Capítulo 7

"Eu simplesmente não entendo," a voz de Catherine gotejava com desprezo ensaiado, "como uma criança pode ficar doente com tanta frequência sob cuidados adequados. A menos, é claro, que os cuidados não sejam adequados."

"O Dr. Sanders disse que vírus são inimigos invisíveis que podem deixar qualquer um doente. Vovó, por favor, não culpe a mamãe!" Billy falou, sua voz clara e firme.

As sobrancelhas perfeitamente desenhadas de Grace se ergueram. "Dr. Sanders? O velho amigo da sua mãe?" A ênfase que ela colocou nessas últimas palavras as fez soar sujas.

Eu observei Isabella se inclinar para frente, seu vestido de grife farfalhando suavemente. "Oh, Sophia. Que... conveniente você ter encontrado ele no hospital."

Algo dentro de mim mudou. Talvez fosse a lembrança das ameaças de Henry na escada, ou os hematomas ainda escondidos sob minhas mangas. Ou talvez fosse simplesmente que, depois de assinar aqueles papéis de divórcio na minha mente, eu não sentia mais a necessidade de manter essa fachada de respeito.

"Billy," eu disse suavemente, "por que você não sobe e começa a ler? Mamãe vai subir logo para te ajudar com as palavras difíceis."

Meu filho olhou para mim, a preocupação evidente em seus olhos que eram tão parecidos com os do pai. "Mas, mamãe..."

"Confie em mim, querido. Eu posso lidar com isso."

Ele hesitou, depois assentiu. "Ok, vou esperar você lá em cima."

Assim que Billy saiu, eu me virei para encará-las. "Sabe, Grace, falando em encontros convenientes, recentemente recebi algumas fotos interessantes do Hotel Park Avenue. Gostaria de vê-las?"

A cor sumiu do rosto de Grace. "Do que você está falando?"

"Oh, acho que você sabe exatamente do que estou falando."

"Você está blefando," Grace gaguejou, mas suas mãos tremiam enquanto ela alcançava o copo d'água.

"Estou?" Eu tirei meu celular, observando seus olhos se arregalarem em reconhecimento. "Deveríamos perguntar à sua mãe o que ela acha delas?"

A expressão perfeitamente composta de Catherine se quebrou ligeiramente. "Grace? Do que ela está falando?"

Nesse momento, Isabella interveio suavemente, "Vamos nos acalmar. Sophia, você não deveria mentir."

"Mentir? Você sabe tudo sobre isso, não é, Isabella?" Eu a encarei firmemente. "Assim como você sabe tudo sobre fabricar emergências médicas para monopolizar o pessoal do hospital."

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Catherine foi a primeira a se recuperar, sua voz afiada como vidro quebrado. "Como você ousa falar com Isabella desse jeito! Depois de tudo que esta família fez por você..."

"Fez por mim?" Eu ri, o som frágil até para meus próprios ouvidos. "Você quer dizer como me ameaçar? Me isolar? Me tratar como uma empregada?"

"Sophia!" A voz de Grace tinha uma nota de pânico. "Você não pode falar assim com a gente!"

"Na verdade, eu posso. E vou." Eu endireitei a coluna. "Passei cinco anos tentando ganhar o respeito de vocês, a aceitação de vocês. Mas descobri que estava apenas perdendo meu tempo."

Virei-me para sair, mas então parei. "Ah, e Catherine? Sobre o Dr. Sanders, ele salvou a vida do meu filho enquanto sua preciosa Isabella estava brincando de inválida no andar de cima. Talvez se lembre disso da próxima vez que quiser questionar minha maneira de criar meu filho."

Depois de dizer isso, deixei eles lá, de bocas abertas, e fui direto para o escritório do Henry. Minhas mãos tremiam enquanto conectava meu laptop à impressora dele, mas minha determinação era firme. O acordo de divórcio que eu vinha redigindo em segredo tinha 14 páginas, meticulosamente detalhado.

Enquanto observava as páginas saírem da impressora, pensei nos últimos cinco anos. Todas as tentativas de agradar Henry, cada momento tentando ser a esposa perfeita dos Harding, cada noite acordada me perguntando por que ele não podia me amar do jeito que amava Isabella.

Minha assinatura parecia estranha na última página, como se pertencesse a outra pessoa. Sophia Wilson. Não Sophia Harding. Apenas Sophia Wilson, retomando sua vida.

Coloquei o acordo na mesa de Henry, onde ele não poderia deixar de ver, bem ao lado da caneta-tinteiro que ele herdou do avô.

O sino do jantar tocou justo quando terminei, seu som melodioso ecoando pelos corredores da mansão. Outra tradição dos Harding – jantares formais em família, com presença obrigatória. Caminhei até a sala de jantar Maple Grove, uma das doze construções neoclássicas que compunham a vasta propriedade.

William Harding, o patriarca da família, já estava sentado à cabeceira da mesa. Apesar da idade e da saúde debilitada, ele ainda comandava a sala com sua presença. Seu rosto se iluminou ao ver Billy.

"Ah, aí está meu bisneto favorito!" A voz de William ecoou pelo salão. "Venha aqui, deixe seu bisavô lhe dar um beijo!"

Billy correu até ele, com uma alegria genuína no rosto. William sempre foi gentil com ele, talvez vendo algo de si mesmo no meu pequeno e precoce garoto.

Sentei-me no lugar designado ao lado de Grace, acenando educadamente para William, Richard e Catherine. William me cumprimentou com um leve aceno, Richard ofereceu um sorriso gentil, mas Catherine mal conseguiu emitir um grunhido.

Então Henry entrou, e meu coração fez aquela dolorosa torção familiar. Ele havia arregaçado as mangas da camisa preta de risca de giz, expondo os antebraços – um gesto casual que de alguma forma o fazia parecer ainda mais poderoso. Seus olhos cinzentos varreram a sala, estreitando-se levemente quando pousaram em mim.

Mas foi Isabella quem capturou sua atenção, deslizando para o lado dele em um vestido azul claro. Ela se inclinou, sussurrando algo em seu ouvido que o fez sorrir – um sorriso verdadeiro, do tipo que eu não via dirigido a mim há anos.

Eles se sentaram juntos, é claro. Isabella no que deveria ser meu lugar, ao lado do meu marido. Sua mão apertando possessivamente o braço de Henry, mas eu não me importava mais.

Enquanto os observava, pensei nos papéis do divórcio esperando no escritório dele. Nas contusões escondidas sob minhas mangas. Na defesa corajosa do meu filho por mim.

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