CAPÍTULO 04 — Emoções obscurecidas

POV: DAVINA

"Observando-o se afastar... De fato, Adam é um homem intrigante. Sua diversão me irrita profundamente, mas claro, ele não é o mais afetado!

De qualquer forma, esses pensamentos não me levarão aos meus objetivos, e eu preciso cumprir a missão! Isso mesmo, não focar nesse maldito casamento, mas sim reunir o máximo de informações possível sobre a Máfia Inglesa... Eles não vão escapar do que fizeram conosco!

Determinada, volto ao salão e vejo meu pai no topo da escada, me encarando. Subo rapidamente, parando ao seu lado.

'Acho que sua pequena atuação comoveu Dom, excelente! Ele parece mais maleável que o pai... Siga o plano à risca, não preciso lembrar das consequências se as coisas não saírem como planejado.'

'Sim, senhor...' respondo com amargura.

'Guarde sua grosseria para si; a partir de hoje, você será doce com seu futuro marido!'

'Como desejar, pai.' digo, abaixando os olhos... Isso me incomoda MUITO, mas sei que ele está certo. Sei o alto preço que pagarei se nada sair conforme o plano.

Entramos juntos e somos conduzidos por um homem simpático que se apresenta:

'Senhorita Davina, que prazer imenso conhecê-la. Estou impressionado com a sorte que Dom tem na vida!'

'Desculpe, sorte?'

'Claro, uma grande aliança e uma mulher bonita. Tudo o que um homem deseja!'

'Eu diria que vocês homens desejam pouco, mas é esperado, já que muitas vezes pensam mais com a cabeça de baixo do que com a de cima.'

Meu pai arregala os olhos com o comentário malicioso, e antes que pudesse me repreender, é surpreendido por uma gargalhada alta...

'Hahahahahahahaha, meu Deus!'

Os olhos de Micael estavam lacrimejando de tanto rir, e eu não pude deixar de soltar um sorriso.

'Meu Deus, você tem senso de humor! Quem diria... Com sua reputação, eu esperava mais agressividade e talvez um ataque.'

'Quem sabe, se você tiver sorte de ser meu alvo, conhecerá esse lado meu.'

'Por favor, nem brinque com isso. Longe de mim irritar a assassina de elite da França! Pas même (nem mesmo em francês).'

'Vejo que você sabe um pouco da nossa língua...'

'Confesso que estou um pouco enferrujado, mas entendo uma coisa ou outra.'

'Hunf... muito difícil para os ingleses?'

'Hun! Você parece tensa; vamos ao bar no salão. Acredito que você precise relaxar antes que seu noivo volte para o jantar.'

Olho para meu pai, buscando permissão. Infelizmente, na máfia, nós mulheres somos forçadas a ser submissas aos homens e pedir permissão para praticamente TUDO!

Com um leve aceno do Sr. Bruce, sinto Micael me puxar e me levar ao bar.

'Um uísque puro para mim e um vinho para a senhorita, por favor.'

'Tequila com limão espremido dentro, por favor!'

Eu o interrompo, e Micael sorri com minha audácia...

'Bebida forte para uma dama, não é?'

'Preciso de algo forte para lidar com tudo o que está por vir...'

Micael pareceu ponderar minha resposta por um momento enquanto nossas bebidas chegavam. Ele tomou um gole de seu uísque em silêncio, como se estivesse contemplando algo em sua mente... até que finalmente quebrou o silêncio:

'Ele não é tão ruim assim, Davina. Na verdade, no fundo, ele é apenas um homem que sofreu demais e não consegue mais se ver como um ser humano.'

'Isso é algo que ele deixa claro, mas todos nós sofremos... isso não justifica suas ações!'

'Você não entende, é como se a alma dele tivesse sido arrancada do corpo...'

Olho para ele indignada..."

"Micael, no mundo em que vivemos, não há espaço para alma ou coração... Somos o que somos, porque fomos criados para ser exatamente isso, soldados da máfia!"

"Bem, posso ver que você está tão perdida quanto Adam... Sabe, Davina, apesar de tudo, Dom é um homem honrado e justo! Ele salvou minha vida mesmo quando eu não merecia..."

Não digo nada, apenas o observo... sua história me intriga.

"Eu estava à beira da morte por mérito próprio; traí a máfia porque não suportava o treinamento. Eu era quase um desertor, não digno de ser alguém, mas Adam viu algo em mim... Algo que valia a pena salvar, e ele aceitou todas as consequências do meu julgamento..."

"Espere, você está dizendo que ele..."

"Sim! Para me salvar, ele suportou todas as torturas que eram destinadas a mim, e acredite, elas duraram longos 6 meses. Acredito que por causa desse ato altruísta, muitos na Máfia o viram como um grande líder! Não apenas alguém que nos usaria como marionetes, mas um verdadeiro camarada de guerra que nos tratava como iguais.

(Lei da Máfia: Se um mafioso de alto escalão julgar a redenção de um desertor, ele deve suportar o dobro da punição no lugar do desertor... A lei é projetada para desencorajar o perdão e eliminar os fracos!)

Estou perplexa com a revelação de Micael; não entendo por quê... Vai contra tudo o que sabemos sobre ele!

De repente, ouço uma voz firme atrás de mim...

"Aaa, aí está você!"

Viro-me para ver quem é.

"Olá, Senhorita Davina! Prazer em conhecê-la, mas receio que você esteja atrasada para tomar seu lugar à mesa de jantar ao lado do seu noivo."

Micael: "Uau, tanta formalidade... Logo serão parentes!"

Filipe ignora completamente o comentário de Micael e continua a me olhar atentamente, embora sua expressão seja mais leve que a do irmão... Algo naquele olhar me inquieta, meus instintos sentem algum perigo, algo que ainda não compreendo bem.

"O prazer é todo meu, Sr. Filipe. Peço desculpas pela minha desatenção; garanto que não acontecerá novamente!"

"Obrigado. Por favor, siga-me."

"Sim, senhor."

Eu odiava a submissão mais do que a tortura física e psicológica... Eu poderia facilmente derrubar mais da metade dos homens neste lugar...

Calma, Davina, calma... Você foi treinada para manter o autocontrole, siga o maldito plano, ou tudo vai dar muito errado!

Aproximo-me da mesa, e Dom se levanta e puxa minha cadeira. Sento-me, e prosseguimos com o jantar sem trocar palavras, o que me convém perfeitamente. Formalidades são trocadas entre os homens até que Adam se levanta e bate uma colher contra seu copo, chamando a atenção de todos antes de falar:

"Senhores, quero anunciar que o casamento acontecerá em 3 dias na nossa Catedral, de acordo com nossas tradições. Aproveitem o resto do jantar; estamos encerrando aqui."

Olho ao redor e vejo o choque nos olhos de todos, tão surpresos quanto eu com a rapidez desse casamento.

"Bem, estimado Dom, obrigado pelo anúncio. Se nos der licença, temos muito a organizar antes do casamento. Estamos de saída!"

"Não precisamos de tanta formalidade, Sr. Bruce. A partir de hoje, somos uma união, parte da nossa família inglesa, nossa legião!"

Ele estende as mãos em um gesto de saudação.

"É uma enorme honra, até breve..."

Adam acena levemente com a cabeça, e ao me levantar, faço o mesmo. Afasto-me silenciosamente e sigo meu pai para fora.

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