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"Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." —1 João 4:8

Florianópolis, 21 de maio de 2020.

Giovanna Rinaldi

Respirei fundo e decidi contar o que realmente aconteceu, porque se Antonella foi capaz de colocar aquele ser aqui, não sei do que mais ela é capaz.

  • Em 2013, eu tinha 16 anos, era a festa de Natal da empresa do meu pai, Conceito Rinaldi, e como estava relativamente perto das festas de fim de ano, a empresa parava por duas semanas para celebrar as festividades. Saulo tinha 21 anos na época, ele era, ou melhor, ainda é, um mimado que consegue tudo o que quer e comigo não foi diferente. Antonella me disse para ir ao quarto do meu pai pegar algo que agora não me lembro, e quando cheguei lá, me assustei ao ver Saulo. Perguntei o que ele estava fazendo ali, já que era proibido para qualquer pessoa além dos meus pais ou meus irmãos entrar, e então ele me disse: "- Estou aqui para cuidar de você, linda." Você não sabe como me senti ao ouvir isso, foi totalmente psicótico, mas tentei não demonstrar medo e sair dali o mais rápido possível, mas antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, ele me agarrou e me beijou à força. Tentei me soltar de todas as maneiras possíveis até que vi um objeto na mesa do meu pai, consegui pegá-lo e acertá-lo na cabeça, o impacto foi tão grande que ele até desmaiou. Saí correndo em desespero, chorando muito, e quando meu pai me viu assim, quase voou até mim. Contei tudo o que havia acontecido, ele ficou louco e foi atrás de Saulo para matá-lo, só não fez isso porque o pai dele implorou muito. Meu pai chamou a polícia e em poucas horas ele foi preso e eu consegui uma ordem de restrição contra ele, mas no dia seguinte ele pagou a fiança e foi solto. Meu pai fez de tudo para tirá-lo do país e conseguiu. Ele nunca deveria ter voltado, mas decidiu aparecer hoje. - A cada lembrança daquela noite, mais lágrimas escorriam pelo meu rosto. Não confesso isso a ninguém, mas estou tão quebrada por dentro que acabei aceitando esse casamento louco pelo meu pai e para me afastar de Antonella.

  • E eu achava que minha vida era louca, sinto muito por ter feito você lembrar disso. - Ele me abraçou, e eu me aconcheguei em seus braços.

  • Não sei por que Antonella me odeia tanto, tive a sorte de crescer cheia de amor da Mariam, do meu pai, dos meus irmãos, dos gêmeos, mas o amor de mãe faz falta. - Respondi depois de um tempo em silêncio.

  • Com o tempo você descobrirá o porquê, se tem uma coisa que nunca fica escondida por muito tempo, é a verdade.

  • Obrigada por me dar força e dizer essas palavras bonitas, estou até mais calma, mas agora só quero aproveitar essa festa o máximo que puder. - Sorri e ele me deu um dos sorrisos mais bonitos que já vi.

  • Justo, vamos voltar para a festa então?

  • Vamos!

Aproveitamos a festa com nossos convidados felizes. Quando voltamos do anexo, não vi Saulo em lugar nenhum naquele enorme jardim e soube mais tarde pela Ana que ele havia sido expulso pelo meu pai. A festa durou até o amanhecer, e nem me lembro como cheguei ao meu quarto, deitada na minha cama querida, pronta para dormir pelo resto do dia. Não demorei a adormecer e, quando o fiz, dormi tranquilamente sem me preocupar com o amanhã ou com o mundo lá fora.

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