Capítulo Cinco
Kate ficou encantada quando Megan sentou ao lado dela para olhar as fotos.
Megan perguntou, "Quantos anos ela tinha?"
Kate respondeu, "Ela tinha trinta e oito anos, seu nome era Linda Miles e o nome do marido dela é Richard."
Megan parecia hipnotizada pelas fotos e Kate observava sua filha passar os dedos sobre as feridas no pescoço.
Kate olhou para a filha e perguntou, "Você está bem? Tem alguma pergunta sobre o que aconteceu com ela?"
Megan perguntou, "Você acha que vai resolver? Parece tão cruel. Quem chamou a polícia?"
Kate disse, "Para começar, foi cruel e eu vou fazer o meu melhor para resolver este caso. O corpo dela foi jogado no beco e algumas pessoas que passavam encontraram e ligaram para a polícia. Por que você está de repente interessada em um dos meus casos?"
Megan respondeu, "Eu vi na televisão quando mostraram a foto dela e perguntaram se alguém a conhecia. Eu não sabia que era seu caso até ver as fotos no criado-mudo. Eu a reconheci."
Kate não se iludia. Ela sabia que essa interação não significava que havia qualquer tipo de trégua entre ela e sua filha adolescente. Ela ficou feliz em ver sua filha mostrando alguns sinais de empatia, algo que não via há algum tempo. A conversa terminou tão abruptamente quanto começou e Megan disse à mãe que estava indo para a cama e se virou para voltar para o quarto.
Kate sabia que era apenas uma desculpa para voltar a conversar com seus amigos da escola. Kate voltou a revisar suas anotações, as evidências e as fotos da cena. Não era a cena do crime, mas sim a cena da descoberta. Ela não estava convencida de que haveria muito para ver na cena do crime também, já que foi um estrangulamento e não haveria nenhuma evidência de sangue.
Kate passaria os próximos dias verificando o álibi de Richard Miles e talvez perguntando à irmã da vítima se ela conhecia alguém que dirigisse um SUV. Ela não sabia há quanto tempo estava dormindo no sofá quando sentiu as mãos a sacudindo. Seus olhos ainda não estavam focados quando viu os olhos olhando de volta para ela.
Megan estava perguntando, "Você está bem? Você precisa ir para a cama."
Kate olhou para o relógio na sua caixa de TV a cabo e ele brilhava duas e quarenta e cinco da manhã. Kate disse, "Devo ter cochilado."
Megan respondeu, "Parece que sim."
Kate juntou seus papéis, anotações e fotos e os colocou de volta na pasta, levando-a para o quarto. Dormir no sofá não ajudou em nada a dor no pescoço. Ela ficou surpresa com a aparente preocupação da filha.
Parecia que ela tinha acabado de fechar os olhos quando o alarme começou a tocar em seu ouvido. Ela havia programado o alarme cedo para ganhar vantagem sobre Megan e sua constante batalha pelo controle da água quente. O chuveiro estava uma delícia, a água escorrendo sobre sua pele. Ela não perdeu tempo se secando e indo direto para a cafeteira. Pelo menos não foi chamada para fora. Se alguém fosse morto, o departamento decidia esperar até de manhã. Seria mais uma manhã sem corrida, ela estava muito cansada e sem forças.
Ela não precisava mais levar Megan para a escola. Graças ao pai, Megan tinha seu próprio carro. Não era novo, e Kate insistiu em um grande SUV. Ela conhecia as estatísticas sobre os carros compactos. Os compactos eram a escolha usual dos motoristas adolescentes e a taxa de sobrevivência em acidentes não era boa. Kate concordou com o grande Chevy Blazer. Kate não podia deixar de pensar no fato de que era muito parecido com o veículo que teria sido usado para transportar o corpo de Linda Miles.
Kate fez sanduíches de café da manhã, um dos quais Megan pegou ao sair pela porta. Kate terminou seu café da manhã e então se vestiu. Seu coldre de ombro e a Glock completaram seus acessórios. No início, Kate usava uma jaqueta para esconder a arma, mas depois de um tempo ela percebeu que era policial e não havia motivo para mantê-la escondida. Quando estava em público, Kate usava seu distintivo no cinto das calças ou saia. Era o mesmo lugar onde a maioria dos detetives homens usava o distintivo. Caso precisassem se identificar como policiais, queriam o distintivo visível.
A única exceção à regra do distintivo eram os policiais disfarçados. Todos os outros não queriam ser alvejados por outro policial. Todos usavam seus distintivos em um local padrão para que todos pudessem vê-lo facilmente em outro oficial. Com um copo de viagem cheio de café, Kate saiu rapidamente pela porta.
O carro de Sean estava estacionado ao lado do lugar onde ela sempre estacionava, e Kate podia ver que ele ainda estava no banco do motorista. Parecia estar ao telefone, recebendo as últimas instruções de sua esposa, sem dúvida. Kate sabia o tipo de inferno em que ele estava, mas sabia que ele descobriria uma maneira de lidar com isso.
Kate acenou para Sean enquanto caminhava pela calçada em direção à entrada lateral por onde os oficiais entravam. A entrada da frente era para o público. Kate passou a maior parte do dia verificando os recibos que Richard Miles havia entregue a ela. Ela conversou com os gerentes dos estabelecimentos para ver se os recibos eram válidos e também para verificar se havia alguma filmagem de segurança daquela data.
Sean veio ver se havia algum progresso e Kate perguntou: "Quando você vai a algum lugar de férias, as pessoas que trabalham nos lugares que você visita lembram de você dias depois?"
Sean respondeu: "Duvido, geralmente não lembram de mim nem enquanto ainda estou lá."
Kate disse: "Exatamente, essas pessoas lembraram do Richard e falam sobre como ele era incrível, extrovertido e amigável."
Sean disse: "Provavelmente ele dava boas gorjetas. Se alguém me desse centenas por entregar uma toalha, eu também lembraria dele."
Kate respondeu: "Pode apostar que ele dava boas gorjetas, isso sempre te torna memorável. Talvez devêssemos verificar se ele também dava boas gorjetas por aqui."
Sean disse: "Ah, você quer dizer para ver se ele dava boas gorjetas lá para ser lembrado como um álibi."
Kate respondeu: "Exatamente. Agora você está pegando o jeito. Os recibos conferem, alguém com o nome de Richard Miles estava em Vegas quando a Linda foi assassinada. O aeroporto e o hotel verificaram a confirmação da identificação."
Sean perguntou: "Há alguma maneira de ele ter fretado um avião particular para voar de volta, cometer o assassinato e depois voltar?"
Kate respondeu: "Claro que poderia, mas testemunhas dizem que ele estava lá na hora em que o crime teria ocorrido. Os hotéis e um serviço de limusine têm vídeos de segurança que estão carregando para nosso servidor na nuvem. Depois que tivermos esses vídeos, saberemos se estamos investigando ele por assassinato ou por conspiração de assassinato sob encomenda."
Sean respondeu: "Os vídeos nos dirão se ele estava fisicamente lá ou não. O que fazemos por enquanto?"
Kate respondeu: "Vamos conversar com a irmã, Vicky."
Sean ligou para a irmã de Linda e marcou a visita. Eles concordaram em ir até ela, o que a deixaria mais confortável, esperando que se sentisse à vontade para falar abertamente. Também seria uma oportunidade de olhar ao redor para ver se algo chamava a atenção. Foi uma viagem curta até a casa de Vicky, cerca de vinte minutos com bom trânsito.
Eles tocaram a campainha e Vicky atendeu em segundos. Ela reconheceu Kate e Sean e os convidou para entrar. Vicky os levou para uma sala de estar próxima à entrada. Depois que se sentaram, Vicky perguntou se poderiam tomar um café ou chá, o que ambos recusaram.
Kate começou as perguntas com uma simples: "Você conhece alguém que gostaria de ver sua irmã morta?"
Vicky respondeu com a resposta usual: "Não consigo pensar em ninguém que faria uma coisa dessas. Todos amavam a Linda."
Sean respondeu, "Aparentemente, nem todos."
Kate lhe deu um olhar que dizia para ele se acalmar. Ela queria deixar Vicky à vontade e ganhar sua confiança. Kate continuou, "Você conhece alguém que pode ter conhecido Linda e que dirigia um SUV da General Motors, provavelmente um Chevy ou GMC?"
Vicky respondeu, "Desde que Linda se casou com Richard, ela se acostumou a ter dinheiro. Todos os amigos dela que eu conheço dirigem carros caros, e muitos deles com motorista."
Kate perguntou, "Falando de Richard, o que você pode me dizer sobre o casamento deles? Eles pareciam felizes? Havia algum problema que você soubesse?"
Vicky respondeu devagar, mas deliberadamente, "Todas as vezes que estive perto deles, nunca vi nada que indicasse problemas. Eles tinham discussões ocasionais, como a maioria dos casais, mas nunca passava disso. A única reclamação que ouvi de Linda foi que Richard trabalhava o tempo todo e ela se sentia sozinha."
Kate perguntou, "Você acha que Linda chegou a procurar alguém para preencher esse vazio?"
Vicky respondeu, "Não vi nenhuma evidência disso."
Kate perguntou, "Parece que Richard raramente estava em casa, eles costumavam sair juntos?"
Vicky respondeu, "Ah, sim, muitas vezes, e Linda dizia que esses eram os melhores momentos deles. Quando viajavam juntos, Richard deixava o telefone em casa."
Kate perguntou, "Para onde eles iam?"
Vicky respondeu, "Eles têm uma casa perto do Rio Charles. Fica bem afastada da cidade, em um local bastante isolado, o que me lembra que Richard tem um SUV. Ele o mantém nessa casa de campo para viajar pelas estradas de terra próximas."
Kate fez uma anotação sobre o SUV. Esse fato poderia ser um desenvolvimento promissor. Kate se levantou, juntou suas anotações, agradeceu Vicky pela ajuda e apertou sua mão antes de sair, seguida por Sean.
Quando voltaram para o carro, Sean perguntou, "Você acha que foi uma revelação interessante sobre Richard?"
Kate respondeu, "Anotei isso, e vale a pena investigar."
Sean perguntou, "Você acha que podemos conseguir um mandado para revistar esse SUV?"
Kate sorriu, mas depois disse, "Não! O juiz vai dizer que há cerca de trinta mil pessoas só nesta cidade que dirigem um SUV. Não há evidências que sugiram que é mais do que uma coincidência."
Eles ficaram em silêncio no caminho de volta para a delegacia, ambos perdidos em pensamentos sobre a entrevista e o que, se é que, aprenderam com ela.
