Capítulo 11

A chuva tamborilava contra as janelas do chão ao teto, a percussão da natureza acompanhando o silêncio tenso que havia caído sobre a sala.

Henry saiu do quarto de William como um homem possuído, sua habitual compostura de Wall Street despedaçada enquanto ele corria atrás da forma recuante de Isabella. Eu o observei desaparecer pela porta da frente, sem nem parar para pegar um guarda-chuva, sua desesperação para alcançá-la superando até mesmo a etiqueta arraigada da família Harding.

Observando-o escolher Isabella mais uma vez, entendi que a profundidade do amor de Henry por Isabella era igualada apenas pela profundidade de seu desprezo por mim.

Caminhei até a mesa de jantar, meus saltos batendo contra o chão de mármore em um ritmo que parecia zombar do caos da noite. Afundando na minha cadeira habitual, um vazio se espalhou do meu estômago ao meu coração enquanto eu levantava mecanicamente meu garfo de prata até a boca. A requintada culinária francesa havia perdido todo o sabor, cada mordida como cinzas na minha língua. Ao meu redor, os empregados se moviam com silêncio treinado, seus olhos cuidadosamente desviados do drama que se desenrolava.

"Você é um ninguém inútil!" A voz de Catherine quebrou a calma artificial, sua fachada aristocrática desmoronando enquanto ela segurava um prato de porcelana com as mãos brancas de raiva. "Como ousa arruinar nosso jantar de família! Você é completamente incivilizada?"

Encarei seu olhar firmemente, "Sim, sou incivilizada. Assim como todos os 'ninguéns' que você despreza."

"Catherine!" Richard interveio, agarrando o braço de Catherine enquanto ela levantava o prato ameaçadoramente. "Controle-se. Sophia é um membro desta família!"

Ele praticamente arrastou Catherine para fora da sala de jantar, me deixando sozinha. O ar parecia denso, quase sólido, como se a própria atmosfera tivesse se cristalizado ao meu redor. Continuei comendo em silêncio, cada mordida mecânica um pequeno ato de desafio. 'Tenho que comer para ter forças para ficar de coração partido', pensei sombriamente.

Depois de um tempo, as portas da sala de jantar se abriram novamente, e Henry entrou, sua camisa escura pontilhada de gotas de chuva cristalinas, seu cabelo geralmente perfeito umedecido pela chuva. Sem uma palavra, ele agarrou meu pulso, me puxando rudemente da cadeira.

Mal registrei a jornada escada acima antes que ele me jogasse na nossa cama, sua alta figura lançando uma sombra escura sobre meu rosto. Seus dedos frios encontraram minha garganta, não apertando exatamente, mas carregando uma ameaça inconfundível.

"Você tinha que antagonizar Isabella, não tinha?" Sua voz era baixa, perigosa. "Ela vem para um simples jantar, e você transforma isso em completo caos?"

Olhei para o teto, meus olhos vazios de decepção. Quando você realmente desgosta de alguém, percebi, até a respiração deles parece errada para você. "Se me matar vingaria sua preciosa Isabella, então faça isso rapidamente."

Algo brilhou nos olhos de Henry, uma emoção que não consegui nomear. Como ervas daninhas enraizando em solo fértil, um emaranhado complexo de sentimentos parecia crescer por trás de sua fachada cuidadosamente mantida.

"Estou tão cansada," sussurrei, meu corpo e alma exaustos além da medida. "A morte seria um alívio neste ponto."

Os dedos de Henry apertaram levemente minha garganta. "O que você está dizendo?"

"Estou implorando pelo divórcio," minha voz falhou. "O que mais você quer de mim? Já disse que não quero nada, apenas Billy. Por que você não pode me deixar ir?"

A chuva lá fora ficou mais forte, seu ritmo combinando com a batida do meu coração. O peso de Henry na cama mudou, mas sua mão permaneceu na minha garganta, um lembrete constante do poder que ele tinha sobre mim.

"Você acha que eu vou simplesmente deixar você ir embora?" A voz dele tinha um tom que eu nunca tinha ouvido antes. "Você acha que pode simplesmente decidir acabar com esse casamento?"

"Por que não?" Encarei-o, sem mais medo. "Você deixou claro em quem confia, quem ama. 'Eu confio nela', lembra? Essas palavras que você disse para a Isabella, você já disse isso para mim alguma vez?"

Seu aperto se intensificou momentaneamente, depois relaxou. "Você não entende nada."

"Eu entendo tudo!" sussurrei. "Eu entendo que você a ama tanto que isso te cega. Eu entendo que você odeia tanto ser casado comigo que isso te torna cruel!"

A chuva continuava a bater implacavelmente contra as janelas, preenchendo o silêncio entre nós. O corpo de Henry estava tenso acima de mim, sua respiração ligeiramente irregular. Pela primeira vez em nosso casamento, vi incerteza em seus olhos.

"Billy precisa do pai," disse suavemente. "Mas ele não precisa ver o pai desprezando a mãe. Deixe-me ir, Henry. Deixe-me levar Billy para um lugar distante, onde não lembraremos você das suas obrigações. Você pode ficar com Isabella abertamente então."

"Cale a boca!" ele rosnou.

"Por quê? Porque estou falando a verdade?" Senti lágrimas escorrendo pelas minhas têmporas até o cabelo. "Você confia na Isabella? Tudo bem. Mas eu confiei em você uma vez também, Henry. Naquela noite, há cinco anos, eu confiei em você. E olha onde isso me levou!"

Os dedos de Henry finalmente deixaram minha garganta, mas ele não se afastou.

"Você não pode ficar com Billy," ele disse finalmente, a voz dura.

"Ele é meu filho!" protestei.

"Ele é meu herdeiro."

Ao ouvir suas palavras, ri. "Claro. O herdeiro dos Harding. Isso é tudo que importa, não é? Não a felicidade dele, não o bem-estar emocional. Apenas o nome da família."

O peso de Henry de repente se levantou da cama. Ele ficou olhando para mim, sua expressão ilegível na luz fraca. "Essa discussão acabou. Você continuará sendo minha esposa, e Billy ficará aqui. Isso é final."

Enquanto ele se virava para sair, falei para suas costas. "Ela vai partir seu coração de novo, sabe? Assim como fez há cinco anos. E desta vez, eu não estarei aqui para juntar os pedaços!"

Henry parou na porta e, no momento seguinte, estava em cima de mim novamente, seu peso me prendendo ao colchão. Seus olhos cinzentos queimavam com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes.

"Você acha que sabe tudo sobre Isabella e eu?" Sua voz era áspera, perigosa.

"Eu entendo o suficiente," sussurrei, recusando-me a desviar o olhar de seu olhar. "Eu entendo que toda vez que você me toca, você deseja que fosse ela!"

Seus dedos cravaram em meus ombros. "Cale a boca!"

"Por quê?" Me senti imprudente, além de me importar com as consequências. "Vá em frente, Henry. Diga que estou errada. Diga que você sentiu algo por mim nesses cinco anos além de desprezo."

Por um momento, algo brilhou em seus olhos – dor, raiva, ou talvez algo completamente diferente. Seu aperto em meus ombros apertou, depois de repente soltou.

"Você quer a verdade?" Sua voz era quase inaudível sobre a chuva. "A verdade é que eu não sei mais o que sinto."

A admissão pairou entre nós, pesada com implicações. Ri, um som quebrado que pareceu surpreender a ambos. "Isso é a primeira coisa honesta que você me disse em cinco anos."

A mão de Henry moveu-se para meu rosto, seu polegar limpando grosseiramente lágrimas que eu não tinha percebido que estavam caindo. "Por que você está chorando?"

"Porque estou cansada," sussurrei. "Tão cansada de fingir que isso é um casamento. Tão cansada de ver você amando ela enquanto eu..." Me contive antes que as palavras escapassem.

Seu polegar parou em minha bochecha. "Enquanto você o quê?"

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