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"Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." - 1 João 4:8

Florianópolis, 21 de maio de 2020.

Giovanna Rinaldi

Quando a noite caiu, eu sabia que era hora de colocar um sorriso no rosto e ir para o jantar de noivado. Enquanto terminava de me arrumar, podia ouvir uma música suave tocando na sala, assim como uma conversa agradável, eu diria.

Estou pronta, hoje escolhi um vestido longo azul claro e saltos nude. O jantar está marcado para as 20h30, com toda a família e alguns amigos dos meus pais, meus e do noivo. Preciso descer para receber os convidados no jardim onde a festa acontecerá. O relógio marcou oito horas em ponto, eu precisava descer logo, os convidados estavam começando a chegar e eu precisava encontrar meu noivo antes disso. Saí do meu quarto e caminhei pelo corredor até chegar às escadas que me levariam à sala de estar. Assim que desci o primeiro degrau, todos os olhos se voltaram para mim, mas apenas um prendeu meu olhar tempo suficiente para eu não desviar: Lorenzo Bianchi. Caminhei até meus pais sorrindo.

  • Você está linda, minha joia - disse meu pai, atraindo a atenção de todos.

  • Pai, eu não sou mais uma criança para ser chamada assim. - meu pai é meu herói e por ele aceitei esse casamento ridículo, mas fiz uma promessa a mim mesma de que não faria isso com meus filhos, nunca imporia isso a eles.

  • Vocês sempre serão meus bebês para mim. - Ele me abraçou. - Querida, gostaria que você conhecesse seu noivo e a família Bianchi. - Ele disse ao me soltar.

  • Claro, pai. - Respondi com um sorriso forçado.

  • Minha joia, esta é Branca, Armani e Lorenzo, seu noivo. - Ele me apresentou a todos, Branca e Armani me cumprimentaram com um abraço, e Lorenzo apenas sorriu, aquele sorriso vai ser minha perdição, com certeza.

  • Você continua linda, Giovanna, ficou ainda mais bonita com o tempo. - Disse Branca.

  • Obrigada, Branca, mas não me lembro de você.

  • Você era pequena quando te vi pela última vez, mas vi algumas fotos suas ao longo dos anos, você se parece muito com uma amiga.

  • Entendo, que amiga?

  • Uma velha amiga, você se parece com ela quando era mais jovem. - Ela sorriu misteriosamente.

  • Lorenzo, acho bom você cuidar muito bem da minha filha, afinal você sabe que tenho uma espingarda no meu escritório e tenho certeza de que você não gostaria de conhecê-la - meu pai claramente queria mudar de assunto, Lorenzo por sua vez ficou assustado com as palavras do meu pai.

  • Claro que vou cuidar bem dela, Romeo, não há com o que se preocupar. - Se eu disse que o sorriso dele era minha perdição, estava errada, porque a voz dele era um pecado total, e eu não quero correr o risco de me apaixonar e amar sozinha.

  • Vamos para o jardim, os convidados começarão a chegar em breve. - Minha mãe disse e começou a caminhar para o jardim, Lorenzo ao meu lado enquanto o resto da família estava mais à frente.

  • Minha mãe tem razão, você está linda. - Ele se dirigiu a mim pela primeira vez na noite.

  • Obrigada, você também está bonito. - Respondi cordialmente.

  • Você não me parece do tipo mimada.

  • Isso porque estou longe de ser isso, não vou negar que fui criada com tudo o que sempre quis, mas nada disso conseguiu corromper minha essência.

  • Adoro sua simplicidade. - Ele sorriu, esse sorriso também me encanta, Lorenzo, respondi mentalmente.

  • Obrigada, você convidou muitas pessoas para cá? - Mudei de assunto.

  • Não, apenas alguns amigos e você?

  • Não, só meus melhores amigos e alguns amigos que não vejo há um tempo, aproveitei que estavam na cidade. Sei que meus pais convidaram os sócios das empresas também.

  • Os meus também, eles convidaram os sócios da empresa e das empresas separadas.

  • Hmm...

  • Você não é muito de falar, né?

  • Não muito, prefiro o silêncio, mas uma boa conversa pode me manter por horas.

  • Vou te contar algo que talvez você não goste muito, mas está preso.

  • Devo me preocupar?

  • Não sei, depende de como você vai levar.

  • Percebo que você é muito honesto, gosto disso, a honestidade também é uma das minhas qualidades, mas me diga qual é o problema.

  • Antonella, sua mãe, não parece gostar de você. - Ele realmente é muito sincero.

  • Por que você está me perguntando isso? De onde tirou isso?

  • Não estou perguntando, Giovanna, estou te dizendo, é tão claro que qualquer um pode ver, entendi no momento em que você desceu aquelas escadas, o jeito que ela olhou para você, certamente não foi de uma mãe amorosa, mas por quê? - ele perguntou sem desviar o olhar do meu rosto.

  • Acho que sua sinceridade me afetou um pouco agora. - Respondi um pouco desconfortável.

  • Desculpe, não quis ser rude, mas Antonella me faz sentir um pouco estranho.

  • É, ela é assim. Minha mãe não é do tipo que demonstra muitos sentimentos.

  • Só com você? Sou muito observador, vi a maneira como ela interagiu com seus irmãos antes de você descer, quando você chegou o rosto do seu pai se iluminou com sua presença, quanto a Antonella parecia que alguém tinha morrido naquele momento.

  • Me pergunto como você percebeu tudo isso em tão pouco tempo. Vi que seus olhos nunca desviaram dos meus, como conseguiu? - Perguntei em dúvida.

  • Como eu disse, sou um grande observador. - Ele respondeu orgulhoso.

  • Entendi. É uma história simples, ela me odeia desde que me lembro, Giulia era a queridinha dela, enquanto eu era a esquecida, a Cinderela como gosto de dizer.

  • Giulia também era má com você?

  • Não, Giu era minha melhor amiga, minha companheira, minha protetora. - Respondi à pergunta dele e acabei derramando algumas lágrimas, falar sobre minha irmã me emociona, ele tirou um lenço do paletó e secou minhas lágrimas carinhosamente.

  • Desculpe, não queria te fazer chorar.

  • Está tudo bem. Você provavelmente está se perguntando como foi o acidente, não é?

  • Se você não se importar, sou muito curioso sobre histórias.

  • Eu, Giulia e Antonella estávamos no carro quando passamos por um cruzamento perigoso, papai não gostava que ela pegasse aquele caminho, mas segundo Antonella era o mais rápido para chegar em casa, e foi quando um caminhão bateu do lado do motorista, onde Giulia estava sentada, e nosso carro capotou algumas vezes. Giulia ficou em coma por duas semanas e depois morreu, eu quebrei uma perna, um braço, algumas costelas e no acidente uma barra de ferro entrou na minha barriga, ninguém conseguiu explicar de onde vieram aquelas barras de ferro, tive sorte, poderia ter causado algum dano aos meus órgãos, tenho uma "linda" lembrança desse acidente, ganhei uma cicatriz enorme na barriga, depois que Giulia morreu comecei a sofrer com as crueldades de Antonella.

  • E ela te culpa pelo acidente?

  • Sim, ela culpa.

  • Nem sei o que dizer...

  • É, não é fácil saber tudo isso, por isso essa família guarda segredos a sete chaves, o que a mídia pensaria se soubesse de toda a sujeira da minha família.

  • É, não seria nada bom. Parece que os convidados estão chegando. - ele disse, olhando para a entrada da minha casa.

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