Mostra

"Querida, é você?", disse a Sra. Anderson.

"Oi mãe, sou eu", respondeu Rita enquanto entrava na sala de estar.

Sua mãe estava assistindo a reprise de seu programa de filmes favorito, um que nunca parecia envelhecer para ela.

"Oi, querida, como foi seu dia?", ela sorriu.

"Bem, mãe, estou feliz que acabou por hoje. Edmundo veio e depois a Theresa chegou bem mais tarde", disse Rita, jogando-se no grande sofá.

A sala de estar era adornada com um lustre brilhante que ficava no meio. Os azulejos no chão eram pretos, mas brilhavam quando os poderosos raios do lustre incidiam sobre eles. Esta era a Mansão dos Anderson, um edifício com tantas facilidades e equipamentos que era difícil valorizar a casa.

"Ah, como está a Theresa? Vi a mãe dela ontem na arrecadação de fundos", disse May Anderson.

O nome de sua mãe era um que elas costumavam falar com frequência. De fato, ela nasceu no mês de maio, mas além disso, seus pais acharam sábio dar-lhe esse nome por causa de quão clara e bonita ela era quando criança.

Rita herdou o cabelo preto como azeviche de sua mãe, mas agora, com o envelhecimento, tinha alguns tons de cinza que a tornavam ainda mais bonita. Seus olhos esverdeados brilhavam sempre que ela estava feliz e ficavam opacos quando ela ficava triste ou irritada.

"Ela está bem. Edmundo me convidou para um jantar com alguns expatriados na mansão dele amanhã", disse Rita.

"Ah, que ótimo. Isso fortaleceria seu relacionamento com ele. Isso é realmente maravilhoso, querida", sua mãe sorriu.

"Mãe, desculpe estourar a bolha sua e do papai, mas eu não acho que vou me casar com o Edmundo", ela disse.

Por vários minutos, sua mãe permaneceu em silêncio, olhando para sua filha como se ela tivesse criado uma segunda cabeça.

"Mas querida, você sabe por que estamos fazendo isso. Para futuras colaborações e oportunidades, qualquer um associado ao Senador Brabra já está feito".

"Mãe, nós já não estamos feitos? Podemos nos gabar de tantos investimentos pelo mundo. Pelo amor de Deus, mãe, eu sou a presidente do grupo Anderson. Eu realmente não sei o que você e o papai querem mais", Rita disse, levantando-se.

"Você vai se casar com o Edmundo e com mais ninguém. Não há nada que você possa fazer sobre isso", disse sua mãe.

"Vejo que você quer jogar esse jogo, mãe, mas aposte comigo, eu sairei vitoriosa. Eu nunca vou me casar com o Edmundo e isso é final", disse Rita, saindo.

"Você ousa sair de perto de mim, Rita. Eu não te criei assim, volte aqui", gritou May.

Rita ignorou os chamados de sua mãe enquanto saía do prédio. Seu motorista, Rodrigo, já estava a postos. Ele abriu a porta para ela entrar e rapidamente entrou no veículo, pronto para partir.

"Para o lugar privado", disse Rita, calmamente.

"Sim, senhora", ele disse, dirigindo.

Lágrimas escorriam pelo rosto dela durante a viagem para o único lugar onde seus pais não a encontrariam. Ela comprou a casa secretamente quando tinha apenas vinte anos e desde então, tem sido seu refúgio, um lugar tranquilo onde ela podia pensar e relaxar. Ela não empregou mordomo ou empregada por medo de que eles revelassem a localização do prédio para seus pais.

A única pessoa que sabia sobre o prédio era Rodrigo. Nem mesmo sua melhor amiga, Theresa, sabia sobre ele. Rita queria manter isso em segredo e assim foi por mais de seis anos.

Rodrigo dirigiu lentamente pelos portões sinuosos, estacionando o carro em frente às portas duplas. Rita saiu do carro, entrando no prédio. Ela decidiu ficar ali pelo fim de semana, iria faltar ao jantar, deixar seus pais e todos os outros de lado por este fim de semana. Ela só queria ficar sozinha.

"Há mais alguma coisa que eu possa fazer, senhora?", perguntou Rodrigo, educadamente.

Rita o encarou por alguns minutos, maravilhada com sua beleza. Ela corou quando ele lhe deu um pequeno sorriso. Nos últimos dias, ela não conseguia entender os sentimentos que desenvolveu por ele. Embora ele fosse apenas um motorista, Rita tinha a sensação de que ele era muito mais do que isso. Ele tinha um ar de confiança e bravura ao seu redor. Ele era tudo o que ela precisava em um homem. Sua mãe preferiria morrer a vê-la se casar com um motorista comum.

"Não... Na verdade, não. Obrigada, você pode ir. Eu te chamo se precisar de algo", disse Rita, tristemente.

Rodrigo lhe deu um olhar curioso. Ele sabia que algo estava acontecendo, tinha vontade de perguntar se podia ficar, mas ela já havia dado suas ordens de que queria ficar sozinha. Ele também tinha algo a fazer, o que foi um dos principais motivos que o impediram de expressar seus sentimentos.

Ele precisava cuidar de sua mãe doente e era o único em quem ela dependia. Não podia deixá-la sozinha, mas prometeu voltar assim que certificasse que ela estaria bem.

"Está bem, senhora, eu vou embora agora. Por favor, me chame assim que precisar de algo", ele disse.

Rita assentiu enquanto o observava se afastar. Ela estava prestes a chamá-lo de volta, mas se conteve. Pensou que ele provavelmente tinha uma família, uma esposa e filhos que estariam esperando por ele. Embora não tivesse notado nenhum anel em seu dedo, sabia que muitos homens não gostavam de usar anel, especialmente quando estavam trabalhando.

Ela suspirou novamente enquanto entrava no prédio. Subiu as escadas, direto para seu quarto. Não estava com vontade de comer nada. Todo o seu apetite havia desaparecido no momento em que discutiu com sua mãe. Decidiu se contentar com uma xícara de café, já que seu estômago começou a protestar.

Mais tarde, enquanto se preparava para dormir, em um momento ousado, imaginou o que aconteceria se apresentasse Rodrigo como o homem que queria casar. Sem dúvida, seus pais teriam um ataque cardíaco e ela seria expulsa do conselho mais rápido do que poderia dizer seu nome. Aparentemente, o nome e a reputação deles eram muito mais importantes para eles do que sua felicidade. Ela chorou silenciosamente, desejando poder fugir, fugir de tudo e de todos ao seu redor, mas não podia porque tinha um dever para com seus pais. Ela era a herdeira da fortuna dos Anderson e tudo o que fazia seria observado.

Quando a primeira gota de chuva atingiu o telhado, suas lágrimas também caíram. Elas vieram em torrentes, rápidas demais para ela parar. Ela dormiu inquieta naquela noite, desejando que, quando acordasse, tivesse uma resposta para seu dilema.


Na manhã seguinte, ela foi rudemente acordada por uma batida alta na porta da frente. Ela amarrou seu robe com firmeza enquanto descia as escadas para ver quem era. Não estava esperando ninguém, apenas Rodrigo, mas ele poderia ter ligado antes de vir. Como medida de precaução, pegou uma faca de cozinha enquanto se dirigia lentamente para a porta.

Ao chegar lá, olhou pelo olho mágico e descobriu que era Rodrigo carregando um grande pacote. Ela sorriu, abrindo a porta para deixá-lo entrar.

"Uau, bom dia, senhora. Vejo que estava preparada para qualquer eventualidade", ele disse ao ver a faca.

"Desculpe, eu só não tinha certeza de quem estava na porta. Por favor, entre", ela disse.

Rodrigo riu, colocando o pacote em uma mesa próxima. Rita descobriu que continha vários alimentos e ficou secretamente feliz com sua consideração, pois naquele momento, estava faminta.

"Obrigada por tudo isso, você realmente não precisava se incomodar", ela riu.

"Não é nada, senhora", ele disse, olhando para ela.

Rita desviou o olhar enquanto suas bochechas assumiam uma cor rosada. Ela tinha a sensação de que hoje seria um dia interessante.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo
Capítulo AnteriorPróximo Capítulo