5
POV da Diana
Eu me encontrava no banco de trás do SUV preto do meu tio, meus nervos à flor da pele enquanto nos aproximávamos da mansão do Alfa. Eu não queria estar aqui, mas não tinha escolha.
A propriedade era imensa, cercada por portões altos e guardas em cada canto. A entrada era ladeada por carros caros, e o som de risadas e música ecoava pela entrada grandiosa.
Engoli em seco quando entramos. O salão de baile era deslumbrante—lustres dourados pendurados no teto, mesas cobertas com seda, e um mar de lobos elegantemente vestidos.
Exalei, tentando acalmar meu coração acelerado.
Eu consigo fazer isso. Só preciso passar a noite sem chamar atenção e tudo ficará bem.
Mas então eu senti.
Aquela mesma atração eletrizante que fez minha pele arrepiar.
Não.
Não aqui. Não agora.
Lentamente, virei a cabeça—e congelei.
Bradley Underwood estava do outro lado da sala, vestido com um terno preto impecável, parecendo um verdadeiro rei. Mas o que mais me chocou foi a maneira como ele estava olhando para mim, seus olhos dourados escurecidos com algo intenso.
Desejo.
Minha respiração falhou.
Não. Não. Não.
Isso não podia estar acontecendo.
Ele começou a caminhar em minha direção, seus passos lentos, deliberados.
Virei-me para sair, mas antes que pudesse dar um passo, ele já estava na minha frente.
"Indo embora tão cedo?" Sua voz era profunda, provocante.
Cerrei os punhos. "O que você quer?"
Bradley sorriu de lado. "Ah, querida, você já sabe o que eu quero."
Lancei um olhar furioso para ele, meu coração descontrolado. "Fique longe de mim."
O sorriso dele apenas se alargou. "Com medo de gostar de me ter por perto?"
Meus lábios se abriram, mas nenhuma palavra saiu.
Eu odiava que ele me fizesse sentir assim—quente, nervosa, inquieta.
E então, como se as coisas não pudessem piorar, a multidão se abriu e alguém anunciou, "Alfa Bradley Underwood, bem-vindo!" A multidão inteira aplaudiu sua presença, mas ele tinha os olhos fixos em mim.
Meu corpo inteiro ficou rígido.
Alfa?
Meus olhos se voltaram para Bradley, que observava minha reação com um sorriso divertido.
"Você é—"
"O Alfa?" ele completou por mim, sorrindo. "Sim, querida. Sou eu."
Meu coração batia tão forte que era um milagre não ter explodido do meu peito.
Isso era ruim.
Muito, muito ruim.
Bradley se inclinou mais perto, baixando a voz. "Dance comigo."
Dei um passo para trás. "Não."
"Vamos," ele disse suavemente. "É só uma dança."
Antes que eu pudesse protestar, ele pegou minha mão e me puxou para a pista de dança.
Minha respiração parou quando seu braço deslizou ao redor da minha cintura, me segurando mais perto do que o necessário.
"Você está nervosa," ele murmurou.
"Porque você é insuportável," eu retruquei.
Ele riu, o som era rico e profundo. "Acho que você gosta disso."
Eu fiz uma careta, mas não me afastei.
O toque dele era quente, quase reconfortante, e apesar da minha mente gritar para eu ir embora, meu corpo a traiu.
Droga, o laço de companheiro.
Quando a música terminou, Bradley se inclinou e sussurrou no meu ouvido.
"Vou jantar na casa do seu tio amanhã."
Eu me afastei bruscamente. "Com licença?" Como ele sabia do meu tio e, mais importante, como ele sabia onde eu estava?
Ele sorriu. "Acostume-se a me ver, querida."
E com isso, ele se afastou.
Meu estômago afundou.
Isso ia ser um desastre. Um desastre enorme.
Preciso de ar fresco.
Dançar com Bradley me deixou suando sem motivo—minhas mãos ainda tremiam. Não de medo. De algo pior. Algo que eu não conseguia nomear. Algo que fazia meu peito parecer apertado demais, como se eu estivesse na beira de um penhasco, olhando para baixo.
Eu não podia me deixar cair. Não de novo. O Alpha Damon já era prova suficiente do que acontece quando eu perco o controle. Mas o laço—Deus, o laço—era forte demais. Intoxicante demais. Ele me puxava, mesmo agora, mesmo quando eu não queria. Correção, o laço entre mim e Bradley, dane-se o Alpha Damon.
Empurrei as portas do salão, mal percebendo as risadas, os copos tilintando, o perfume forte no ar. Tudo parecia sufocante. Demais. Muitas pessoas, muitos olhos. Meu vestido grudava na pele enquanto eu saía, deixando o frio da noite me bater no rosto.
Bom. Eu precisava desse tapa.
O jardim se estendia, escuro e quase vazio, sebes esculpidas em formas ridículas, flores florescendo sob a luz da lua como se não pertencessem a um mundo como o meu. O tipo de silêncio que parecia o mundo prendendo a respiração.
Agarrei o corrimão da varanda, respirando fundo, olhando para a lua como se ela me devesse respostas.
Nada. Apenas silêncio.
Uma serva passou depois de alguns minutos, bandeja de prata na mão. Vinho branco. Meus dedos se moveram antes do meu cérebro. "Posso pegar um?"
Ela sorriu, me entregou uma taça e continuou andando.
O primeiro gole era frio e refrescante. Aterrador. Mas não resolveu o jeito que meu coração ainda batia acelerado no peito. Não resolveu o calor ainda se enrolando no meu estômago, me fazendo sentir inquieta e imprudente.
Então a voz dele cortou o silêncio.
"Eu também gostaria de um."
Eu nem precisei me virar. Eu já sabia.
Bradley.
Claro, era o Bradley.
Olhei por cima do ombro, e lá estava ele, parado na penumbra como se fosse dono da maldita noite. Segurando um copo, me observando como se isso fosse inevitável. Como se ele estivesse esperando eu fugir.
Dei uma risada irônica, voltando-me para o jardim, mas meu pulso tinha outras ideias. Continuava batendo rápido demais. Alto demais. Toda vez que Bradley se aproximava, meu sistema começava a tremer.
Por que ele estava sempre aqui?
Por que sua presença parecia um pavio sendo aceso?
Ele deu um passo mais perto. Sem me tocar, mas perto o suficiente para eu sentir seu calor, mesmo com o ar da noite entre nós.
“Pensei que você tivesse ido para casa,” ele disse, a voz suave, preguiçosa. Como se não estivéssemos no meio de algo que não podíamos nomear.
Me obriguei a dar outro gole. Lutando para manter a casualidade. Manter a leveza. “Estava ficando muito cheio lá dentro.”
Ele assentiu lentamente, o olhar percorrendo o jardim como se estivesse memorizando-o. Ou talvez apenas me dando tempo para me contorcer.
O silêncio se estendeu. Grosso. Carregado.
Eu odiava isso.
Odiava como meu estômago se contorcia quando ele estava perto. Odiava a forma como minha pele se arrepiava, esperando, esperando—
Não. Eu não ia fazer isso.
Bradley deu um gole lento no seu vinho. “Alguém me disse,” ele falou como se estivesse escolhendo as palavras cuidadosamente, “que você é um dos pares de Damon. Não achei que ele fosse do tipo... filantrópico.”
Eu quase ri. Filantrópico? Alpha Damon? Certo.
“Ele tem seus lados ruins,” eu disse, mantendo a voz firme. “Mas ele ainda é um alfa.”
“Seu alfa,” Bradley corrigiu, a voz afiada como uma faca deslizando entre as costelas.
Minha mandíbula se apertou. Eu odiava isso. Odiava como as pessoas sempre reduziam a isso. Damon era meu alfa, claro, mas não do jeito que Bradley queria dizer. Não mais.
“Sim,” eu disse, ficando mais ereto. “Mas não no sentido de acasalamento. Ele é o líder da minha matilha. Só isso.”
Bradley murmurou. Um som que significava tudo e nada ao mesmo tempo. Então ele se virou, os olhos travando nos meus.
“Mas também ouvi dizer que você está apaixonado por ele.”
As palavras bateram como um soco no estômago.
Meu aperto no copo de vinho se intensificou.
Amor?
Isso não era o que eu sentia pelo Alpha Damon.
Dever, talvez. Respeito, às vezes. Mas amor? Esse navio já tinha zarpado—e queimado até a linha d'água.
Forcei um sorriso, embora tivesse um gosto amargo. “Não confunda dever com amor, Alpha Bradley. Trabalho sob suas ordens como seu Beta. Eu o admiro—não o amo.”
“Mesmo?” ele perguntou, e havia algo no tom dele que me fez querer jogar meu copo bem na cara dele.
“Mesmo,” eu disse, firme, embora minhas mãos estivessem apertando o caule do copo com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.
Ele soltou um sorriso irônico, divertido. Como se eu estivesse mentindo. Ou como se ele pudesse ver através de mim.
Terminei o resto do meu vinho e me virei para ele. "Você já interagiu diretamente com o Alfa Damon?"
A expressão de Bradley escureceu. "Uma ou duas vezes. Ele é... ambicioso. Obsessivo. Não é dos mais inteligentes." Ele hesitou, como se estivesse escolhendo as palavras. "Temos uma história meio ridícula."
Franzi a testa. O que diabos isso significava?
Antes que eu pudesse perguntar, ele inclinou a cabeça levemente, nossos olhos se encontrando por meio segundo a mais.
Como ímãs se atraindo. E depois se repelindo.
Bradley sorriu, lento e sabendo, e meu rosto esquentou antes que eu pudesse evitar. Maldito seja.
Então eu os vi.
Cinco homens.
Vindo em nossa direção.
Três deles eu conhecia — gammas da minha matilha. Os outros dois? Estranhos. Mas eu conhecia o tipo deles. Não estavam ali para uma conversa amigável.
Um deu um passo à frente. Grande. Rude. "Beta. Você é necessário na casa da matilha. Imediatamente."
Eu não me mexi. Nem pisquei. "Para quê?"
O homem se enrijeceu. "Ordens do Alfa Damon. Ele nos está mantendo sob coação para trazê-lo de volta. Em suas próprias palavras, 'Ele precisa de você.'"
Eu quase ri.
Precisar de mim? Desde quando?
"Vim aqui para representar Westwood," disse friamente. "Voltarei quando o jantar dos Fundadores terminar."
"Não." A palavra caiu como uma porta batendo. "Não podemos sair sem você, Beta. Recebemos ordens."
Dei um passo à frente, olhos se estreitando. "E o que isso supostamente significa? Eu sou o Beta de Westwood. Eu decido quando me encontro com o alfa. Isto não é horário de trabalho."
O maxilar do sentinela se apertou. "Eu discordo. Ele tem tanto direito a você sempre que quiser — e da forma que quiser."
Mal tive tempo de reagir antes que sua mão se fechasse em torno do meu braço.
Forte.
Muito forte.
Algo dentro de mim quebrou.
Tentei me soltar, mas seu aperto era de ferro. Minha respiração falhou. Meu lobo se agitou.
Então Bradley se moveu.
Seu punho encontrou o maxilar do sentinela com um estalo doentio.
O homem cambaleou, me soltando.
E então tudo explodiu.
A matilha de Bradley avançou, colidindo com a minha. Uma briga começou. Presas. Garras. Sangue.
A última coisa que vi antes de me virar e correr foi um dos lobos de Bradley cravando os dentes na garganta de um gamma. A violência era brutal. Implacável.
Eu não olhei para trás. Não podia.
Empurrei-me através da multidão, meu coração batendo forte.
Corri.
A noite me engoliu por completo, e eu não parei até meus pulmões arderem e minhas pernas cederem.
Eu não fazia ideia de para onde estava indo.
Mas sabia de uma coisa.
Eu não voltaria.
