


Parte 2
O toque estridente do celular cortou seus sonhos. Allie gemeu ao acordar, sentiu uma dor aguda ao abrir os olhos e, apertando as pálpebras novamente, virou-se e enterrou a cabeça sob o travesseiro. Após três toques, o telefone foi para a caixa postal. O silêncio abençoado durou talvez um minuto. Então, tocou novamente.
Jogando as cobertas de lado, ela colocou os dois pés no chão, a cabeça latejando, a visão turva, e, quando conseguiu se levantar, o telefone ficou em silêncio novamente. Allie não confiava mais nisso, então atravessou o quarto e pescou o celular do jeans que havia jogado no chão na noite anterior, uma pilha amassada descuidadamente.
Duas novas mensagens de voz, a tela do telefone acendeu. A informação estava acima da prévia de uma mensagem de texto de Ashton, e por que ele estava acordado quando eram, o quê, sete da manhã?
Então ela se deu conta de que era o início da temporada esportiva. Batendo na testa, rapidamente pediu para ele esperar perto do prédio enquanto a ômega corria para o banheiro.
Ashton Lahey, seu melhor amigo, já estava lá, encostado ao lado do carro com os olhos escondidos atrás dos óculos de sol, quando ela desceu. Eles se conheciam há seis meses, e ela já sentia como se fossem amigos há muito tempo. Ele era um lobo Alfa, então talvez fosse por isso. Ela confiava nele naturalmente. Ele empurrou os óculos de sol para cima e caminhou até ela para puxá-la para um abraço apertado, sem hesitação alguma. "Pronta para ir?"
Allie soltou um suspiro lento. "Não."
Ele fez um som, recuando. "Vamos lá! Eu estarei no campo, então você pode vir até mim."
Ah, sim, seu melhor amigo também estava no time de futebol, mas ela não o odiava como os outros. Ele era mais pé no chão, nunca deixava os outros se sentirem inferiores e, acima de tudo, era muito solidário.
"Claro," a ômega murmurou baixinho. Não que ela precisasse de alguém para ajudá-la a arrasar.
Allie era uma atleta, uma corredora na verdade, e foi por isso que sua inscrição foi aceita prontamente. Não há muitos corredores beta, a maioria tem medo de perder para os Alfas, mas ela não era uma delas. Nada a excitava mais do que ver as caras amarradas deles assim que ela os vencia.
Ela foi arrancada de seus pensamentos quando a porta do vestiário se fechou com um baque surdo. Corredores não tinham vestiário; eles eram apenas um acessório no folheto. Apenas os babacas do futebol tinham um vestiário, enquanto os outros jogadores tinham que se apertar lá. Quando sentiu uma presença na sala, sua cabeça se ergueu, os olhos se fixando instantaneamente na nova pessoa na sala. Levou apenas um segundo para perceber que ele era um Alfa.
"Eu acho que você não deveria estar aqui," o Alfa murmurou, o rosto indiferente enquanto deixava seu olhar vagar sobre a forma dela. Ele tinha cachos castanho-chocolate que emolduravam seus traços afiados, nariz pontudo, mandíbula esculpida por Deus e olhos verdes musgo brilhantes. Allie engoliu em seco, porque o homem era realmente bastante bonito.
"Você está perdida?" Ele acrescentou.
A maneira como ele disse isso fez seu maxilar se contrair. Ela ficou surpresa com a grosseria no tom dele. "Uhh... não?"
"Então você deve saber que estes são os vestiários dos atletas Alfa-Beta, né?" O Alfa atraente levantou a sobrancelha enquanto caminhava mais para dentro da sala. Ele parou em frente a um armário não muito longe de onde Allie estava sentada e deixou sua bolsa preta da Nike deslizar para o chão descuidadamente. Então ele se virou novamente, encarando-a com os braços cruzados.
"Eu sei disso," ela respondeu, sentindo seu coração acelerar. O Alfa era realmente um pouco intimidante: ele era incrivelmente alto, parecia não aceitar nenhuma besteira e ele era um Alfa — isso era claro como o dia pela maneira como se portava e se movia sozinho. E por mais que Allie negasse seu verdadeiro gênero, um Alfa pairando sobre ela ainda fazia coisas com seu corpo traiçoeiro. Fazia-a se sentir inferior, para começar. Quase querendo se submeter a ele. E ela odiava cada pedacinho disso.
"O que você está insinuando?" Allie perguntou diretamente, cruzando os braços, imitando-o.
"Estou insinuando que você não pertence a este lugar," o Alfa disse em um tom entediado, nada impressionado com sua demonstração de bravura. Com isso, ele se virou para o armário mais próximo e começou a tirar a camisa. De repente, o ar dentro da sala ficou quente e abafado, mal permitindo que ela olhasse para qualquer lugar que não fosse seu corpo nu em exibição. Allie não pôde deixar de olhar para a tatuagem que cobria seu peito. Um símbolo enorme. Talvez um símbolo de matilha.
Sacudindo a cabeça, Allie se virou, recuperando o juízo no processo. Não importava que o Alfa com quem ela estava discutindo fosse insanamente bonito. "Que pena para você, então," a ômega respondeu altivamente, "porque eu sou a estrela corredora da universidade. Eu tenho todo o direito de estar aqui."
Houve o farfalhar de roupas, e ela tinha quase certeza de que ele estava tirando o jeans justo, prestes a trocar para os shorts. Não que ela fosse verificar se suas suposições estavam corretas.
"Estrela corredora da universidade? Mas você é uma ômega, certo?"
O pavor se instalou no fundo do estômago dela ao ouvir essas palavras. Seus olhos se arregalaram ao sentir os olhos dele atrás dela. Com uma respiração calculada, Allie se virou e encontrou os olhos dele. Droga! Isso era impossível; ele não podia saber. Não havia como! Será que o Alfa podia sentir o cheiro dela? Será que aquela maldita pílula falhou? Será que seu sonho estava destinado a acabar antes mesmo de realmente começar? Maldição, não! Ou talvez ele estivesse apenas tentando encurralá-la.
"O que te faz dizer isso? Eu sou uma Beta!" Allie protestou assim que encontrou sua voz. A ômega queria terminar com uma risada incrédula, para minar o quão ridículas eram as palavras dele, mas a ideia de que sairia apenas como um som rouco e sem fôlego a segurou. Isso só faria a ômega parecer suspeita.
Pelo canto dos olhos, Allie viu o Alfa se mover, até que ele de repente estava na frente dela. Ela não teve outra escolha senão olhar para cima.
"Ah, eu não sei. É o jeito que você parece, principalmente. Você é delicada. E tem o rosto de uma ômega, bonito e delicado," o Alfa deu de ombros.
Allie fez um som ofendido e lançou um olhar furioso para ele. "Nossa, obrigada! É assim que você realmente julga as pessoas? Baseado na aparência? Tão estereotipado!" Se ela soou amarga, Allie achou que fez um bom trabalho. Fingir ofensa era sempre uma excelente maneira de fazer as pessoas recuarem. E também de fazê-las se sentirem culpadas.
O Alfa tinha uma ruga entre as sobrancelhas, e seus lábios estavam pressionados juntos. Ela queria que ele fosse embora.
"Eu não quis te chatear," ele soou um pouco rígido, sua voz ainda incerta.
"Então você pode se desculpar," Allie ousadamente encontrou os olhos dele enquanto ele pegava suas chuteiras.
Em vez disso, o Alfa deu de ombros e se afastou como se nada tivesse acontecido. Ela já o odiava.
Depois do treino, ela se encontrou com Ashton e sua colega de quarto, Rachel, na cafeteria. Allie pegou um smoothie para acompanhar o sanduíche e celebrar o fim da corrida. Foi quando dois Alfas entraram na cafeteria. Um deles era o cara que a repreendeu no vestiário. Ela notou várias pessoas mudarem o olhar para aqueles Alfas, que estavam caminhando diretamente para a mesa deles, aliás.
"Por que todo mundo está olhando para eles assim?" Ela arqueou a sobrancelha, virando-se para Ashton.
Por mais que Allie amasse sua universidade, ela não acompanhava as fofocas. Além disso, ela também estava ausente na maior parte do mês, ocupada com outras atividades.
"Porque eles são celebridades aqui. Dã."
"Quem?"
Rachel deu um tapa no braço dela. "Como você não os conhece?!"
Allie se conteve para não revirar os olhos para a colega de quarto e se concentrou em Ashton. Talvez ele pudesse responder por ela.
"O da esquerda é Nate Harper. Ele é o Capitão do time de futebol e um Alfa Hellhound. A família dele é dona do Estádio Harper, e eles também são patrocinadores do Liverpole, o maior time de futebol. E ao lado dele está seu melhor amigo, Chris Parker. O pai dele é o curador desta faculdade, e ele também está no time. Eles são os caras mais ricos da universidade."
Rachel suspirou sonhadoramente. "E eles também são gatos."
Ashton deu uma risadinha. "Se você diz."
"Você só não tem bom gosto," Rachel provocou.
Nesse momento, Nate e Chris pararam na frente deles, com os olhos focados em Ashton. Allie tentou não se incomodar com o jeito que Nate agiu no vestiário. Não importava.
"Ashton, por que diabos você está sentado aqui?" Chris falou, estreitando os olhos.
Ashton suspirou. "Allie aqui é minha melhor amiga, e estou colocando a conversa em dia com ela e Rachel, sua colega de quarto."
Ambos os Hellhounds olharam para Allie, que estava simplesmente comendo seu sanduíche, sem se dar ao trabalho de olhar para eles. Ela não queria se associar com os caras populares, exceto Ashton.
"Oh, eu te conheço."
Nate apoiou os cotovelos na mesa para olhar mais de perto a ômega.
Allie abriu a boca para falar, mas Nate foi puxado por Ashton. Eles ficaram cara a cara enquanto seu melhor amigo rosnava. "Sério, Nate, ela é minha amiga. Pare com suas cantadas baratas aqui. Allie está fora dos limites."
O Alfa rangeu os dentes, seus olhos escurecendo, mas Allie rapidamente interrompeu. "Nós já nos conhecemos, Ashton."
"Quando?"
Nate arqueou a sobrancelha. "No vestiário."
Ashton não parecia nada impressionado. Seu melhor amigo também estava protegendo-a de Nate, o que a fez se perguntar. Qual poderia ser a razão para proteger Allie de um Alfa como Nate?
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