Capítulo dois
Mesmo depois de limpar tudo após o jantar, Jayme se sentia inquieta e decidiu dar uma caminhada. Ela não andava por essas partes há quase dez anos. Enquanto caminhava ao longo da estrada, notava coisas que permaneciam iguais e outras que estavam diferentes. Era como uma viagem pela memória. Era o mesmo caminho que ela costumava fazer para ir à escola.
Algumas casas adiante, ela parou e olhou para uma grande casa abandonada. Embora a casa estivesse abandonada, cinza e dilapidada, ela guardava muitas memórias vívidas e coloridas. Caminhando em direção à casa, ela subiu os degraus até a varanda instável. Empurrando a porta parcialmente aberta, ela entrou e deu alguns passos antes de sentir que poderia cair pelo chão. Ela recuou e ficou parada, olhando ao redor.
Ela se lembrou da senhora idosa que morava ali e de seus netos, com quem Jayme costumava brincar. O nome dela era Dona Vicky Humphrey. Lembrando-se dos netos, havia Rex Jr., que eles chamavam de RJ. A próxima mais velha era Joni, a menina, e depois Jimmy, que tinha apenas 6 anos na última lembrança dela. RJ tinha a mesma idade de Jayme. Joni tinha 9. Quando ela e RJ tinham 13, os três netos se mudaram e deixaram Dona Humphrey sozinha. No entanto, ela conseguiu sobreviver por muitos anos depois.
Mas agora, a casa estava desmoronando. O chão estava prestes a ceder e o telhado já havia parcialmente desabado. Estar dentro era muito perigoso e Jayme sabia disso. Decidindo que era melhor sair, Jayme caminhou em direção à porta e saiu. Ao descer da varanda, ela olhou para cima e viu um carro da polícia parando em frente à casa. Dando ré, o carro entrou na entrada e um homem, mais ou menos da idade dela, saiu.
"Posso perguntar o que você está fazendo?" O delegado perguntou.
"Desculpe, estou apenas relembrando. Faz anos que não venho aqui..." Jayme disse.
O delegado olhou para ela estranhamente. "Qual é o seu nome?"
"Sou Jayme, Jayme McNally..."
"Jayme?" Ele disse, parecendo confuso. "Jayme Greyson?"
"Sim, quem é você?"
"Oh meu Deus, Jayme. Sou eu, Rex, RJ..." Ele disse e caminhou rapidamente em direção a ela.
"RJ? Sério? Oh meu Deus..." Jayme disse enquanto se encontravam e se abraçavam.
"Onde você esteve?" Rex perguntou.
"Em Silver Creek..." Jayme respondeu enquanto se afastavam do abraço.
"Silver Creek? E você está casada?" Rex perguntou.
"Eu estava... Meu marido foi assassinado ontem." Jayme disse enquanto lágrimas enchiam seus olhos. Ela ainda estava traumatizada.
"Oh meu Deus, Jayme, sinto muito. E você voltou para casa?"
"Sim." Jayme assentiu enquanto enxugava os olhos.
"Me sinto horrível, só posso imaginar como você se sente... Você informou à polícia de Silver Creek que viria para cá?"
"Não..." Jayme murmurou, balançando a cabeça novamente.
"Você deveria ter informado. Vou notificá-los agora... eles estão te considerando suspeita?"
"Acho que não..." Jayme respondeu.
"Vou contatá-los agora." Rex disse e pegou o telefone.
Pensar que Rex poderia achar que a polícia poderia considerá-la suspeita a deixou chateada. Ela não estava pensando nisso, como poderiam sequer considerá-la suspeita? Jayme ficou nervosa, mas ficou ouvindo enquanto Rex ligava para o Departamento de Polícia de Silver Creek e falava sobre o caso do marido dela.
Enquanto Jayme ouvia, ela ficou mais convencida de que a polícia queria que ela voltasse para mais questionamentos. Rex sabia que eles queriam ela o mais rápido possível. Quando ele desligou o telefone, confirmou suas suspeitas. "Sim, eles precisam que você volte... você pode ir agora?"
"Ah, sim, posso." Jayme disse.
"Vou te dizer uma coisa, estou de folga em vinte minutos, às sete. Vou conseguir permissão para te levar. Eu adoraria ter a oportunidade de colocar a conversa em dia com você."
"Isso seria ótimo." Jayme sorriu. "Claro."
"Ok, você precisa que eu pare na casa dos seus pais para pegar alguma coisa?"
"Sim, provavelmente devo pegar minha bolsa e algumas coisas." Jayme disse.
"Ok, vamos lá." Rex disse e caminhou para abrir a porta do passageiro do carro de patrulha.
Entrando no carro, foi a primeira vez que Jayme esteve dentro de um carro de polícia. Os instrumentos a surpreenderam enquanto ela olhava ao redor do carro. Então, ela viu a grade na parte de trás do assento, uma medida de proteção.
Rex entrou no carro e o ligou, saindo da entrada da casa. Indo em direção à casa dela, ele falou primeiro. "Estou realmente feliz que você voltou, senti sua falta por tantos anos."
"Sim, eu também senti falta de vocês, de todos vocês." Jayme disse. "Deus, quantos anos se passaram?"
"Quinze anos..." Rex respondeu rapidamente.
"Sério? Uau." Jayme disse. "Você respondeu muito rápido..."
"Acho que é o quanto senti sua falta... Estive contando os anos, esperando te ver novamente." Rex disse.
"Você é muito doce." Jayme sorriu.
Entrando na entrada da casa, Rex a seguiu até a porta. Os pais de Jayme e Rex já se conheciam há anos. Especialmente desde que ele havia retornado. Cumprimentando Simon e Paige, Rex esperou Jayme pegar suas coisas. Rex explicou os motivos pelos quais estava levando-a de volta para Silver Creek. Embora estivessem preocupados com a filha, sabiam que ela precisava voltar pelo bem da investigação.
Com um rápido abraço e beijo, Jayme se despediu dos pais antes de sair pela porta com Rex. Abrindo a porta para Jayme, Rex esperou ela entrar, depois fechou a porta. Entrando no banco do motorista, Rex ligou o carro e saiu da entrada. Ajustando seu assento, Jayme tentou se acomodar no carro de patrulha.
"Então, faz tanto tempo, me conte sobre sua vida." Rex sugeriu.
"Bem, depois que vocês se mudaram, terminei o ensino médio e fui para a faculdade. Passei seis anos lá, e logo depois de me formar, conheci Scott." Jayme explicou.
"Scott... ele é seu marido?"
"Sim. Namoramos por quase quatro anos antes de nos casarmos, no primeiro de maio."
"Primeiro de maio... deste ano?" Rex disse, parecendo preocupado.
"Sim."
"Espere, você só foi casada por seis meses antes de ele... você sabe..." Rex disse, permanecendo sentimental.
"Isso mesmo." Ela disse e olhou para suas mãos, de repente tomada pela tristeza.
"Desculpe, Jayme..." Rex disse, vendo a expressão no rosto dela. Estendendo a mão para a dela, ele a tocou gentilmente.
Jayme se sentiu um pouco envergonhada, mas não se importava muito. A vergonha não era tão ruim quanto a tristeza que sentia pela perda do marido. Tudo estava vindo à tona, dentro de sua cabeça. Quem e por quê eram as maiores perguntas que ela tinha. Sem mencionar a dúvida que sentia, sem saber se viriam atrás dela também. Entre isso e o fato de que ela ainda não havia completamente lamentado por Scott, Jayme lutava contra as lágrimas fortes que pressionavam por trás das lágrimas suaves.
"Eu entendo o que você está passando... Não consigo imaginar, mas entendo. Não precisamos conversar a viagem toda, apenas encoste a cabeça e feche os olhos, tente relaxar. Temos uma hora de estrada." Rex disse, apertando levemente a mão dela.
Enquanto Jayme fechava os olhos e acenava com a cabeça, as lágrimas caíam de seus olhos. Encostando a cabeça para trás e para o lado, ela a descansou entre o encosto de cabeça e a janela. Ela podia sentir o frio da janela em sua testa e isso lhe fazia bem. Mas não ajudava emocionalmente.
Levando alguns quilômetros para recuperar os sentidos, Jayme enxugou os olhos e olhou para Rex, depois olhou para a estrada. Viajando em direção sudoeste, o sol estava brilhante em seus olhos enquanto se aproximava do horizonte. E era sua estação favorita, o outono. Sempre lhe dava uma sensação de calor, com exceção deste ano.
Além da morte de seu marido, tinha sido um bom ano. Foi o ano em que se casou com um homem que a amava, um homem que ela amava profundamente. Foi o ano em que descobriu sua primeira gravidez e o ano em que seu primeiro filho nasceria. E foi o ano em que começou seu emprego dos sonhos. Mas também acabou sendo seu pior ano.
