Capítulo Onze

Tinha sido mais um dia comum, tão comum quanto poderia ser. Mason James era filho único e estava bem com isso. Ele gostava da solidão e do silêncio. Sua mãe, Carey James, trabalhava como enfermeira no Yorkdare Medical. Ela era uma mulher bonita, mesmo que parecesse cansada na maior parte do tempo. Ela trabalhava em turnos e Mason aprendeu há muito tempo a cuidar de si mesmo.

O pai de Mason, Jude James, raramente estava em casa e suas missões duravam meses. Jude James era um fuzileiro naval e eles levavam uma vida moderada, até confortável. Mason achava que seu pai era o maior homem vivo, corajoso e forte, lutando pelo que era certo. Ele era o homem que Mason queria ser um dia.

Mason atendeu o telefone que estava tocando e se encostou na parede da cozinha. "Alô."

"Bom dia. A senhora Carey James está disponível?"

"Um minuto." Mason pressionou o telefone contra o peito e se virou para o corredor. "Mãe! Telefone!"

Mason colocou o receptor no balcão e voltou para o seu quarto. Ainda precisava se vestir para a escola. Mason tinha quatorze anos e sentia que a licença de seu pai tinha sido cancelada novamente.

Eles tinham planos para as férias de verão, iam para as montanhas, mas agora ele tinha certeza de que não iriam. Ele não via seu pai há sete meses e ele já tinha perdido seu aniversário. Mason se vestiu rapidamente e parou no topo da escada. Algo não estava certo; parecia que o ar na casa tinha mudado.

Estava estranhamente silencioso, mas ele podia ver sua mãe no chão, sentada com as costas contra a parede na cozinha. Sua cabeça estava abaixada e suas mãos cobriam o rosto. Seus pés se moveram sem um pensamento consciente de caminhar e ele se ajoelhou ao lado de sua mãe.

"Oh, Mason." Seus ombros tremiam enquanto ela levantava o rosto e lágrimas escorriam por suas bochechas. Mason a puxou para perto dele.

"O que houve, mãe?" Sua mãe nunca chorava e isso apertava seu coração vê-la assim.

"É seu pai... houve um acidente..."

"Papai?"

"Ele está morto, Mason, ele está morto."

O mundo parou de girar em seu eixo, o ar se transformou em um silêncio sufocante e o sangue de Mason parou de fluir em suas veias. Tudo estava de cabeça para baixo, tudo estava errado. Seus ouvidos zumbiam e seus membros pareciam pesados.

Não podia ser verdade.

O sangue voltou a correr por suas veias e os soluços de sua mãe cortaram o silêncio. O mundo começou a girar novamente e ele sentiu a leve brisa em seus braços nus. Ele piscou e olhou para sua mãe, seus braços agora envoltos ao redor dele.

"Eu sinto muito, querido..." Ela estava falando com ele o tempo todo?

"Como?"

"Eu não sei... eles vão trazê-lo para casa em dois dias."

O coração de Carey estava despedaçado em mil pedaços enquanto eles sentavam no chão da cozinha e choravam por Jude James. Não havia mais ninguém para ligar. Jude James era órfão e os pais de Carey James tinham morrido quando ela tinha dezenove anos, ela também era filha única.

Na manhã em que tiveram que ir até o aeródromo, Mason saiu da cama a contragosto. Vestiu seu terno de domingo porque o funeral também seria realizado naquele dia. Não seria luxuoso nem muito frequentado, mas Mason deu um nó na gravata exatamente como seu pai lhe ensinara.

"Pronto para ir?" Carey parecia incrivelmente pálida em seu vestido preto e sapatos de salto baixo que brilhavam. Mason podia ver o reflexo dela enquanto se olhava no espelho. A parede de gelo ao redor de seu coração rachou um pouco ao ver a tristeza refletida nos olhos dela.

"Sim."

Eles dirigiram até o aeródromo em silêncio, a viagem de uma hora passando rápido demais. A respiração de Mason ficou presa na garganta quando um avião pousou na pista a poucos metros de onde Carey estacionou o carro. Aquele avião trazia o corpo de seu pai.

Mason segurou firmemente a mão de sua mãe enquanto caminhavam por uma grande estrutura tipo armazém e até a pista. O avião estava sendo descarregado e um homem em uniforme militar impecável caminhou em direção a eles.

"Senhora, sou o Soldado de Primeira Classe Owens. Sinto muito pela sua perda." O homem ficou em posição de sentido e Mason o encarou.

"Você conhecia meu pai?"

O homem relaxou a postura e olhou para Mason. "Ele era um bom homem, Mason. Falava de você o tempo todo."

Mason sorriu tristemente, acenando com a cabeça enquanto o braço de Carey envolvia seu ombro. Outro homem, também de uniforme, informou que transportariam o corpo do Sargento Jude James para o cemitério e que eles poderiam seguir o carro funerário.

Uma única lágrima escapou e desceu pela bochecha de Mason enquanto dois homens desciam o caixão da escotilha do avião e o cobriam com uma bandeira. A mão do Soldado Owens apertou seu ombro e naquele momento ele encontrou conforto no homem que conhecera seu pai.

Carey chorava tanto que o Sargento Owens pegou as chaves da mão dela e os conduziu de volta ao carro. Ele ajudou Carey a entrar no banco do passageiro e colocou o cinto de segurança ao redor de sua forma soluçante. Mason obedeceu sem palavras e afivelou o cinto no banco de trás enquanto Owens assumia o controle da situação.

O cemitério tinha uma parte separada para soldados e heróis de guerra, e Mason e Carey seguiram Owens pelos túmulos até onde cadeiras estavam dispostas ao lado de uma cova aberta. Mason engoliu em seco enquanto as emoções subiam. Não parecia real até aquele momento. Mesmo vendo o caixão não parecia real.

Era verdade. Seu pai realmente estava morto.

Quatro homens em uniforme estavam atrás do carro funerário e puxaram o caixão para fora. Eles o levantaram facilmente, suas expressões estoicas enquanto marchavam em direção ao túmulo. Mason não conseguiu olhar e sentiu a mão de sua mãe apertar a sua. Ele não olhou para ver se ela estava assistindo porque provavelmente estava.

Owens ficou ligeiramente atrás de Carey, como se esperando que ela desmoronasse e pronto para segurá-la quando caísse. Carey não desmoronaria, porém, porque agora Mason só tinha ela. Ela não tinha escolha a não ser se manter forte através de tudo isso. O fato de que Jude James morreu em ação e pelo seu país...