CAPÍTULO 3- CACOS DE VIDRO

Eu grito quando ele torce minhas mãos ao redor do meu pulso e um estalo nauseante ecoa ao redor, eu grito de agonia. "Por que você está fazendo isso?" Ele não responde, apenas me dá um soco.

Eu me levanto de repente e arranho minha garganta em busca de ar, caio da cama e rastejo até a porta, ofegando. Estico a mão e giro a maçaneta, ela se abre e eu rastejo para fora, respirando com dificuldade.

Todo dia é um pesadelo, por que tem que ser tão difícil? É como se eu estivesse me afogando, precisando de um suspiro de ar fresco, mas ele nunca vem. Fiz algo errado para merecer tudo isso? Eu me ajoelho e me apoio na parede para me levantar, "você não vale nada."

Minha visão fica turva e eu me choco contra a parede, tropeço e caio escada abaixo ruidosamente. Este não é meu dia. "Você é feia!" Eu seguro minha cabeça.

"Por que você me segue em todo lugar!?" Eu grito, me apoio no balcão da cozinha e o copo cai, quebrando em pedaços minúsculos.

Eu tusso e chiado, "desista, Lily. Se mate," fecho os olhos com força e outro som de vidro quebrando ecoa. Ele está em todo lugar, o alfa Jones me segue em todos os lugares; ele nunca pode desaparecer da minha vida como disse.

"VÁ EMBORA!" Eu grito, "você não é real," eu repito.

Ouço passos pesados e um xingamento, "Lily," alguém rosna.

Com olhos frenéticos, olho para o alfa Knight, "pare ele, por favor!" Eu grito. Posso imaginar ele pensando que estou louca, ele franze as sobrancelhas e olha para onde estou apontando. Por que ele não pode ver o alfa Jones?

"Não tem ninguém aqui," ele diz cansado.

"Tem sim! Olha!" Eu digo e o alfa Jones ri maleficamente.

"Você merece um castigo, Lily," diz o alfa Jones.

Arrepios percorrem meus braços, me acalmando, "Lily," eu olho nos olhos do meu companheiro. Eu pisco, meu companheiro está realmente aqui; eu tenho um companheiro.

"A-alfa Knight."

Ele rosna, "pare de me chamar assim. Você é minha companheira, me chame de Luca," ele diz. Meus olhos se arregalam de surpresa e eu aceno rapidamente, obedecendo suas instruções.

"T-tá bom, Luca."

"Não tem ninguém aqui, você está bem. Agora volte para a cama," ele instrui. Eu aceno e grito quando piso em um caco de vidro. Ele xinga e eu fico parada, não querendo mais vidro nos meus pés, eu gemo fechando os olhos, ele me levanta no estilo nupcial. Ele me coloca na pia da lavanderia e pega o kit de primeiros socorros. Ele pega a pinça e levanta minha perna para inspecionar meu pé, "isso pode doer," ele murmura.

Ele tira o vidro e eu gemo, ele tira cada pedaço até que todos estejam fora e eu suspiro de alívio.

Meus olhos se fecham de cansaço e eu me inclino, ele suspira e me levanta, me carregando escada acima.

Ele me coloca na cama e depois caminha até a porta, sinto seus olhos em mim e então ouço a porta se fechar.

~~

O sol brilha no meu rosto e a cama macia me mantém confortável, meus pés doem.

Viro a cabeça e olho para o relógio, são 11 da manhã. Eu me sento e coloco os pés suavemente no chão de madeira, mas os retiro instantaneamente quando a dor atravessa meus pés.

Alguém bate na minha porta. "Entre," um homem idoso entra com uma maleta e equipamentos.

"Olá Luna, sou o doutor Lewis. O alfa Knight pediu para eu verificar seus pés e hematomas," eu aceno e removo os cobertores.

Ele examina meus pés e pega álcool, bolas de algodão, pinças e Neosporin, que é um antibiótico para cortes e aparentemente mantém a superfície úmida e previne infecções. Eu sei disso porque fiz minha pesquisa, era a única coisa que eu podia fazer. Além disso, eu precisava manter minhas feridas limpas e cuidar delas sempre que se machucavam. Se eu não as limpasse, elas infeccionariam e não cicatrizariam, o que não é bom; é doloroso e demora uma eternidade para curar. É uma maldição como eu cicatrizo lentamente comparado a outros lobos.

"Seus pés estão infectados, precisam ser limpos," ele diz suavemente.

Ele usa um pouco de água para limpar meus pés e limpa ao redor da ferida com sabão, mas não deixa o sabão entrar em contato com a ferida.

O doutor Lewis pressiona um cotonete no álcool e o inclina para que derrame no cotonete, ele usa a pinça para segurar o algodão e o aplica gentilmente nos meus pés.

Pegando o Neosporin, ele aplica uma camada fina gentilmente, depois cobre as feridas com um curativo.

Eu grito de surpresa quando o álcool encontra uma ferida muito sensível, ele faz o mesmo processo no meu pé esquerdo que fez no outro. Luca entra no quarto e lança um olhar fulminante para o doutor Lewis.

"O que você está fazendo?" Ele sibila.

O homem idoso não dá atenção ao tom de Luca, "Luca, você sabe que eu preciso limpar os pés dela, estão infectados," Luca rosna furiosamente.

"Você está machucando minha companheira."

"Não é minha intenção, mas vai piorar se não forem limpos. Ela está toda enfaixada agora, os hematomas estão ruins, mas vão cicatrizar em um ou dois dias."

"Tá bom," Luca murmura e sai, não querendo ver meu rosto de dor.

"Aí está, Luna," ele sorri. Ele então recolhe suas coisas, faz uma reverência e sai.

Então eu o ouço gritar, "fique fora dos pés! Vou dizer a Luca o que precisa ser feito," eu suspiro e me viro de lado. Nunca tive pessoas cuidando das minhas feridas. Sempre fui eu mesma me ajudando, isso é tudo tão novo. Tão refrescante. O ato de bondade aquece meu coração.

Eu enrolo um fio solto do cobertor ao redor do meu dedo e viro a cabeça quando ouço alguém chegando. Olho para o homem bonito com confusão, ele apenas me dá um sorriso. "Olá, Luna," eu dou um sorriso tímido sem responder.

Ele limpa a garganta e eu o observo atentamente, "sou seu guarda-costas," eu aceno. Guarda-costas? O pensamento me faz sentir mais segura, mas não segura o suficiente. As pessoas nunca se importaram comigo e se estou viva ou morta, então tudo isso foi um choque para mim.

Ele me dá um último sorriso e sai do quarto, fechando a porta suavemente atrás dele. Bem, isso foi um pouco estranho, mas às vezes os silêncios são apenas pacíficos. Como quando você está dirigindo em um carro com alguém que ama e tudo está silencioso enquanto você olha a paisagem passando, lembro de mamãe e papai levando meu irmão e eu para passeios assim. Eles eram os melhores.

~~

Acordo algumas horas depois, meus pés latejando. Lágrimas se acumulam na minha visão e eu as fecho com força, as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas.

Eu me sento colocando os pés no chão, me sinto inútil. Não gosto disso, meu próprio companheiro nem se importa comigo. 'Ele se importa, ele não teria se preocupado com você antes se não se importasse,' Celeste diz, aliviando minhas preocupações. Luca é uma pessoa muito complexa, em um minuto ele está todo preocupado e no próximo ele nem olha para você.

Suspirando, eu me levanto, mas caio no chão quando a dor explode nos meus pés, eu rastejo até o chuveiro. Cansada, ligo o chuveiro ainda de joelhos e me dispo, rastejo para dentro do chuveiro e tiro minhas bandagens.

Fecho os olhos ao ver meus pés vermelhos com pequenas marcas por toda parte, pego um pano de lavagem e coloco debaixo da água.

Com as mãos trêmulas, levo o pano de lavagem aos meus pés e coloco sobre eles, então solto um chiado de dor. A ardência permanece, me lembrando do que aconteceu na noite passada.

Eu encosto a cabeça na parede do chuveiro e puxo meu cabelo para trás, deslizando os dedos por ele.

Cerca de 10 minutos depois, desligo o chuveiro e abro a porta pegando uma toalha. Envolvo a toalha ao redor de mim e rastejo para fora desajeitadamente e me inclino ao alcançar minha cama.

Olho pela janela e vejo que é noite e está chovendo, a chuva sempre me trouxe paz.

Sempre foi meu âncora, eu acho.

Isso é estranho, eu sei, confie em mim. Por isso não conto a ninguém, eles vão me julgar como de costume.

Eu desenrolo a toalha do meu corpo e olho para meu corpo com desgosto, sou feia.

Eu me visto e esfrego os olhos cansada.

De alguma forma, eu rastejo para minha cama com dificuldade e puxo os cobertores sobre mim, olho pela janela enquanto o relâmpago brilha com um grande estrondo.

Acho que amo tempestades porque me deixam saber que até o céu grita às vezes.

Eu não sou a única que grita.

O céu também pode gritar.