Capítulo 3

Rachel

Cheguei em casa sem saber como consegui colocar um pé na frente do outro. A porta se fechou atrás de mim com um clique agudo, o som ecoando pelo pequeno apartamento que agora parecia mais vazio do que nunca. Joguei a bolsa no chão, sem me importar onde ou como ela caísse, e me deixei desabar no sofá, sentindo o peso do mundo esmagar meu peito. Lágrimas quentes caíram dos meus olhos antes que eu pudesse tentar detê-las. Não fazia diferença; eu estava sozinha, sem ninguém para ver o quão quebrada eu estava.

O sol ainda estava alto lá fora, mas por dentro, tudo parecia envolto em uma névoa escura de desespero. Meus olhos vagaram pelo apartamento, vendo as coisas embaçadas: o vaso de flores secas no canto, as fotos emolduradas da minha mãe, sorrindo em dias melhores, e os papéis espalhados na mesa—contas, formulários do hospital, lembretes constantes de tudo o que eu estava prestes a perder. Cada detalhe parecia zombar de mim, lembrando-me do fracasso que eu havia me tornado.

Levantei-me com esforço, indo até a pequena mesa de centro onde os papéis estavam empilhados de maneira desorganizada. Minhas mãos tremiam enquanto eu tentava organizar a bagunça, mas era inútil. As lágrimas continuavam a cair, e a sensação de impotência só aumentava. Eu sabia que precisava parar, precisava respirar, mas tudo o que eu conseguia fazer era chorar, soluçar em meio a um turbilhão de pensamentos.

"Como vou pagar o hospital agora? Como vou manter minha mãe viva?" As perguntas ecoavam na minha mente, cada uma mais dolorosa que a outra. Eu precisava daquele emprego. Eu precisava do salário, da estabilidade, de qualquer coisa que pudesse me manter de pé enquanto eu lutava por isso. Mas agora... agora, tudo estava desmoronando, e eu não tinha mais chão.

Meus dedos agarraram uma das contas do hospital, e eu a encarei como se fosse uma sentença de morte. Sete mil dólares. Sete mil dólares só para os remédios deste mês. Como se isso fosse possível agora, como se houvesse alguma chance de eu conseguir esse dinheiro a tempo. Mais uma vez, lágrimas encheram meus olhos, e eu rasguei o papel, sentindo a frustração explodir dentro de mim. Rasguei outro, e mais outro, até que todos os papéis estavam em pedaços no chão, como se isso fosse me trazer algum tipo de alívio. Mas não trouxe. Só aumentou o vazio que já crescia dentro de mim.

Sentei no chão, cercada pelos pedaços de papel rasgado, e abracei meus joelhos, sentindo-me mais perdida do que nunca. "O que vou fazer? Como vou sair dessa?" sussurrei para mim mesma, como se as palavras pudessem me trazer alguma resposta. Mas a única resposta que encontrei foi o silêncio. O apartamento, o mundo, parecia estar me abandonando, assim como minha força de vontade.

Deitei a cabeça nos joelhos, deixando as lágrimas fluírem livremente agora. Eu estava exausta, destruída, sem ideia de como seguir em frente. Tudo o que eu sabia era que de alguma forma eu precisava encontrar uma saída. Eu precisava salvar minha mãe. Mas a pergunta que continuava a me assombrar era: até onde eu estaria disposta a ir para fazer isso? E eu seria capaz de viver com as consequências?

Meu telefone tocou, me tirando do torpor em que eu estava. A tela brilhava com o nome de Melissa, minha melhor amiga. Demorei alguns segundos para decidir se atendia ou não, mas no fundo, eu sabia que precisava ouvir a voz dela, precisava de qualquer tipo de apoio naquele momento. Limpei rapidamente as lágrimas e atendi.

"Oi, Mel," minha voz estava baixa e quebrada, e eu sabia que ela perceberia imediatamente.

"Rachel, você está bem?" A preocupação era evidente na voz dela, e isso fez um nó apertar ainda mais na minha garganta. Tentei responder, mas as palavras ficaram presas na minha língua.

"Não... Mel, você pode vir aqui? Eu realmente preciso falar com você." Minha voz estava trêmula, mas consegui forçar as palavras para fora.

"Estou a caminho," ela respondeu sem hesitação. Melissa sempre foi assim, pronta para me ajudar, para estar ao meu lado nos bons e maus momentos. E agora, eu precisava dela mais do que nunca.

Desliguei o telefone e me sentei no sofá novamente, tentando organizar meus pensamentos. Como eu ia contar para Mel que fui demitida? Que a única fonte de renda que eu tinha para manter minha mãe no hospital simplesmente evaporou diante dos meus olhos? Eu me sentia tão envergonhada, tão inútil, mas sabia que precisava contar a ela.

O tempo parecia se arrastar até que finalmente ouvi a batida suave na porta. Abri, e lá estava Mel, com aquela expressão preocupada que me fez querer chorar novamente. Ela entrou e me envolveu em um abraço apertado, sem dizer uma palavra. Aquele simples gesto era tudo o que eu precisava para me sentir um pouco menos sozinha.

"Rachel, o que aconteceu?" ela perguntou gentilmente, me puxando para o sofá.

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