Capítulo 4 Ela precisa de mim agora
POV da Emma
Eu fiquei ali, momentaneamente atordoada, antes de apressadamente vestir minhas roupas. Quando me tornei apresentável, o corredor já estava cheio de vozes preocupadas.
Saí do quarto de hóspedes e encontrei Eleanor em seu robe de seda, correndo pelo corredor com Jonathan logo atrás. Seguindo o caminho deles, cheguei à porta aberta do quarto de Sophia, onde uma cena de caos me aguardava.
Sophia estava caída no chão perto do banheiro, seu rosto contorcido de dor. Gavin já estava ajoelhado ao lado dela, sua mão apoiando suas costas enquanto ela segurava sua barriga grávida.
"Eu escorreguei," ela gemeu, olhando para Gavin com olhos cheios de lágrimas. "Eu estava tonta e simplesmente... caí."
"Não se mova," Gavin disse, sua voz firme mas tensa. "Precisamos levá-la ao hospital."
Eleanor ofegou. "O bebê—"
"Eu vou carregá-la até o carro," Gavin decidiu, já deslizando seus braços sob o corpo frágil de Sophia. "Pai, você pode ligar para o hospital e avisar que estamos indo?"
Jonathan assentiu gravemente, já com o telefone na mão. "Vou pedir para o Dr. Mitchell esperar."
Eu fiquei na porta, sentindo-me estranhamente deslocada enquanto Gavin levantava Sophia com uma gentileza surpreendente. Seus braços instintivamente envolveram o pescoço dele, seu rosto pressionando contra o peito dele.
"Emma," Eleanor tocou meu braço, me despertando dos meus pensamentos. "Você pode me ajudar a pegar o casaco e a bolsa dela? Devemos todos ir."
Eu assenti mecanicamente, recolhendo as coisas de Sophia enquanto tentava processar a mudança repentina na noite. Vinte minutos atrás, Gavin e eu estávamos compartilhando nosso momento mais íntimo em anos. Agora ele estava carregando outra mulher, uma viúva grávida, para o hospital com uma ternura que eu raramente recebia.
A viagem para o Boston Memorial foi tensa. Jonathan estava ao volante do SUV Mercedes com Eleanor ao lado dele. Gavin estava no banco de trás, ainda segurando Sophia, que ocasionalmente gemia e apertava a mão dele. Eu estava do outro lado, olhando pela janela para os postes de luz que passavam, sentindo-me como uma estranha nesta emergência familiar.
"Vai ficar tudo bem," Gavin murmurou para Sophia. "Estamos quase lá."
Eu peguei Eleanor observando-os pelo espelho retrovisor, sua expressão indecifrável.
No hospital, as coisas se moveram rapidamente. Dr. Mitchell estava esperando na entrada de emergência. Sophia foi imediatamente colocada em uma cadeira de rodas enquanto Gavin fornecia detalhes da queda.
"Ela está grávida de seis meses," ouvi ele explicar, seu conhecimento sobre o histórico médico dela me surpreendendo. "Ela tem tido episódios de tontura ultimamente."
Fomos direcionados para uma área de espera privada enquanto Sophia era examinada. Eleanor sentou-se ao meu lado, acariciando minha mão distraidamente.
"Desculpe pela sua noite, querida," ela disse baixinho. "Eu sei que não era assim que você planejava passar sua noite."
"Está tudo bem," respondi automaticamente. "A saúde de Sophia é mais importante."
"Você é sempre tão compreensiva," Eleanor sorriu calorosamente. "É por isso que você será uma adição maravilhosa à nossa família."
Consegui retribuir o sorriso, embora meus pensamentos estivessem em outro lugar.
Depois do que parecia horas, mas provavelmente foram apenas quarenta minutos, Dr. Mitchell apareceu.
"Ela vai ficar bem," ele anunciou para nosso alívio coletivo. "Sem danos ao bebê. Ela tem uma leve torção no pulso por tentar amortecer a queda, e gostaria de mantê-la durante a noite para observação devido à gravidez, mas não há preocupação séria."
"Graças a Deus," Eleanor suspirou.
"Posso vê-la?" Gavin perguntou imediatamente.
Dr. Mitchell assentiu. "Ela está pedindo por você."
Gavin desapareceu pelo corredor sem olhar para trás. Eu senti os olhos de Eleanor em mim, observando minha reação.
"Sophia tem se tornado bastante dependente de Gavin desde que Lucas faleceu," ela explicou gentilmente. "Ele se sente responsável por ela, especialmente com o bebê."
"Entendo," eu disse, embora não entendesse, não de verdade.
Gavin voltou quinze minutos depois, parecendo cansado mas aliviado.
"Ela está descansando agora," ele relatou. "Mas está muito abalada. Acho que alguém deveria ficar com ela esta noite."
"Eu faço isso," ele acrescentou, antes que alguém pudesse responder.
"Bobagem," Eleanor interveio firmemente. "Eu fico com Sophia. Você leva Emma para casa. Vocês dois mal tiveram tempo juntos esta noite."
Gavin parecia querer argumentar, mas Jonathan apoiou sua esposa. "Sua mãe está certa, filho. Ela ligará se algo mudar."
Após um momento de hesitação, Gavin assentiu. "Tudo bem. Mas me ligue imediatamente se algo acontecer."
A viagem de volta para a mansão foi dolorosamente silenciosa. Eu olhava pela janela do passageiro, observando as gotas de chuva se perseguirem pelo vidro, cada uma uma pergunta que eu tinha medo de fazer.
Finalmente, Gavin quebrou o silêncio. "Desculpe por esta noite."
"Está tudo bem," eu disse automaticamente. "Ela precisava de ajuda."
"Não, não está tudo bem," ele suspirou, passando a mão pelo cabelo. "Eu sei que exagerei. É que—quando uma mulher grávida cai, pode ser extremamente perigoso. Eu prometi a Lucas que cuidaria dela e do bebê."
Eu me virei para estudar seu perfil na luz fraca. "Você parece saber muito sobre a gravidez dela."
"Tenho levado ela às consultas," ele admitiu. "Ela não tem mais ninguém."
"Sem família? Sem amigos? Só você?"
As mãos de Gavin se apertaram no volante. "Os pais dela estão na Europa. Ela está sozinha, Emma."
"E você se sente responsável," eu conclui.
"Você não se sentiria?" ele desafiou, olhando para mim. "Se alguém que você amava morresse e deixasse para trás uma esposa vulnerável?"
Eu pensei sobre isso. "Eu ajudaria, sim. Mas não deixaria isso vir entre mim e a pessoa com quem estou planejando me casar."
Sua expressão escureceu. "Isso não é justo. Não está vindo entre nós."
"Não está?" eu perguntei baixinho. "Esta noite foi a primeira vez em anos que você mostrou verdadeira paixão por mim, Gavin. E na primeira oportunidade, você me deixou meio vestida na cama para correr para outra mulher."
"Foi uma emergência!"
"Eu sei," eu concedi. "E não estou te culpando por ajudar ela esta noite. Mas isso não é só sobre esta noite, é? É sobre todas as consultas, as ligações tarde da noite, a preocupação constante. Você tem estado emocionalmente mais disponível para Sophia do que para mim."
Gavin ficou em silêncio enquanto entrávamos na entrada da mansão. Ele estacionou, mas não fez nenhum movimento para sair do carro.
"Eu não sei o que você quer que eu diga," ele finalmente admitiu. "Ela precisa de mim agora. O bebê precisa de mim."
"E o que eu preciso?" eu perguntei, minha voz mal acima de um sussurro.
Ele se virou para mim então, sua expressão uma mistura de frustração e confusão. "Você é forte, Emma. Sempre foi tão independente, tão capaz. Sophia está quebrada. Ela mal consegue funcionar sem apoio."
Suas palavras me acertaram como um tapa. Então essa era a verdade. Eu era muito forte, muito independente para precisar de sua atenção, enquanto a vulnerabilidade de Sophia a tornava digna de seu cuidado.
"Entendi," eu disse, alcançando a maçaneta da porta. "Obrigada por esclarecer onde eu estou."
Sem dizer mais nada, eu saí do carro e caminhei direto para dentro da casa. Meus passos ecoavam no grande corredor enquanto eu fazia meu caminho até o quarto de hóspedes.
Uma vez lá dentro, fechei a porta e deliberadamente girei a chave com um clique satisfatório.
Troquei de roupa para o pijama e deslizei sob os lençóis frios, olhando para o teto ornamentado. Meu telefone vibrou na mesa de cabeceira. Gavin.
"Desculpe por esta noite. Vamos conversar de manhã. - G"





































































































































































































































































































































