, levantando-se graciosamente. "Você está representando esta família esta noite. Você deve comparecer."

Cerrei os dentes. Não era um pedido. Era uma ordem, uma que eu não podia recusar.

"Eu não tenho um vestido para um evento desses, não trouxe nenhum." Menti descaradamente. Todas as minhas roupas estavam no meu carro.

"Isso não é problema, é?" Tio Jeremy virou-se para sua esposa, que sorriu.

"Não, não é. Eu tenho o vestido perfeito que vai te servir tão bem como se tivesse nascido com ele."

Soltei uma risada seca. Eu não tinha mais desculpas para dar. "Tudo bem. Eu vou."

Estrella sorriu, satisfeita.

"Deixe-me pegar o vestido. É muito bonito, você vai adorar." ela riu e se levantou.

Suspirei. Vai ser uma noite muito longa e entediante. Se eu soubesse, teria passado a noite em um hotel.

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