Capítulo 5 Primeiro encontro

POV da Emma

Saí sorrateiramente da mansão dos Reynolds às 6:15 da manhã, quando o céu ainda estava mais roxo do que azul. Gavin não acordaria por mais uma hora. A última coisa que eu precisava era compartilhar uma carona com ele, fingindo que tudo estava normal enquanto meu mundo desmoronava.

Fui direto para meu estúdio de design na sede dos Reynolds, onde imediatamente me concentrei na Coleção Starlight.

Jessica chegou com café justo quando eu estava juntando meus materiais. "Você vai à Summit Creative hoje?" ela perguntou, olhando para a pasta de apresentação na minha mesa.

"Sim, decidi ontem à noite antecipar a reunião. Preciso colocar essa campanha publicitária em andamento," respondi, colocando cuidadosamente o protótipo do colar de fases da lua em seu estojo de veludo. "Quanto mais cedo tivermos a estratégia de marketing certa, melhor."

"Quer que eu vá com você?" Jessica ofereceu, já verificando seu tablet para ver se tinha algum conflito na agenda.

Recusei, "Não é necessário. Prefiro lidar com essa pessoalmente."

Empacotei cuidadosamente os materiais de apresentação, incluindo o delicado colar protótipo com suas safiras graduadas e a inovadora montagem de platina. Esta coleção representava tudo em que eu acreditava como designer—precisão técnica com ressonância emocional. Se ao menos minha vida pessoal tivesse essa clareza.

O escritório da Summit Creative em Boston ficava em um armazém reformado no Distrito do Porto—moderno e descolado em comparação com a sede tradicional dos Reynolds.

A recepcionista me conduziu por um espaço aberto até uma sala de conferências onde a equipe da Summit já estava se reunindo. Foi quando eu o vi pela primeira vez.

Blake Carter estava perto da janela. Alto. Imponente. Seu cabelo escuro era curto e levemente bagunçado. Ele tinha ombros largos e um queixo forte. Seus olhos âmbar captavam a luz. Afiados. Observadores. Algo nele fez meu pulso acelerar. Ele usava um terno cinza carvão. Sem gravata. O primeiro botão da camisa aberto. Parecia completamente à vontade. Confiante. Indiferente à energia corporativa ao seu redor.

Quando nossas mãos se encontraram em um breve aperto de mão, senti um surpreendente choque de consciência.

"Emma Garcia," ele disse, sua voz mais profunda do que eu esperava. "Blake Carter. Estava ansioso para conhecer a mente por trás da Coleção Starlight."

Não havia sorriso, apenas um olhar direto e avaliador que de alguma forma parecia mais genuíno do que qualquer cortesia corporativa ensaiada.

Coloquei cuidadosamente o protótipo do colar de fases da lua na mesa—nove safiras graduadas representando as fases lunares, montadas na minha assinatura de platina que criava um brilho etéreo sob qualquer luz.

"O centro da coleção," expliquei, observando enquanto Blake se inclinava para examiná-lo.

Seu foco era absoluto, quase perturbador em sua intensidade. Ele pegou o colar com um cuidado surpreendente, seus dedos, fortes mas inesperadamente gentis, virando a peça para captar a luz.

"Trabalho notável," ele disse simplesmente. "Você conseguiu fazer as pedras parecerem flutuar."

Nossos dedos se tocaram quando ele me devolveu o colar, e eu senti aquela mesma consciência inesperada cintilar entre nós. Por um momento, seus olhos âmbar encontraram os meus.

Pela próxima hora, apresentei o conceito da coleção enquanto Blake e sua equipe ouviam. Mas foi Blake quem fez as perguntas que importavam—questões que mostravam que ele entendia não apenas o branding de luxo, mas também os aspectos técnicos do design de joias. Ele via detalhes que outros perdiam, apreciava nuances que outros ignoravam.

Quando chegou a vez dele de apresentar, Blake comandou a sala com uma autoridade tranquila. Sem gestos chamativos ou jargões corporativos, apenas uma visão clara e uma paixão genuína pelo conceito criativo.

"Joias de luxo não são apenas sobre status," ele afirmou. "É sobre capturar momentos que transcendem o tempo."

Ele apresentou imagens de mulheres realizadas em cenários onde estavam fazendo a diferença: uma cirurgiã em uma sala de operações, uma maestrina diante de uma orquestra, uma arquiteta em um canteiro de obras, cada uma usando peças da Coleção Starlight.

"Essas mulheres não precisam de joias para brilhar," Blake disse, seus olhos encontrando os meus do outro lado da mesa. "Mas seus designs complementam o brilho delas em vez de competir com ele."

Algo no olhar dele me fez pensar se ele estava falando sobre mais do que apenas joias. Durante toda a apresentação, me senti atraída pelo foco dele, sua intensidade, a maneira como parecia ver além das impressões superficiais para verdades essenciais.

Quando a reunião terminou e sua equipe saiu, Blake se aproximou de mim diretamente.

"Seu corte angular na safira—a maioria dos designers teria optado por cortes tradicionais redondos para um tema celestial," ele observou. "Mas os ângulos criam um jogo de luz mais dramático."

Fiquei surpresa com sua percepção. "A maioria das pessoas de marketing não percebe essa distinção."

"Eu noto o que importa," ele respondeu simplesmente, seus olhos segurando os meus por um instante mais longo do que o necessário.

Nós apertamos as mãos novamente, breve e profissional.

Ao sair do prédio, fiquei surpresa ao ver o Bentley de Gavin na calçada. Ele saiu, parecendo desarrumado de uma maneira que só alguém que o conhecesse bem notaria—sua gravata ligeiramente torta, um vinco em sua camisa normalmente perfeita.

"Emma," ele disse, sua voz mais suave do que o habitual. "Deixe-me te levar de volta."

Seus olhos mostravam algo que eu raramente via ali—incerteza, talvez até medo. Gavin Reynolds, que controlava tudo em sua órbita, de repente parecia um homem com medo de perder o controle.

Eu hesitei, pensamentos sobre os olhos âmbar de Blake e a conexão inesperada que senti ainda pairando em minha mente.

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