Capítulo 5

Eu estava prestes a ir ao banheiro para lavar o rosto e depois voltar para cuidar do Billy. Quando saí do quarto, uma mão de repente me agarrou. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, fui puxada para trás, tropeçando contra um peito duro que eu conhecia muito bem.

"Henry!" Eu ofeguei, lutando para recuperar o equilíbrio.

Seus dedos apertaram meu pulso, forte o suficiente para deixar marcas. O terno perfeitamente ajustado não conseguia esconder a tensão em seus ombros, a fúria mal contida em sua postura. Seus olhos cinzentos, geralmente tão frios e distantes, agora queimavam com uma intensidade que fez meu coração disparar.

"O que exatamente você pensa que está fazendo?" Sua voz era baixa, perigosa.

Tentei me soltar, mas seu aperto só se intensificou. "Henry, eu só encontrei o Thomas por acaso. Só isso."

"Só isso?" Ele zombou. "Você está aqui brincando de família feliz com seu antigo amor, e diz que é só isso?"

"O quê, você pode ser íntimo com a Srta. Scott, mas eu não posso nem falar com outra pessoa?" As palavras saíram antes que eu pudesse detê-las.

Depois de ouvir minhas palavras, os olhos de Henry se estreitaram perigosamente. Sem aviso, ele me arrastou para a escada de emergência, abrindo a porta pesada com força suficiente para fazê-la bater na parede.

A escada estava escura, iluminada apenas pelo brilho verde e sinistro das placas de saída. O espaço parecia sufocante, amplificando o som de nossa respiração. Henry soltou meu pulso apenas para bater as duas mãos na parede ao lado da minha cabeça, me prendendo.

"Você quer falar sobre Isabella?" Sua respiração soprou em meu rosto. "Tudo bem, vamos falar. Mas primeiro, explique o que você estava fazendo com Thomas Sanders."

Pressionei as mãos contra o peito, tentando acalmar meu coração acelerado.

"Henry," forcei as palavras a saírem apesar do nó na garganta, "vamos nos divorciar."

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Então veio uma risada baixa, incrédula.

"O que você disse?"

Cerrei os punhos, buscando força na dor das unhas cravando nas palmas. "Esses cinco anos devem ter sido uma tortura para você, estar preso a alguém que não ama. Estou te libertando." Minha voz ficou mais firme a cada palavra. "Não se preocupe, eu só quero o Billy. Nada mais."

A risada morreu em sua garganta. Na luz fraca, a expressão de Henry se transformou de zombaria em pura raiva.

"Você quer se divorciar de mim?" Sua voz caiu para um sussurro perigoso. "Primeiro você decide se casar comigo, agora decide se divorciar? Alguma vez você considerou minha opinião em tudo isso?"

Henry se aproximou, o tecido caro de seu terno roçando em mim. "Ou isso tem a ver com Thomas Sanders? Ele volta e, de repente, você quer um divórcio?"

"Isso não tem a ver com Thomas!" Tentei empurrá-lo, mas ele segurou minhas mãos, prendendo-as acima da minha cabeça com um aperto forte. "Isso é sobre nós, sobre como você..."

Sua outra mão agarrou meu queixo, forçando-me a olhar para ele. "Ouça com atenção, Sophia Wilson. Ninguém brinca com a família Harding e sai impune. Você não será uma exceção."

"Eu não estou brincando com..." Eu queria explicar.

De repente, a boca de Henry desceu sobre a minha, cortando minhas palavras. Isso não era um beijo, era punição, tudo dentes e força esmagadora. Ele mordeu meu lábio inferior com força suficiente para fazer sangue, sua língua forçando entrada na minha boca quando eu gemi de dor.

Lutei contra seu aperto, mas ele apenas pressionou mais, seu corpo me prendendo contra a parede. Sua mão livre desceu pelo meu corpo, os dedos cravando em meu quadril com força suficiente para deixar marcas. Senti sua crescente excitação pressionando contra mim enquanto sua mão se movia para a cintura da minha calça.

O pânico tomou conta de mim. Isso não estava acontecendo. Não aqui, não assim.

Eu mordi forte a língua dele, sentindo o gosto de cobre. Henry se afastou com um xingamento, finalmente soltando minhas mãos. Eu o esbofeteei com toda a minha força, o som ecoando no espaço confinado.

"Como você ousa!" Minha voz tremia de raiva e medo. "É assim que você resolve tudo? Com força?"

Sangue escorria do canto da boca de Henry enquanto ele tocava o lábio rachado. Seus olhos cinzentos estavam quase negros. "Você quer saber o que você é para mim, Sophia?" Sua voz estava assustadoramente calma. "Você é minha esposa. Minha propriedade. E se você acha que vou deixar você ir embora só porque seu antigo amor apareceu..."

"Propriedade?" Eu ri, o som soando frágil até para meus próprios ouvidos. "É isso que eu sou para você, Henry? Uma posse? Algo que você pode trancar enquanto desfila por aí com a Isabella?"

"Não diga o nome dela!" ele rosnou, dando um passo ameaçador à frente.

Eu mantive minha posição, embora meu coração martelasse contra minhas costelas. "Por que não? Todo mundo sabe que ela é quem você ama. A perfeita Isabella Scott, seu precioso primeiro amor. Me diga, Henry, por que você se casou comigo se a ama tanto? Foi só para agradar seu avô? Para garantir sua herança?"

De repente, sua mão disparou, agarrando minha garganta. Não apertando, mas a ameaça era clara. "Você não sabe nada sobre Isabella e eu."

"Eu sei o suficiente." Eu encontrei seu olhar firmemente, mesmo enquanto as lágrimas ameaçavam cair. "Eu sei que você nunca olhou para mim do jeito que olha para ela. Eu sei que você nunca me mostrou um pingo da ternura que mostrou a ela esta noite. E eu sei..." minha voz falhou, "Eu sei que não posso mais fazer isso."

Por um momento, algo brilhou nos olhos dele, algo que não era raiva ou desprezo. Mas antes que eu pudesse identificar, sua expressão endureceu novamente.

Henry se inclinou perto, seus lábios roçando meu ouvido. "Você é a mãe do meu filho. Minha esposa legal. E isso é tudo o que você sempre será. Se você tentar se divorciar de mim..." Seu aperto apertou um pouco. "Bem, você se lembra do que aconteceu com o Tio Robert quando ele tentou deixar a família, não lembra?"

"Você está me ameaçando?" Eu sussurrei.

"Estou te lembrando da realidade." Ele soltou minha garganta, endireitando a gravata com perfeita compostura. "Você é uma Harding agora, Sophia. Isso vem com certas obrigações. Quebrar essas obrigações tem consequências."

Ele se virou para sair, então parou na porta. "Ah, e Sophia? Se eu te vir sozinha com Thomas Sanders de novo..." Ele não terminou a ameaça. Não precisava.

A porta se fechou atrás dele com um clique suave que parecia ecoar no silêncio repentino. Minhas pernas finalmente cederam, e eu deslizei pela parede, abraçando meus joelhos.

Na luz esverdeada e doentia da placa de saída, toquei meus lábios machucados, minha garganta dolorida, os pontos sensíveis no meu pulso que certamente ficariam roxos. Isso era o que meu casamento tinha se tornado, uma prisão de riqueza e poder, onde o amor era uma fraqueza e o controle era tudo.

Eu não sabia o que aconteceria a seguir. Eu não sabia se encontraria coragem para seguir com o divórcio, ou se as ameaças de Henry me manteriam presa nessa gaiola dourada. Mas eu sabia uma coisa com absoluta certeza:

Eu estava cansada de fingir que isso era um casamento.

A noite se estendia à frente, escura e incerta. Mas pela primeira vez em cinco anos, eu não estava apenas suportando.

Eu estava planejando minha fuga.

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