9. Protetor

Assim como Lucien havia ordenado, Vicky fez o seu melhor para instruir Brianna sobre o que fazer no seu primeiro dia de treinamento. Para surpresa da senhora, Brianna não parecia nem um pouco incomodada. Ela anotou cada detalhe que Vicky lhe dizia e, quando Vicky terminou, Brianna conferiu suas anotações e as recitou para Vicky, pedindo esclarecimentos ou correções, se houvesse alguma.

Mas Vicky estava ainda mais intrigada. Ela sentia que Brianna estava tentando se endurecer, mas não tinha certeza. Deixou Brianna em sua mesa temporária e foi relatar ao seu chefe.

"Como está nossa estagiária?" Lucien não esperou Vicky iniciar a conversa. Assim que ela entrou, fechou a porta e garantiu a privacidade, ele expressou sua curiosidade.

"Ela está indo muito bem. Ou devo dizer, perfeitamente?" Vicky franziu a testa enquanto relatava. Suas expressões faciais e suas palavras não pareciam se complementar, o que fez Lucien se perguntar.

"Se é assim, por que você parece incomodada?" Ele riu de como Vicky parecia estranha.

"Porque é o primeiro dia de trabalho dela, ela não deveria estar tão calma e perfeita como está agora." Vicky suspirou rindo.

Ela já tinha visto muitas pessoas novas em seus campos de trabalho, mas nunca tinha visto alguém como Brianna Peters. Ela é o exemplo vivo de beleza e inteligência, literalmente e tudo mais!

"Não se preocupe. Vamos sair para uma reunião simples hoje, nada com que se preocupar muito." Lucien tentou acalmar a mente preocupada de Vicky. Ele queria que essa pobre senhora se sentisse tranquila. Pelo menos para que ela não se culpasse se Brianna cometesse algum erro nos compromissos fora do escritório hoje.

"Por favor, me avise se precisar de algo que ela não consiga resolver." Vicky caminhou atrás de Lucien, que estava a caminho de buscar Brianna e sair do escritório em breve.

"Não se preocupe. Apenas cuide das coisas aqui enquanto eu estiver fora." Lucien ordenou. Era apenas sua maneira de manter a mente de Vicky ocupada com responsabilidades enquanto ele estava fora, para que ela não se preocupasse com ele e Brianna no campo.

"Sim, chefe." E, como Lucien esperava, o truque funcionou. Como sempre.

Eles chegaram à mesa de Brianna. Ela ainda estava reunindo suas coisas. Caneta, caderno, bloco de notas, celular, sua bolsa e a lista de anotações que Vicky lhe deu. Lucien bateu na mesa dela quando pareceu que ela não havia notado que ele já estava por perto. Brianna olhou para cima. Ela parecia um cervo pego pelos faróis de um carro. Uma visão tão fascinante para Lucien, que estava totalmente alheio ao fato de que Brianna estava apenas presa em sua mente perversa, instigando-a a se entregar novamente a seus pensamentos maliciosos. Ela estava se concentrando quando ouviu a voz irritante dele. Irritante para os ouvidos de Brianna.

"Ahhh, sim, senhor. Estou pronta. Vamos?" Ela rapidamente pegou suas coisas na mesa e estava pronta para caminhar atrás dele. Ele olhou para trás e perguntou.

"Você sabe dirigir?" Ela olhou para a chave do carro dele. Ela podia dizer que era um carro de luxo. O logotipo na chave dizia que era um Lamborghini.

"Sim, senhor." Ela pegou a chave sem muita reação. Não estava impressionada nem hesitante. Ele tinha certeza de que ela conhecia a marca do carro, mas ela estava tão indiferente, como se pudesse dirigi-lo e, aconteça o que acontecer, ela poderia lidar com tudo. Lucien não sabia se deveria se orgulhar ou reconsiderar. Então ele pensou que era apenas um carro. Contanto que eles não se machuquem gravemente ou, pior, morram, ele poderia fechar os olhos para tudo. "Muito bem, então, vamos. Não queremos que nosso cliente espere por nós, certo?" Lucien inclinou levemente a cabeça em direção à porta, como se dissesse que deveriam ir agora. Vicky ficou com a boca aberta. Ela só a cobriu quando percebeu que eles já tinham ido embora pelo som da porta se fechando.

"O que está acontecendo hoje?" Ela perguntou a si mesma. Ela nem tinha certeza se poderia contar esses eventos peculiares de hoje a alguém. Ela sabia muito bem que seu chefe valoriza sua privacidade mais do que qualquer coisa. Mas ela sentia que poderia explodir se guardasse esses eventos estranhos só para si.

"Relaxa, relaxa. As coisas podem ser diferentes, mas não são ruins de forma alguma." Ela repetia para si mesma para se acalmar. "O chefe tem todo o direito de fazer pequenas mudanças de vez em quando." Vicky deu tapinhas no peito e respirou fundo algumas vezes, depois voltou para sua mesa.

Enquanto isso... no estacionamento.

"Você tem certeza de que pode dirigir isso?" Lucien perguntou com um leve tom de provocação.

"Você confia em mim, senhor?" Em vez de lhe dar uma resposta, Brianna perguntou casualmente de volta.

"Eu confio em você, mas posso confiar em você?" Lucien retrucou.

A troca de conversa foi de alguma forma refrescante para Lucien, que nunca teve alguém do sexo oposto que o encarasse de igual para igual nas coisas. Como, perguntar de volta quando ele pedia algo. Ele achava isso corajoso da parte dela. Se ao menos ele soubesse, seu eu interior e sua racionalidade estavam em uma batalha feroz. Ele pedir para ela dirigir era uma grande provocação para sua resolução vacilante de não prejudicar o único neto de seu inimigo mortal.

"Não posso responder isso por você, senhor. Por favor, decida por si mesmo se confia em mim para dirigir ou se quer fazer isso você mesmo." Ela esperava, no fundo do coração, que ele mudasse de ideia e pegasse a chave do carro de volta.

"Ok, eu escolho confiar em você. Que mal você pode me causar? Você nem parece capaz de matar uma mosca." Lucien deu de ombros enquanto respondia.

Ele riu enquanto caminhava para o lado do passageiro de seu Lambo Sian FKP 37 dourado elétrico. Não era seu carro do dia a dia, pois é uma edição limitada com apenas 63 unidades produzidas e todas já vendidas. Seu valor era quase três milhões de dólares, e ele deve estar louco para pedir à sua nova secretária que dirigisse esse carro. Ninguém, literalmente ninguém, além dele mesmo, teve a chance de sentar atrás do volante, nem mesmo para uma volta rápida.

Mas lá estava ele, nem preocupado com sua vida, que essa garota talvez não conseguisse dirigir esse carro de alta velocidade. E não conseguir manusear o volante adequadamente sem dúvida causaria eventos infelizes. Ele é absolutamente louco, tomando decisões tão impensadas.

"Você não vai entrar?" Lucien perguntou quando viu que sua secretária do dia ainda estava parada no mesmo lugar onde ele lhe deu a chave do carro. E o que ele disse parecia tê-la despertado de um pensamento profundo, e ela lhe deu um sorriso forçado. Era tão antinatural que ela sentiu seus músculos faciais protestarem. Então ela caminhou em direção ao lado do motorista. Ela pressionou a maçaneta da porta, e a asa se abriu para cima.

"Imediatamente, senhor!"