Prólogo
"Empurre!" a parteira sussurrou.
Alexandra apertou os lençóis brancos e mordeu a língua para não gritar. Ela concentrou todos os seus músculos para liberar o bebê rapidamente. Seu coração batia com mil medos. Sua amiga e confidente estava ao seu lado, passando um pano úmido em sua testa.
"Eu vejo a cabeça," disse a parteira.
"Vai ficar tudo bem," sua amiga lhe disse, mas Alexandra não acreditou.
Ela tinha feito tudo errado e acreditava que iria pagar por isso.
"Quase lá," incentivou a parteira.
Se ela tivesse que pagar por seus erros, tudo bem, mas que seu bebê fosse poupado. Alexandra não conseguiu mais segurar os gritos e, com um último empurrão, ela berrou e o bebê veio ao mundo.
O bebê testou seus novos pulmões e chorou.
"É uma menina," declarou a parteira.
Alexandra trocou um olhar com sua amiga. Ela esperava que, se fosse um menino, talvez ele poupasse o bebê se algum dia descobrisse. Agora ela estava determinada a escapar de seu destino.
"Ela precisa ficar quieta," disse Alexandra.
"Relaxa, ninguém sabe onde estamos. Eu me certifiquei disso."
"Podemos ter sido seguidas, Penny."
A parteira envolveu o bebê em toalhas e o colocou nos braços da mãe. Alexandra a acolheu com lágrimas nos olhos.
"Ela tem os olhos dele," disse Alexandra.
"O que você vai fazer agora? Eu posso perder a cabeça por sua causa!" a parteira exclamou.
"Ei! Nós não te forçamos a nos ajudar," Penny latiu.
"Eu quero meu dinheiro."
"Você vai receber sua parte. Se alguém descobrir sobre isso, eu vou saber que foi você."
A parteira ergueu o queixo e selou os lábios. Penny foi até a pequena bolsa que pegou quando fugiu de casa, pegou o maço de dinheiro que economizou e entregou à parteira.
"Eu deveria ter cobrado mais."
"Que pena, agora vá, rápido."
Alexandra embalou o bebê contra o peito. Penny guiou a parteira até a porta. A porta se abriu para um homem cambaleante com olhos dourados, uma carranca enrugada e cabelos escuros grisalhos. Atrás dele estava um pequeno exército de sete metamorfos. Penny engasgou quando seus olhos intensos se fixaram nela. Eles não tinham corrido o suficiente.
"Max," Penny disse.
"Sua vadia."
"Você não entende."
Max entrou. Penny recuou, seu coração disparando pelo bebê e sua amiga, alheias à presença de Max no quarto. A parteira tentou escapar, mas Max levantou o punho para alertar seus metamorfos.
"Parem-na," Max ordenou.
"Eu não tive nada a ver com isso!" ela gritou.
"Onde ela está?" Max exigiu.
Penny selou os lábios. Max rosnou e a levantou do chão pela camisa.
"Onde diabos está aquela vadia?!"
Penny estremeceu e não falou.
"Eu vou arrancar sua língua, sua inútil—"
"Max!" Alexandra gritou.
Ela estava na porta com o bebê adormecido nos braços. Ela se sentia como se tivesse corrido uma maratona e depois dormido em uma cama de tijolos, mas reuniu forças para enfrentar o gigante à sua frente.
"Chega, por favor, chega," ela sussurrou.
Max jogou Penny no chão.
"Eu pensei que fosse mentira. Não há como minha esposa me trair e, pior, ter um filho que não é meu. Você vai pagar por isso, sua vadia inútil."
Alexandra ergueu o queixo. "Me chame do que quiser, deixe-a ir, deixe todos irem. Seu problema é comigo."
Max avançou. Ele se aproximou de Alexandra sem piedade. Ele olhou para o bebê em seus braços e zombou.
"Meus problemas são com todos que te ajudaram. Eu juro que você vai pagar por isso."
Lágrimas arderam em seus olhos. "Deixe o bebê em paz."
"Hansel!" Max gritou. "Agora!"
Hansel marchou para a sala de estar. Ele olhou para Penny no chão, para Alexandra e depois para o bebê antes de se virar para seu comandante.
"Pegue a criança," ordenou Max.
"Não!" Alexandra gritou.
"Acabe com ela." Max arrancou o bebê dos braços de sua esposa.
"Ela não fez nada de errado. Eu te traí."
"Eu sei e estou te punindo tirando ela de você. Para sempre."
"O que você quer que eu faça com ela?" Hansel perguntou, olhando para o bebê em seus braços.
"Mate-a. Livre-se dela."
"Senhor?" Hansel não podia acreditar no que ouvia.
"Você me ouviu! Agora vá!"
"Por favor, não! Ela é inocente," Alexandra chorou, mas era inútil.
Hansel desviou o olhar de Alexandra e do comandante, mas seu coração o traiu no segundo em que saiu da única casa no meio da floresta. Os outros metamorfos cercavam a casa, esperando a próxima ordem de Max. O que ele faria com Alexandra?
Ela nunca quis se casar com Max. Ele era mais velho, muito mais experiente e não tinha um único osso amoroso em seu corpo. Ela se apaixonou de verdade e foi punida por isso.
"Hansel, você não pode," Penny agarrou seu ombro e o desequilibrou.
"Pare com isso," ele cuspiu.
"Ela é um bebê." Penny escapou quando Max estava muito ocupado com Alexandra para notar que ela estava lá. "Você não pode matá-la."
Hansel colocou o bebê no banco de trás e fechou a porta.
"Eu sei disso, mas o que posso fazer?"
Penny pensou por um segundo. "A bisavó dela. A avó de Alexandra vive na próxima alcateia. O nome dela é Delaney e ela é uma mulher bem conhecida. Leve-a para lá, Max nunca saberá que o bebê sobreviveu. Invente uma história se precisar, mas não evoque a ira da deusa da Lua."
Penny estava certa. Não valia a pena evocar a ira da deusa da Lua. Ele dirigiu por duas horas até a Alcateia Black Vapour. As relações entre a Alcateia Mystic eram ruins, então Hansel não achava que Max jamais saberia da existência dela. O bebê nem tinha um nome para ele procurar.
Ele perguntou pela casa da velha até chegar a uma pequena cabana perto de um rio. Era uma casa com um ar acolhedor. Ele se sentiu bem deixando-a ali. Ela teria um lar e, o mais importante, ela viveria.
Ele bateu na porta de madeira que dizia "bem-vindos todos". Minutos depois, uma mulher com um xale nos ombros e óculos redondos atendeu a porta.
"Posso ajudar, jovem?" Ela perguntou.
"Sra. Delaney, eu tenho sua bisneta. Ela deve viver com você. Ninguém pode saber que eu a trouxe aqui."
A velha franziu a testa tristemente. "Sinto muito. Você está enganado. Delaney faleceu há vários meses. Eu era sua melhor amiga. Fico aqui para manter o lugar até que um parente venha."
Hansel se sentiu derrotado. E agora, o que ele faria? Ele não podia ficar com ela!
"Obrigado," ele disse gentilmente e se virou para ir embora.
"Espere!" A mulher chamou quando ele se aproximava do carro.
"Qual é o nome da menina?"
Ela não tinha um ou ele não foi informado. Ela tinha apenas algumas horas de vida e já havia sido arrancada dos braços de sua mãe. Ninguém sabia quem era seu pai, senão Hansel teria outro lugar para ir. Agora cabia a ele nomeá-la e salvá-la.
"Delanie. O nome dela é Delanie."
A velha sorriu para o bebê enrolado em toalhas.
"Eu posso cuidar dela. Esta casa é mais dela do que minha."
Hansel suspirou de alívio. "Lembre-se, ninguém deve saber como ela chegou aqui. Invente uma história sobre seus pais, mas guarde a verdade para si pelo resto da vida."






























































































