1. O casamento

SOPHIA COX

"Está na hora."

Ouvi meu pai dizer e respirei fundo antes de levantar a cabeça para olhá-lo.

Eu podia ver o sorriso forçado em seu rosto. Ele estava tentando parecer feliz, mas eu sabia que era tudo mentira porque meu pai era péssimo em fingir felicidade quando não estava feliz.

Levantei-me de onde estava sentada e ergui um pouco o vestido de noiva para não pisar nele.

"Você está linda," meu pai disse e eu vi o sorriso sincero em seus lábios quando ele disse isso e acreditei.

Entrelaçamos nossos braços e começamos a caminhar juntos. Senti um nó no estômago apertar porque sabia que estava perto, estava perto de me casar com o homem que não falhou em me desrespeitar desde o momento em que me viu.

O homem que não falhou em me menosprezar e chamou minha família e a mim de interesseiros.

A verdade era que estávamos realmente nos casando para que ele salvasse a empresa do meu pai e não havia mentira em suas palavras. Eu não estava atrás do dinheiro dele, nem minha família, mas ele nos acusou e eu entendi por que minha irmã teve que fugir.

Minha irmã mais velha, Sarah Cox, era quem deveria se casar com ele, mas na semana passada, ela fugiu com o namorado, deixando apenas uma carta explicando o motivo de sua fuga e, assim, o casamento teve que ser adiado por uma semana para que eu pudesse substituí-la.

Lembrei-me da primeira vez que conheci Adrian e uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto. Limpei-a discretamente para não estragar a maquiagem.

Quando Adrian percebeu que a noiva havia sido trocada, isso lhe deu mais motivos para odiar e insultar minha família. Ele nos acusou de coisas que não éramos e suspeitou que tínhamos tramado contra ele, prometendo descobrir o que eram em pouco tempo.

Meu pai e eu paramos na porta e minha presença foi anunciada.

Respirei fundo mais uma vez antes de caminhar pelo corredor com meu braço entrelaçado ao do meu pai.

Não ousei levantar a cabeça porque sabia que poderia desmaiar se encontrasse os olhos de Adrian.

Desde o dia em que conheci Adrian, nunca o vi com um rosto feliz, não que eu esperasse isso, mas cada vez que o via, tudo o que via era o desprezo por mim ou, melhor dizendo, o nojo por mim em seus olhos.

Ele nunca falhou em me corrigir ou encontrar falhas em qualquer coisa que eu fizesse ao seu lado.

Senti meus joelhos fracos, mas continuei andando. Senti os olhares quentes de todos sobre mim e os pequenos sussurros na sala.

Engoli em seco enquanto meu pai se afastava para se sentar.

Agora, eu estava de pé na frente do homem que prometeu fazer da minha vida um inferno.

Desliguei-me de tudo o que estava acontecendo, pois não queria acreditar que estava a poucos minutos de me tornar uma mulher casada. Eu sabia que o padre estava dizendo algo, mas não ouvi o que ele disse e não me importava, pois estava extremamente nervosa.

Não só os nós no meu estômago apertaram, mas também senti minhas mãos começarem a tremer e meus joelhos ficaram fracos.

"Sophia."

Ouvi alguém dizer meu nome e saí dos meus pensamentos.

Levantei a cabeça levemente para ver que era o padre que havia chamado minha atenção. Inclinei a cabeça um pouco e encontrei o olhar frio de Adrian, e senti um arrepio percorrer minha espinha.

Seu olhar não era como das outras vezes, desta vez estava frio e parecia que ele queria me matar. Se olhares pudessem matar, eu estaria seis palmos abaixo da terra.

Não ouvi o que o padre disse e, portanto, não sabia o que fazer ou dizer.

Ouvi o padre pigarrear.

"Senhorita Sophia Cox, é hora de dizer seus votos," disse o padre.

"Obrigada," quase sussurrei para ele.

Aproximei-me de Adrian e levantei três dos meus dedos.

"Em nome de Deus, eu, Sophia Cox, te recebo, Adrian Castillo, como meu esposo, para ter e manter a partir deste dia, para o melhor e para o pior, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, para amar e respeitar, até que a morte nos separe. Este é o meu voto solene."

"É a sua vez, Sr. Adrian," disse o padre para Adrian.

"Em nome de Deus, eu, Adrian Castillo, te recebo, Sophia Cox, como minha esposa, para ter e manter a partir deste dia, para o melhor e para o pior, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, para amar e respeitar, até que a morte nos separe. Este é o meu voto solene."

Meu coração começou a bater mais rápido do que o normal e era porque eu sabia que estava feito. Eu não era mais uma mulher solteira, mas uma mulher casada, e não estava casada com o amor da minha vida como imaginei, mas com um homem que prometeu fazer da minha vida um inferno.

Lágrimas começaram a se formar nos meus olhos, mas lutei para não deixá-las cair, pois não queria mostrar nenhum sinal de fraqueza.

Estava feito e eu não estava pronta para aceitar. Eu não estava pronta para deixar meus pais e ficar com alguém que não gosta de mim ou que sequer mostrará preocupação pela minha existência.

"Com o poder a mim investido, eu agora os declaro marido e mulher."

E foi isso, o começo de uma nova história para mim.