Capítulo 3

Sara

Saí cambaleando do carro da Jessica, minhas pernas trêmulas nos saltos altos desconhecidos, puxando desesperadamente a barra do meu vestido. "Parece que estou usando um pano de prato," resmunguei, tentando em vão puxar o tecido colante para baixo. O ar fresco da noite levantou arrepios na minha pele exposta, me fazendo perceber o quanto dela estava à mostra.

Jessica revirou os olhos. "Ah, para de reclamar. Você está um arraso."

"Eu pareço que estou fazendo teste para o papel de 'Dona de Casa Desesperada Número Três,'" retruquei.

"Esse é o ponto, sua boba. Estamos indo para um bar, não para um convento."

Olhei para minha roupa. O vestido, se é que dava para chamar assim, mal cobria o essencial. "Tenho certeza de que já vi cintos mais compridos."

Jessica deu uma risada. "Por favor. Isso é tranquilo comparado ao que algumas garotas usam. Lembra daquela vez que a Becky apareceu praticamente pintada?"

"Como poderia esquecer? Ainda estou tentando apagar essa imagem da minha mente."

Caminhamos em direção à entrada do bar, nossos saltos fazendo barulho no pavimento. Eu me sentia como uma girafa recém-nascida, com pernas trêmulas e incerteza.

"Não sei sobre isso, Jess," disse, hesitando na porta. "Talvez devêssemos ir para casa e assistir Netflix. Ouvi dizer que tem uma nova série ótima."

Jessica agarrou meu braço. "Ah, não mesmo. Vamos entrar, e você vai se divertir. Mesmo que eu tenha que colar um sorriso no seu rosto com supercola."

"Isso é antes ou depois de você grampear esse vestido nas minhas coxas?" murmurei.

Ela me ignorou e empurrou a porta. O barulho nos atingiu como uma parede – música, risadas, copos tilintando. E o cheiro... uma mistura potente de cerveja, suor e desespero.

"Ah, o doce aroma das más decisões," brinquei.

Jessica me cutucou com o cotovelo. "Relaxa, vai? Olha, tem um grupo de caras bonitos no bar."

Eu olhei na direção deles. "Aqueles não são caras, Jess. É uma despedida de solteiro. E acho que o de tiara acabou de vomitar em uma planta."

Ela suspirou dramaticamente. "Você é impossível. Vamos pegar uma bebida. Talvez um pouco de álcool melhore seu humor."

"Ou pelo menos me faça esquecer que estou usando esse vestido," concordei.

Nos espreitamos até o bar, o que foi tão fácil quanto enfiar uma linha em uma agulha enquanto se monta um touro mecânico. Perdi a conta de quantas vezes pedi desculpas por pisar nos pés ou acidentalmente dar uma cotovelada em alguém.

"Dois vodka tônica," Jessica gritou para o barman por cima do barulho.

Eu me inclinei perto dela. "Faz o meu duplo. Preciso de toda a coragem líquida que puder."

Enquanto esperávamos nossas bebidas, não conseguia me livrar da sensação de que todos estavam olhando para nós. Ou, mais especificamente, para minhas pernas, que estavam expostas como presuntos premiados em uma feira de condado.

"Jess," sussurrei, "juro que esse vestido está encolhendo. Isso é possível? Poliéster pode encolher em tempo real?"

Ela riu. "Não está encolhendo, sua boba. Você só não está acostumada a mostrar seus atributos."

"Atributos? Estou a um espirro de ser acusada de atentado ao pudor."

Jessica gargalhou, jogando a cabeça para trás. "Ah, querida, isso não é nada. Quer saber um segredo?" Ela se inclinou perto, seu hálito quente contra meu ouvido. "Nem estou usando calcinha hoje. Para, você sabe, acesso rápido."

Eu me afastei bruscamente, quase caindo do banquinho do bar. "Jessica! Isso é... isso é..."

"Gênio? Prático? O auge da moda?" Ela arqueou as sobrancelhas.

"Anti-higiênico," finalizei, estremecendo. "E se você sentar em algo pegajoso?"

Ela deu de ombros. "Esse é um problema para a Jessica do Futuro. A Jessica do Presente está aqui para festejar."

Olhei para Jessica em descrença, balançando a cabeça. "Você realmente não tem vergonha, tem?"

Ela sorriu sem remorso. "Nenhuma! E por que deveria? A vida é muito curta para se preocupar com coisas como 'marcas de calcinha' ou 'decência pública'. Você deveria tentar. Liberte essas coxas, garota!"

"Não, obrigada. Vou manter minha roupa íntima no lugar, se não se importa."

"Como quiser." Jessica deu de ombros. "Mas você está perdendo. Você não tem ideia de como é libertador."

Antes que eu pudesse responder, nossas bebidas chegaram.

Eu tomei um gole hesitante do vodka tônica, fazendo uma careta quando o álcool forte atingiu o fundo da minha garganta. Jessica, por outro lado, bebeu o dela de um só gole.

"Ahh, isso é que é," ela disse, batendo o copo vazio no bar. "Barman, mais uma rodada!"

Eu a observei com cautela. "Você não acha que deveria ir devagar? Acabamos de chegar."

Jessica acenou com a mão, despreocupada. "Por favor, isso é só o aquecimento. Você não tem ideia do que está por vir."

"Não tenho certeza se quero saber," murmurei.

"Ah, vamos lá! Viva um pouco. Sabe o que você precisa? Uma boa e velha noite de sexo casual."

Quase engasguei com minha bebida. "Com licença?"

"Você me ouviu. Uma noite selvagem de paixão sem compromisso com um estranho. Vai fazer maravilhas para seus níveis de estresse."

Balancei a cabeça vigorosamente. "De jeito nenhum. Absolutamente não. Eu não sou esse tipo de garota."

"Que tipo de garota? A que se diverte? A que não pensa demais em tudo?"

"A que vai para casa com estranhos," retruquei. "É perigoso, e além disso, eu não sou... experiente nesse departamento."

"É exatamente por isso que você deveria tentar!" Jessica exclamou, seus olhos brilhando. "Pense nisso como uma experiência educacional. Educação Sexual: Nível Avançado."

"Você é incorrigível, sabia?"

"Eu prefiro 'aventureira,'" ela disse piscando. "Mas falando sério, Sara, você precisa relaxar. Quando foi a última vez que você fez algo espontâneo?"

Abri a boca para argumentar, mas a fechei novamente. Ela tinha um ponto. Minha vida tinha se tornado uma série de rotinas e escolhas seguras. Mas ainda assim...

"Não sei, Jess. Simplesmente não sou eu."

Ela suspirou dramaticamente. "Tudo bem, seja uma estraga-prazeres. Mas eu, por outro lado, definitivamente vou tentar a sorte esta noite."

"Você não está falando sério," disse, levantando uma sobrancelha.

"Seríssima," ela respondeu, terminando o resto da sua bebida. "Mamãe está à caça."

Depois de algumas bebidas, um homem alto se aproximou de nós no bar. Ele tinha o cabelo cuidadosamente despenteado e um sorriso que gritava, 'Eu tenho um barco, e meu pai é advogado.'

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo