Capítulo 2: Você está sempre atrasado?
POV de Lila
"Nada, eu só... não sabia que o dono realmente aparecia por aqui," consegui dizer, minha voz soando tensa até mesmo para meus próprios ouvidos. Eu podia sentir os olhos de Ava em mim, curiosa sobre meu súbito desconforto.
Ava deu de ombros. "Não muito, mas quando ele vem, geralmente é com os filhos. Todos eles são lindos de morrer, especialmente o mais novo, Ethan." Ela mexeu as sobrancelhas sugestivamente, com um brilho brincalhão nos olhos.
"Pacote completo—rosto lindo, corpo sarado e herdeiro de bilhões. Infelizmente, ouvi dizer que ele está noivo de alguma princesa da sociedade." Enquanto Ava falava, soltou um suspiro, uma mistura de admiração e um toque de inveja. Eu podia ver o olhar sonhador em seus olhos enquanto ela fantasiava sobre o encanto da poderosa e rica família Pacheco.
Senti o sangue esvair do meu rosto. "Ex-noiva", corrigi silenciosamente. A dor do nosso noivado rompido, o sofrimento que se seguiu, e a traição que senti quando ele seguiu em frente tão rapidamente, doíam como uma ferida aberta.
E agora, o pensamento dessa "princesa da sociedade" desfilando no vestiário da boate da família dele, um lugar que já tinha tantas memórias para mim, era quase demais para suportar.
"Todos eles... todos vão vir hoje à noite?" perguntei, tentando manter a voz casual enquanto aplicava uma última camada de batom. Minhas mãos tremiam ligeiramente, e eu tive que respirar fundo para me acalmar. Encarei meu reflexo no pequeno espelho, tentando me recompor e esconder a turbulência interna.
"Provavelmente. O clã Pacheco geralmente está junto para grandes reuniões de negócios." Ava inclinou a cabeça, me estudando mais de perto. "Sério, o que há de errado? Você parece que vai desmaiar."
Ela estendeu a mão e colocou-a no meu braço, seu toque quente e preocupado. Agradeci o gesto, mas não consegui me forçar a contar a verdade sobre meu passado com Ethan. Forcei um sorriso fraco e disse, "Só um pouco cansada, só isso."
Antes que eu pudesse formular uma resposta, a cabeça de Ellie apareceu na porta. A pequena mulher asiática tinha os olhos escuros arregalados de urgência. Seu rosto estava pálido, e sua expressão era de puro pânico.
"Estamos todos esperando por vocês duas!" Ellie sibilou. "O Sr. Pacheco quer todas as garotas no escritório dele antes que os VIPs cheguem." Sua voz estava cheia de urgência, e eu podia perceber que isso era algo sério.
Ava revirou os olhos. "Estamos indo, estamos indo. Não precisa ficar tão nervosa." Mas por trás de sua falsa irritação, eu podia sentir seu próprio desconforto. Nós duas sabíamos que ser convocada ao escritório do Sr. Pacheco não era um bom sinal.
Ellie não sorriu. "Não é o Sr. Henry que está esperando por nós. É o Luke."
O nome não significava nada para mim, mas a súbita tensão de Ava me disse tudo o que eu precisava saber. Eu podia sentir o medo irradiando dela, e isso me provocou um arrepio na espinha. Eu não fazia ideia de quem era esse Luke, mas a maneira como Ava reagiu me fez perceber que ele era alguém a ser temido.
A linguagem corporal de Ava falava por si só, e eu podia ver a tensão em seus ombros.
"Merda," Ava murmurou, agarrando meu braço. "Precisamos nos mover. Agora." Ela puxou meu braço, e eu tropecei atrás dela, minha mente correndo com perguntas e medos.
"Quem é Luke?" perguntei enquanto Ava praticamente me arrastava em direção à porta. Minha voz estava cheia de ansiedade, e eu podia sentir minhas palmas começando a suar.
"O filho do meio do Henry," explicou Ellie enquanto corríamos pelo corredor mal iluminado em direção aos escritórios administrativos.
"O playboy. Um total canalha, mas perigoso de se enfrentar. Ele demitiu duas garotas no mês passado por chegarem cinco minutos atrasadas para a 'inspeção' dele." Enquanto falava, Ellie olhava nervosamente por cima do ombro, como se tivesse medo de que Luke aparecesse a qualquer momento.
Inspeção? perguntei com os lábios para Ava, que apenas balançou a cabeça em sinal de aviso.
"Já vamos!" chamei para Ellie, que tinha acelerado o passo à nossa frente. Minha voz ecoou no corredor vazio, soando oca e fraca.
Ava abaixou a voz. "Escuta, mantenha a cabeça baixa, não faça contato visual a menos que ele fale diretamente com você, e pelo amor de Deus, não responda. Não importa o que ele diga." Sua voz estava cheia de urgência, e eu podia perceber que ela estava genuinamente preocupada comigo.
O aviso me deu um calafrio na espinha. Eu queria me virar, pegar minhas coisas e correr—mas para onde eu iria? Eu precisava desse emprego. Eu precisava do dinheiro. Especialmente agora.
Minha situação financeira era precária, e eu não podia me dar ao luxo de perder essa fonte de renda.
Quando chegamos ao amplo escritório de Henry Pacheco, meu coração estava batendo tão forte que eu podia senti-lo na garganta. Seis outras dançarinas já estavam alinhadas em frente à enorme mesa de mogno, mas não era Henry que estava sentado atrás dela.
Luke Pacheco estava esparramado na cadeira do pai, com os pés apoiados na madeira polida. Ele era bonito de uma maneira predatória—traços afiados, cabelo escuro perfeitamente estilizado, e olhos que avaliavam cada mulher como mercadoria.
Havia algo no jeito que ele mantinha o maxilar que parecia familiar. Seus olhos eram frios e calculistas, e eu podia sentir seu olhar perfurando através de mim.
Seu olhar se fixou em mim e em Ava quando entramos, um sorriso lento se espalhando em seu rosto. Sem dizer uma palavra, ele se levantou e caminhou ao redor da mesa, seus movimentos deliberados enquanto se aproximava de nós.
Ele parou diretamente na minha frente, perto o suficiente para que eu pudesse sentir seu perfume caro. O cheiro era avassalador, e isso me fez sentir um pouco enjoada.
"Você sempre chega atrasada assim?" ele perguntou, sua voz enganosamente suave. Seu tom era calmo, mas eu podia sentir a ameaça subjacente em suas palavras.
"D-d-desculpe, nós estávamos apenas—" As palavras ficaram presas na minha garganta. Eu me sentia como um coelho preso em uma armadilha, incapaz de me mover ou falar.
"Olhe para mim quando estiver falando." Seu dedo inclinou meu queixo para cima, me forçando a encontrar seu olhar. Seus olhos percorreram meu corpo, demorando-se nas curvas mal contidas pelo meu traje.
Então ele se inclinou perto demais, seu hálito quente contra meu ouvido. "Interessante. Muito interessante." Senti uma sensação de repulsa com sua proximidade, e lutei contra o impulso de empurrá-lo.
