Cinco
CAPÍTULO CINCO
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Ponto de vista de Samantha
Dei um passo para trás, sentindo os pelos da minha nuca se arrepiarem.
Ele era lindo. Nunca imaginei que um dragão pudesse ser tão atraente. Mas isso não o tornava menos dragão, nem menos perigoso. De alguma forma, sua boa aparência era ainda mais assustadora.
Senti minha respiração prender no peito e fiz o meu melhor para endireitar os ombros e manter minha posição.
"Seja o que for que você tenha planejado para mim, estou preparada," disse, fazendo o possível para manter minha voz firme e estável, embora minhas mãos estivessem tremendo.
"Por favor, honre nosso acordo e deixe meu reino em paz."
Cada parte de mim estava me dizendo para correr. Minha mente gritava para eu sair dali agora, minhas mãos tremiam enquanto eu o encarava.
Mas eu tinha que manter minha posição. Não ia fugir.
Acontecesse o que acontecesse, eu não ia fugir nem chorar.
O Senhor dos Dragões me olhou com uma expressão cheia de surpresa. Parecia que ele estava me analisando, tentando determinar o que me fazia funcionar.
Ele emitiu um som suave que se espalhou facilmente pelo ar quieto do castelo.
"O que quer que eu tenha planejado..." Ele disse, deixando a palavra pairar no ar por um momento.
"O que você acha que eu tenho planejado para você, Samantha?" Ele disse.
O som do meu nome em seus lábios me causou um arrepio. O que havia nesse cara? Ele era aterrorizante, mas ao mesmo tempo, eu não conseguia desviar o olhar dele.
Seus olhos, de um lindo tom dourado, brilhavam na escuridão, e eu não conseguia desviar o olhar.
Nunca tinha visto olhos daquela cor antes. Como ouro derretido, como uma moeda trazida à vida e em movimento. Era hipnotizante.
"Eu... não sei," respondi, as palavras saindo sem vida dos meus lábios. Eu não sabia. Estava preparada para o pior, para a morte, mas não sabia o que mais ele poderia ter planejado para mim.
"Eu não sei por que estou aqui," disse, sem saber por que estava admitindo isso para ele, mas não poderia fazer mal. Eu já estava sob seu poder, sob seu controle. Eu estava em seu castelo, afinal.
Eu estava sozinha ali, com ninguém além do Senhor dos Dragões e seus homens. O que eu poderia fazer para me defender?
Minha pele estava fria, mas eu podia sentir o calor irradiando dele enquanto ele dava mais um passo em minha direção. Minha respiração prendeu no peito.
"Bem, você está aqui porque eu a chamei." Havia uma arrogância em sua voz, uma arrogância que eu já tinha visto em realeza antes.
Mas era mais do que isso. Era confiança. Só era arrogância se você não pudesse sustentar, e o Senhor dos Dragões tinha provado repetidamente que podia sustentar sua afirmação, sua confiança.
"Você está aqui porque eu preciso de ajuda com um pequeno... problema meu," ele disse, deixando as palavras pairarem...
Abri a boca para falar, mas ele levantou a mão. Fiquei em silêncio.
"Por enquanto, isso não é da sua conta. Você receberá os detalhes conforme forem relevantes para você. Se necessário." Ele ainda estava me avaliando e eu quase me surpreendi por ele não estar me circulando.
A maneira como ele me olhava era a mesma de um predador espreitando a presa, avaliando-a. Havia uma fome em seus olhos, um senso de diversão. Me perguntei se ele estava se divertindo.
Então decidi que estava.
"Como eu vou ajudar você se não sei qual é o seu problema?" Eu disse.
Não sei de onde veio a coragem, mas me arrependi imediatamente. Ele precisava de mim para algo e isso significava que ele não ia me matar imediatamente. Eu não deveria tentar estragar isso e ficar do lado ruim dele.
Ele parou e me olhou e por um momento, tive certeza de que ele ia atacar. O momento se estendeu entre nós, interminável e exaustivo em sua intensidade.
Se eu correr, vou conseguir?
Eu não precisava saber sobre o problema dele, só precisava ficar viva, pelo maior tempo possível. Não era esse o melhor cenário aqui? Se eu o deixasse com raiva, o que ele faria comigo, com meu reino?
Ele estreitou os olhos.
"Eu disse, você será informada, conforme necessário." Sua voz não aumentou de volume. Ele não gritou, rugiu ou berrou comigo do outro lado da sala.
Em vez disso, sua voz baixou. Ficou quieta. Ele ficou quieto. O silêncio em sua voz deu lugar, apenas um pouco, e eu tive um vislumbre de seu poder brutal por baixo.
Foi o suficiente para me calar imediatamente.
"Mas como você estará aqui, pelo futuro previsível, podemos também fazer as apresentações."
Ele sorriu, e eu fui mais uma vez lembrada de um predador, brincando com uma presa.
Ele tem um sorriso bonito, no entanto.
Bonito, mas falso. Ele não podia ser confiado, e eu sabia disso. Eu só tinha que continuar me lembrando disso.
"Eu já sei seu nome, Samantha." Ele disse, "Mas você sabe o meu?" ele perguntou.
"Não," sussurrei, "Ninguém sabe."
"Oh?" Ele parecia divertido, "Então, como me chamam, então? No seu reino?"
Eu estremeci. Ele estava gostando demais disso, "O Senhor dos Dragões."
Ele sorriu e acenou com a cabeça em aprovação, "Como deveriam."
"Mas você... você pode me chamar de Dracul."
Dracul. Eu tinha aprendido o nome do Senhor dos Dragões. Era régio, aristocrático e poderoso ao mesmo tempo. Saía de sua língua como uma melodia ou uma canção.
Mordi a língua antes que pudesse dizer também. Eu não queria me familiarizar demais com ele. Ele era o inimigo e eu não tinha nada a ver com chamá-lo pelo primeiro nome. Em vez disso, pressionei os lábios juntos e acenei com a cabeça.
Ele riu, um som baixo de diversão. "Agora que a introdução acabou, vou deixar você se acomodar."
"Acomodar?" Eu disse.
As palavras continuavam saindo da minha boca antes que eu pudesse detê-las. Eu não conseguia segurar a língua e manter o senso no cérebro. Era tolo e perigoso, mas eu queria saber mais.
Eu queria saber o que ele ia fazer comigo. Não parecia possível que o Senhor dos Dragões precisasse da minha ajuda.
E ameaçar meu reino e me chamar? Que tipo de problema ele poderia ter que precisaria da minha ajuda? Que problema ele estava enfrentando que poderia exigir medidas como essas?
"Sim, Zane vai mostrar seu quarto." Ele disse.
Dracul parecia ter perdido o interesse em mim, como um gato que brincou com um rato muitas vezes.
Eu estremeci com a ideia, a comparação parecia muito real agora. Porque eu não era nada além de um rato diante do poder do Dragão.
Eu sabia disso e ainda estava aqui, ainda viva. Eu não sabia o que pensar, ou o que esperar.
Eu tinha pensado que ficar viva era o melhor desfecho para essa história. Mas agora eu estava começando a pensar que o melhor cenário seria acabar com essa incerteza, esse jogo.
Ele estava brincando comigo. Então, o que aconteceria quando ele realmente se cansasse?
"Mas o que_?"
Eu não tive uma boa chance de terminar minha frase.
"Zane, a princesa precisa ser levada ao seu quarto," Dracul chamou.
Ele se virou para longe de mim e eu senti a incerteza crescer em mim novamente. "Era isso?"
Eu ia ser falada e depois dispensada? Era confuso e assustador e nada do que eu esperava.
Eu não sabia se estava com sorte, ou se isso era pior do que meus medos.
"Espere, eu..."
A porta atrás de mim se abriu e eu me virei para ver Zane. Desta vez ele não me pediu para segui-lo. Eu não tive o momento de terminar minha frase. Ele agarrou meu pulso e me puxou.
Dracul estava fora de vista antes que eu pudesse perceber o que estava acontecendo.
Eu tropecei enquanto ele me puxava escada abaixo, pelo corredor mal iluminado que parecia durar uma eternidade.
Então ele soltou meu pulso e abriu uma das muitas portas enormes que passamos no caminho pelo castelo.
Eu não tive a chance de fazer perguntas. Eu nem tive um momento para recuperar o fôlego. Não de verdade.
"Aí está," Zane disse.
Ele agarrou meu ombro, e eu senti a dor aguda de sua mão na minha pele. Ele foi rude, e eu senti a dor profundamente nos meus ossos.
Ele me empurrou com força e eu tropecei para dentro do quarto. Por um momento, fui completamente consumida pela escuridão, a profundidade da qual sobrecarregou meus sentidos.
Eu só tive segundos para me virar, antes de ouvir o estrondo da enorme porta de metal.
O último traço de luz desapareceu, e eu fui sugada para a escuridão...
Continua...
