


Capítulo 1 Casando com um homossexual
Quando Maggie entrou pela porta, testemunhou dois corpos masculinos nus entrelaçados no sofá de couro da sala de estar. Os gemidos e suspiros preenchiam a casa inteira.
Até ontem, fazia exatamente 14 meses desde que ela se casara com Matt, seu chamado marido. Não era a primeira vez que o pegava na cama com outro homem, mas não importava quantas vezes presenciasse isso, sempre se sentiria desconfortável.
Maggie fechou os punhos, arregaçou as mangas e foi em direção à cozinha. "O que o Sr. Williams quer para o almoço? Eu faço," disse ela.
Sabendo que já haviam concordado em se divorciar, não havia necessidade de continuar desempenhando o papel de esposa dedicada. No entanto, a cena na sala de estar realmente a envergonhou e humilhou.
Esse casamento absurdo não passava de uma bolha de amor que ela havia fantasiado; tinha nublado sua mente e a enganado. Agora, como adulta, só podia arcar com a responsabilidade sozinha.
"Você não sabe fazer nada além de miojo?" Matt encostou-se na porta, acendendo um cigarro. "Pare de fazer cena. Temos a Festa de Fim de Ano hoje à noite. Combinamos que você me acompanharia pela última vez."
A expressão de Maggie permaneceu inalterada. "Eu sei."
Ele exalou a fumaça, observando essa jovem esposa que só tinha o título de esposa, mas carregava um senso oculto de frustração e derrota nos olhos. Não havia ansiedade em seu coração.
Matt era completamente gay; ele nunca amou mulheres. Com sua experiência limitada em relacionamentos, Maggie havia sido casada com ele por seis meses sem perceber isso.
Ele encenava perfeitamente, mostrando cuidado e preocupação no dia a dia, lembrando dos aniversários e dando presentes em ocasiões especiais. Ele não a privou de nada, exceto de beijos e de ir para a cama com ela. A menos que ela tomasse a iniciativa, ele nem segurava sua mão.
Quando as emoções atingem certa intensidade, a falta de desejo é falsa.
No início, Maggie pensou que era por falta de apelo sexual dela. Suas amigas sugeriram que ela tentasse interpretar papéis, como ser uma estudante inocente, uma irmã mais velha elegante ou uma enfermeira submissa. Mas ele permanecia indiferente.
Mesmo atos provocantes, como desfiles de lingerie ou banhos de leite, visualmente estimulantes, eram esperados para despertar o desejo de um homem da idade dele. Mas ele não mostrava absolutamente nenhuma reação.
Cansada do desejo morno dele, ela pegava uma revista de finanças e lia até meia-noite para ajudá-lo a dormir.
Maggie havia estudado radiodifusão e apresentação; sua voz suave e melodiosa carregava um leve sotaque do tempo que passou em Nova York com seus parentes. Quando não fazia pose, engolia as palavras, falando no dialeto romântico.
Não importava quão superficiais fossem suas experiências românticas, ela ainda podia sentir o quão estranho era esse casamento sem sexo.
A família Williams estava envolvida no ramo imobiliário em Radiant City, mas havia entrado recentemente no setor e ainda não tinha uma posição firme no mercado. A renda líquida anual da empresa era em torno de dez mil, o que estava longe da riqueza das verdadeiras elites e figuras distintas. No entanto, comparado ao histórico familiar de Maggie, a família Williams já podia ser considerada rica.
Ela não era gananciosa; Matt, como gerente geral da empresa, tinha eventos sociais frequentes e tentações ocasionais que não conseguia resistir, resultando em pequenos casos. Ela não era incapaz de perdoá-lo.
Secretamente, ela verificou o Range Rover de Matt. Não encontrou evidências de cabelo de mulher, roupas íntimas descartadas ou até mesmo preservativos abertos. Em vez disso, descobriu uma cueca listrada azul e branca, manchada com pontos secos de esperma.
A verdadeira realização veio quando Matt levou o roteiro do programa com ele e voltou para casa encontrando uma cena semelhante à que estava acontecendo no sofá hoje. A localização foi alterada para o estacionamento ao ar livre ao lado da vila.
Aos olhos de Maggie, Matt, seu encantador marido, estava ajoelhado na frente do carro, com as calças do terno meio abaixadas até os joelhos, servindo um homem bonito e musculoso em cima dele.
Ela foi pega de surpresa, como se tivesse sido atingida por um raio. Sentiu a garganta apertar e não conseguiu emitir um som.
...
Antes de sair para a Festa de Fim de Ano, Matt entregou-lhe uma sacola de papel de couro contendo um vestido branco em formato de meia-lua.
"Troque por isso."
Maggie não entendeu. "Está frio. O vestido não vai me aquecer."
Ele olhou para ela de cima com um olhar frio e severo.
O casamento deles já havia desmoronado, então ele não fingia mais ser o cavalheiro que costumava ser.
Maggie sentiu como se seu coração tivesse sido arrancado impiedosamente, causando uma dor excruciante.
Ela pegou a sacola de papel e foi para o quarto se trocar.
O vestido era meticulosamente feito à mão, tão delicado que até os pontos eram quase invisíveis. Tinha padrões vazados na frente e nas costas, com botões que revelavam os montes suaves e tenros de seu decote.
Maggie tinha uma aparência inocente, um nariz fino e arrebitado, olhos amendoados, sobrancelhas finamente arqueadas e uma pinta no lado esquerdo da bochecha. Ela não era deslumbrantemente bonita, mas tinha um charme natural e delicado que era agradável aos olhos.
No entanto, sua figura diferia muito de seu rosto - seu peito era grande demais e sua cintura e quadris eram perfeitos.
Para salvar o casamento, ela havia tentado de tudo - ir à academia, tirar fotos de seu bumbum em formato de pêssego em calças de ioga e até fazer pôsteres para pendurar na entrada.
Mas sua figura curvilínea simplesmente não era suficiente.
Ela temia que teria que crescer genitália masculina para salvar o casamento.
"Preciso usar a aliança de casamento?"
Matt sentou-se no banco de trás do carro, rolando a tela do tablet sem nem levantar uma pálpebra. "Você decide."