CAPÍTULO 04
Elijah Vaughn
Fui puxado sem aviso, tropeçando enquanto era arrastado para a cozinha. Meu coração batia acelerado, minha mente ainda presa ao que havia acontecido na cafeteria. Aqueles olhos escuros e perigosos tinham perfurado minha alma—como se ele já fosse meu dono antes mesmo de nos conhecermos.
Assim que cruzamos a porta, fui empurrado contra a parede, suas mãos segurando meus ombros com força. Seus olhos ardiam de fúria.
"Por que diabos você olhou para ele?!" Seu tom explosivo fez meu corpo inteiro tremer. "Eu te disse para não olhar para o Ceifador, droga! Você tem desejo de morte?"
Minhas mãos tremiam. O choque tomou conta de mim.
"Eu-eu... desculpa..."
Ele não me deixou terminar.
"Não me venha com desculpas esfarrapadas, novato! Estou tentando te ajudar, e você simplesmente ignora tudo o que eu digo."
Ele bateu os punhos na parede ao lado da minha cabeça.
"Não me culpe se o Ceifador decidir te matar ou te estuprar."
Um calafrio percorreu minha espinha. Só de pensar em ser violado por aquele homem monstruoso, meu estômago se revirou.
Fox soltou um longo suspiro e passou a mão pelo rosto, tentando se acalmar.
"Olha, desculpa por perder a cabeça. Mas você me irritou quando não me ouviu."
Ainda em choque, soltei um suspiro trêmulo.
"Eu-eu só queria saber quem ele era para poder evitá-lo... Não percebi que ele já estava nos observando."
Ele revirou os olhos, suspirando novamente—desta vez mais exausto do que irritado.
"Vamos torcer para que ele ignore você por enquanto."
Eu assenti, um peso pesado se instalando no meu peito. Eu não tinha tanta certeza de que ele ignoraria.
Fox me estudou por um momento antes de mudar de assunto.
"Qual é o seu nome?"
Engoli em seco.
"Elijah... Elijah Vaughn."
Ele assentiu, mas sua expressão ficou mais séria.
"Ninguém usa nomes reais aqui dentro. É melhor você escolher um apelido."
Franzi a testa.
"Por quê?"
Ele soltou uma risada sem humor.
"Porque nomes reais são fraquezas."
Ele se encostou no balcão, braços cruzados.
"Aqui, você é só mais um condenado. Se eles souberem quem você realmente é, vão cavar sua história, seus medos. E confie em mim—você não quer que ninguém tenha esse tipo de poder sobre você."
Minhas palmas começaram a suar.
"Mas qual é a diferença? Eu já estou preso aqui."
Seus olhos se estreitaram.
"A diferença é que, se souberem seu nome, podem usá-lo contra você. Se alguém aqui conhece alguém lá fora... alguém que possa te machucar—um amigo, um membro da família... Um nome real é um fardo. Um apelido te protege. Te deixa menos vulnerável."
Meu peito apertou.
Minha família... aqueles que me abandonaram.
Ele notou minha expressão e deu uma risada sarcástica.
"Viu? É exatamente por isso que não usamos nomes. Aqui, identidade é uma maldição."
Engoli em seco, deixando suas palavras penetrarem.
"E você? Por que Fox?"
Um leve sorriso tocou seus lábios.
"Eu não escolhi. Eles me deram. Disseram que sou esperto—sempre encontro uma maneira de escapar das piores situações. Como uma raposa."
Eu assenti lentamente.
Mudar meu nome parecia estranho.
Mas talvez fosse necessário para sobreviver.
Ele suspirou profundamente e se afastou do balcão.
"Vamos lá. Vou te mostrar como funciona a cozinha e qual será seu trabalho."
Ele gesticulou ao redor. A cozinha era grande, mas caótica. Presos em uniformes laranja e preto se moviam entre balcões sujos, carregando bandejas e mexendo panelas enormes.
"Todo mundo tem um trabalho aqui. Alguns cozinham, outros limpam, alguns servem, e outros gerenciam os ingredientes. Mas ouça com atenção—se a comida for ruim, a cafeteria vira um inferno." Seus olhos se fixaram nos meus. "Já vi homens serem mortos por menos."
Engoli em seco.
"M-Mas a comida hoje estava horrível."
Ele passou a mão pelo rosto, claramente impaciente.
"Estamos acostumados com essa porcaria. Então, se você vai mudar alguma coisa, certifique-se de que seja para melhor. Caso contrário, você já sabe o que pode acontecer."
Eu assenti rapidamente.
"E qual vai ser o meu trabalho?"
Ele me observou por um momento, depois apontou para uma pilha de caixas no canto.
"Você vai começar no armazenamento. Organize os ingredientes, verifique as quantidades e passe para os cozinheiros. Não é difícil, mas também não é fácil. E mais uma coisa—se vir alguém roubando, finja que não viu. Entendeu?"
Devo ter hesitado, porque ele deu uma risada seca.
"Melhor do que servir para as pessoas erradas. Confie em mim—no armazenamento, pelo menos ninguém vai te esfaquear por causa de um erro na porção."
Respirei fundo e assenti.
"Como é seu primeiro dia, vou te mostrar a prisão. Assim, se eu não estiver por perto, você não vai se perder."
Eu o segui, ainda sentindo um aperto no peito. Assim que saímos da cozinha, a tensão voltou. Os olhares eram mais afiados. Mantive a cabeça baixa, tentando ignorá-los, mas meu corpo inteiro congelou quando senti uma mão deslizar sobre minha bunda.
Um choque de pânico percorreu cada nervo.
"Bundinha bonita. Quero ver como é sem o uniforme?" Risadas maliciosas ecoaram ao nosso redor.
Meu estômago revirou.
Me obriguei a olhar—e imediatamente me arrependi.
Um grupo de prisioneiros, tanto de uniformes pretos quanto laranjas, vagava pela cafeteria. O homem que me tocou se levantou lentamente, um sorriso predatório se espalhando pelo rosto.
"Me diga, docinho. Qual é o seu nome?" Sua voz era lenta e cruel.
Abri a boca, mas nenhuma palavra saiu.
"Eu-eu..."
Ele riu da minha hesitação.
"Não se preocupe, garotinho. Eu sei que você ainda não escolheu um grupo. Eu adoraria fazer de você minha cadelinha." Sua mão deslizou novamente sobre minha bunda.
Meu sangue gelou. Cada instinto gritava para eu correr—mas minhas pernas não se moviam.
E então, tudo mudou em segundos.
O som de carne e osso batendo contra metal ecoou pela cafeteria.
O homem que me tocou teve o rosto brutalmente esmagado contra a mesa. Sangue espirrou pelo chão, manchando os pés dos prisioneiros próximos.
Eu ofeguei, tropeçando para trás e caindo no chão. Meu corpo tremia enquanto eu olhava para cima—e encontrava a figura imponente segurando o homem pelo cabelo.
Era ele.
O Ceifador.
Antes que alguém pudesse reagir, ele pegou uma faca ao lado de uma bandeja e a cravou no crânio do homem, torcendo a lâmina. O som de osso quebrando era nauseante.
O ar saiu dos meus pulmões. Meu estômago revirou.
Virei a cabeça, certo de que ia vomitar.
Se Fox não tivesse me arrastado para fora da cafeteria, eu teria desmaiado ali mesmo.
No momento em que estávamos do lado de fora, meu corpo cedeu. Caí de joelhos no chão frio do corredor e vomitei. O gosto amargo queimou minha garganta enquanto meu estômago se convulsionava.
Minha mente ainda estava presa naquela cena brutal—sangue espirrando, o som de aço perfurando osso, aquele olhar impiedoso nos olhos do Ceifador.
Fox suspirou e me deu alguns tapinhas gentis nas costas, esperando eu recuperar o fôlego.
"Eu não sei o que acabou de acontecer, ou por que o Ceifador reagiu assim," ele disse, a voz baixa e séria. "Mas parece que ele escolheu você."
O ar desapareceu dos meus pulmões. Meu corpo congelou.
Ele me escolheu.
Lágrimas começaram a cair pelo meu rosto. O pânico tomou conta de mim.
"Eu-eu não quero isso, Fox... Eu não posso pertencer a esse monstro..."
Ele balançou a cabeça, suspirando cansado.
"Infelizmente, aqui dentro, o que você quer não importa. Para ser honesto? É melhor estar com ele do que contra ele."
Meus soluços ficaram mais fortes, o medo me consumindo.
Ele se agachou ligeiramente, a voz mais suave agora, tingida de pena.
"Desculpa, novato. Mas é assim que as coisas funcionam aqui."
Ele me deu um meio sorriso sem humor e soltou um suspiro pesado antes de acrescentar,
"Bem-vindo ao inferno."


































































































