Rita

Rita Anderson entrou com confiança no prédio do escritório, vestida com uma saia cinza sobre uma blusa de chiffon azul claro. Seu cabelo preto como azeviche balançava enquanto ela respondia aos cumprimentos de seus funcionários. Ela era o centro das atenções, um exemplo típico de beleza com inteligência. Não só se destacou na escola, como também foi a melhor aluna entre seus colegas.

Rita era filha de um dos homens mais ricos da Espanha, Lawrence Anderson. Lawrence era o presidente do grupo Anderson, um conglomerado que lidava com mercadorias gerais, e a bela Rita era membro do conselho e também a atual presidente.

Com apenas vinte e seis anos, Lawrence começou seu império com uma pequena renda emprestada por um de seus associados comerciais. Gradualmente, ele cresceu e se tornou uma força a ser reconhecida no mundo dos negócios. Ele era o governante de um império maior e mais poderoso do que a maioria dos países.

Ele não tinha título ou posição oficial, mas era simplesmente conhecido como um magnata dos negócios. Ele era um dos dez homens mais ricos do mundo e seu status era lendário. Ele também podia se gabar de muitos ativos que adquiriu ao longo dos anos, incluindo uma grande frota de navios de carga, uma companhia aérea, minas de ouro e agências de jornais.

Seus tentáculos estavam em toda parte, inextricavelmente entrelaçados no tecido econômico de dezenas de países. O nome Anderson era reconhecido por todos, um nome com o qual todos queriam se associar, e foi nessa família que a bela Rita nasceu.

"Bom dia, senhora", sua recepcionista sorriu, fazendo uma pequena reverência.

Rita lhe deu um sorriso deslumbrante. Ela não era do tipo que franzia a testa ou reclamava com seus trabalhadores como a maioria de seus associados fazia. Ela tinha um coração bom. Seu motorista, Rodrigo Campbell, estava diligentemente atrás dela, segurando suas bolsas.

"Bom dia, Yasmin, como você está?", disse ela, assinando o ponto.

Yasmin era uma loira bonita de estatura média, olhos puxados e um dente separado. Ela trabalhava para a corporação Anderson há dois anos e gostava muito do trabalho. Enquanto Rita assinava o registro que era obrigatório para todos os trabalhadores, ela acenou um pouco para Rodrigo, que piscou para ela.

"Ok, estarei no meu escritório caso precise de algo", disse Rita.

"Sim, senhora", respondeu Yasmin.

Rita acenou com a cabeça, dirigindo-se ao seu escritório. Ela entrou no elevador que a levou diretamente ao último andar, onde todos os executivos da organização tinham seus escritórios. Ao chegar ao saguão que levava ao seu escritório, encontrou um rosto que desesperadamente não queria ver.

Edmundo Brabra, filho do Presidente do Senado, seu suposto noivo. Rita suspirou enquanto caminhava mais devagar e podia perceber que Rodrigo sentiu essa mudança de humor.

"Você vai ficar bem com ele?", perguntou ele.

Rita adorava isso nele, além de seu rosto bonito que era de tirar o fôlego, ela amava sua sensibilidade para questões como essa. Há algum tempo, ela vinha observando-o de perto, um pouco demais, e se perguntava se ele sequer notava.

"Vou ficar bem, obrigada. Apenas deixe as bolsas, eu cuido do resto", suspirou.

Rodrigo hesitou um pouco antes de fazer o que lhe foi pedido. Ele saiu logo e Rita ficou sozinha com o homem que ela não gostava.

"Edmundo, que prazer vê-lo", disse ela, forçando um sorriso falso.

Edmundo era um homem alto, com cabelos castanhos cortados de forma a realçar seu rosto musculoso. Embora fosse bonito, ele era um homem pomposo, arrogante e egocêntrico, que trocava de namorada como trocava de terno. Rita sabia tudo sobre suas escapadas com diferentes garotas e algumas das histórias por trás disso. Ela estremecia ao pensar no que aquelas garotas tinham passado em suas mãos.

"É sempre um prazer vê-la, Rita", disse ele, beijando suas mãos.

Rita tentou ao máximo não se encolher, mas mal conseguia esconder a expressão de desgosto em seu rosto. Ela o conduziu ao seu escritório, muito a contragosto, mas naquele momento não havia nada que pudesse fazer. Não queria parecer rude, pois isso não falaria bem dela e de sua família.

"Então, como vão os negócios?", perguntou ela, uma vez que se acomodaram.

"Bem. Meu pai está gradualmente me passando alguns de seus negócios, já que está quase na idade de se aposentar", ele disse.

"Entendo", disse Rita.

Rita não conseguia imaginar como seria administrar os negócios do Senador. Embora odiasse a arrogância de Edmundo, tinha que admitir que ele era um excelente homem de negócios, um dos melhores.

"Há um jantar com alguns expatriados amanhã à noite na Mansão, eu adoraria levá-la comigo", ele sorriu.

Rita não pôde deixar de pensar naquele sorriso como o de um tubarão. Era só dentes, sem calor. Às vezes, ela se perguntava o que as mulheres viam nele. Sim, ele era bonito, mas ela tinha a sensação de que ele não tinha alegria em si.

"Acho que vou recusar essa oferta. Veja, tenho muitas coisas para fazer e não tenho certeza se poderei comparecer. Sinto muito", disse ela, educadamente.

"Ah, vamos lá, Rita, amanhã é fim de semana. Com certeza você pode arranjar um tempinho", ele insistiu.

Rita estava em uma encruzilhada agora. Não sabia o que fazer. É verdade que estava livre, mas simplesmente não queria sair com ele.

"Está bem, tudo bem", disse finalmente.

"Ótimo. Passo para te pegar às 18h. Está bom?", ele disse.

"Claro", disse ela, distraída.

Edmundo se levantou, dando-lhe um leve beijo na bochecha. Ela ficou horrorizada, mas permaneceu imóvel; não havia motivo para ser rude, já que ele estava prestes a sair. Isso só prolongaria sua estadia se ele se ofendesse.

"Tchau, meu amor. Mal posso esperar até nos casarmos", disse ele, saindo do escritório.

Ela suspirou, olhando pela janela enquanto torcia o anel de noivado distraidamente. O anel foi dado a ela por Edmundo algumas semanas atrás, e a única vez que o usava era quando tinha certeza de que o veria.

Rita afastou o sentimento sombrio, voltando ao trabalho. Era o último dia de trabalho da semana e ela não queria desperdiçá-lo pensando em alguém tão insignificante quanto Edmundo.

"Senhora, você tem uma visita", disse Yasmin, pelo interfone.

"Quem?".

"Senhorita Theresa", respondeu prontamente.

Theresa era a amiga mais próxima de Rita desde o ensino médio. Ela era filha de um membro do Senado. Theresa era a única pessoa em quem Rita podia contar para sempre dizer a verdade. Ela era alguém em quem confiava, uma verdadeira amiga.

"Claro, mande-a entrar", disse Rita.

"Imediatamente, senhora".

Rita sorriu, pelo menos havia uma pessoa que poderia tornar seu dia menos sombrio mais brilhante, e essa pessoa era Theresa. Ela mal podia esperar para contar a ela sobre a visita de Edmundo, sabia que ririam disso. Theresa não gostava de Edmundo. Segundo ela, ele era um bastardo egocêntrico que não se importava com ninguém além de si mesmo.

Rita estava feliz em saber que não era a única que não gostava dele. Isso a fazia se sentir melhor.

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