Cinco

"Cuidado, pequena humana," ele disse, a voz um rosnado baixo. "Sua resistência pode me divertir agora, mas não vai te salvar no final."

Suas palavras eram um aviso, um lembrete da linha tênue que eu estava caminhando. Mas eu não podia recuar, não quando a vida de Elira dependia de mim.

"Vou fazer o que for necessário," eu disse, minha voz trêmula, mas resoluta.

Magnus inclinou a cabeça, seu olhar se estreitando. "Veremos."

Ele se virou, sua capa esvoaçando atrás dele enquanto retornava ao seu trono. "Você está dispensada."

Os guardas avançaram para me escoltar para fora, mas quando me virei para sair, Magnus falou novamente.

"Oh, e Ariadne?"

Eu congelei, minha mão se fechando em um punho.

"Da próxima vez," ele disse, a voz fria e afiada, "não me faça esperar."

De volta ao meu quarto, desabei na cama, o cansaço puxando cada músculo do meu corpo. Minha mente corria com pensamentos sobre Magnus, sobre o rebelde, sobre a situação impossível em que me encontrava.

Mas por baixo do medo e da raiva, havia algo mais, um lampejo de determinação que se recusava a ser apagado.

Magnus achava que podia me quebrar, que podia me moldar no que ele precisava.

Mas ele não me conhecia.

Eu não estava apenas sobrevivendo.

Eu estava planejando.

E um dia, quando o momento fosse certo, eu mostraria a ele o quão perigosa uma humana poderia ser.

POV DE ARIADNE

A noite havia engolido a Cidadela de Pedra da Lua em um silêncio estranho, quebrado apenas pelo uivo ocasional dos selvagens além dos muros. Dormir era um luxo que eu não podia me dar, não neste lugar onde cada canto parecia esconder um par de olhos âmbar brilhantes, e cada sombra carregava o peso da dominação de Magnus.

Eu me sentei perto da pequena janela do meu quarto, observando a luz da lua derramar-se pelo pátio abaixo. Meus dedos roçavam distraidamente as bordas desgastadas das bandagens enroladas firmemente ao redor do meu peito. Era um ritual noturno agora, verificar as ataduras, garantir que o disfarce se mantivesse, mesmo que meu corpo doesse com a constante constrição.

As ataduras eram mais do que tecido; eram uma armadura, a única coisa entre a sobrevivência e a exposição. Se Magnus descobrisse a verdade - que eu não era um príncipe, mas uma garota desesperada para proteger sua irmã, tudo estaria acabado.

Alcancei a tira de tecido fresca que mantinha guardada debaixo do colchão e comecei o processo lento e deliberado de reembalar. Meus movimentos eram cuidadosos, precisos, minha mente repassando cada palavra que Magnus havia me dito mais cedo. Suas ameaças. Seus desafios. A maneira como seus olhos âmbar pareciam perfurar minha alma.

Mas enquanto apertava a atadura, um ruído repentino quebrou minha concentração, um leve barulho fora da janela. Meu coração falhou uma batida, e eu congelei, o tecido escorregando dos meus dedos.

Alguém estava me observando.

Não me movi, meu olhar piscando para as sombras logo além da moldura da janela. Era tênue, quase imperceptível, mas lá estava, uma figura, envolta na luz do luar, empoleirada na borda de pedra como um predador espreitando sua presa.

"Interessante," uma voz arrastou, baixa e suave, carregando apenas curiosidade suficiente para fazer minha pele arrepiar.

Levantei-me de um salto, agarrando o tecido solto contra o peito enquanto a figura caía graciosamente no chão do meu quarto. A luz da lua o enquadrava enquanto ele se endireitava, revelando um homem diferente de qualquer outro que eu havia visto em Lupania até agora.

Alto e esguio, ele se movia com a mesma confiança sem esforço de Magnus, embora sua presença parecesse... diferente. Seu cabelo escuro estava penteado para trás em ondas suaves, suas feições afiadas e elegantes, como uma escultura esculpida em mármore. Mas foram seus olhos que me prenderam, seu brilho verde quase sobrenatural, brilhando levemente na luz tênue.

"Quem é você?" eu exigi, minha voz mais afiada do que eu pretendia.

Ele inclinou a cabeça, seus lábios se curvando em um leve sorriso que não atingiu seus olhos. "Eu deveria perguntar o mesmo a você."

Engoli em seco, minha mente correndo. Ele tinha me visto, visto demais. Minhas ataduras. Minha hesitação. Cada mentira que eu cuidadosamente construí estava em risco de se desfazer em um instante.

"Você está invadindo," eu disse, tentando mascarar meu pânico com raiva. "Saia antes que eu chame os guardas."

Ele riu suavemente, o som profundo e rico, carregando uma nota de diversão que fez meu pulso acelerar. "E eu pensei que você fosse esperta. Chamar os guardas não terminaria bem para nenhum de nós, não é?"

Dei um passo para trás, colocando o máximo de distância possível entre nós. "O que você quer?"

"Respostas," ele disse simplesmente, seu olhar piscando para o tecido descartado no chão antes de encontrar o meu novamente. "Quem é você realmente?"

A pergunta me atingiu como um soco no estômago, mas me obriguei a ficar firme, encontrando seu olhar com toda a resistência que consegui reunir. "Eu sou Ariadne, príncipe de Elaria."

"Príncipe?" ele repetiu, com um leve tom de zombaria. "Fascinante. Diga-me, príncipe, todos os membros da realeza amarram seus peitos à noite, ou é uma tradição única do seu reino?"

Meu rosto corou, mas mantive minha expressão neutra. "Isso não é da sua conta."

"Oh, mas é," ele disse, dando um passo à frente. O movimento foi casual, quase preguiçoso, mas carregava um toque de graça predatória que me deixou alerta. "Veja, eu tenho observado você. E quanto mais observo, menos você faz sentido."

Meu estômago revirou. "Por que está me observando?"

Ele parou a poucos passos de distância, perto o suficiente para eu ver a cicatriz leve ao longo de sua mandíbula, o jeito como seus olhos verdes pareciam brilhar com um conhecimento oculto.

"Porque eu gosto de quebra-cabeças," ele disse. "E você, pequena humana, é um particularmente intrigante."

Humana. A palavra pairou no ar entre nós, carregada de implicação. Ele sabia.

Cerrei os punhos, minha mente correndo para encontrar uma saída. "Eu não sei do que você está falando."

Ele riu, balançando a cabeça. "Você é boa, tenho que admitir. Mas pode parar com a atuação. Eu sei que você não é príncipe."

Respirei fundo, forçando-me a encontrar seu olhar. "O que você quer de mim?"

"Relaxe," ele disse, suavizando um pouco o tom. "Se eu quisesse te expor, já teria feito isso."

O nó no meu peito afrouxou, mas apenas um pouco. "Por que não fez?"

Ele sorriu, exibindo os dentes de um jeito que me lembrou demais de Magnus. "Porque eu não sou Magnus."

Pisquei, suas palavras me pegando de surpresa. "O que isso significa?"

"Significa," ele disse, sua voz quase um sussurro, "que eu não sou como meu irmão."

Minha respiração falhou. "Seu irmão?"

Ele deu um passo para trás, me dando espaço para respirar enquanto se apoiava casualmente na parede. "Príncipe Callan," ele disse, gesticulando para si mesmo com uma reverência zombeteira. "Meio-irmão, tecnicamente. Eu diria que é um prazer conhecê-la, mas dadas as circunstâncias..."

Eu o encarei, a revelação me atingindo como um tapa. Esse homem, esse enigma de arestas afiadas e charme desarmante, era parente de Magnus? Parecia impossível. Onde Magnus era brutal e implacável, Callan carregava um ar de astúcia silenciosa, seus movimentos calculados mas não ameaçadores.

"Você não se parece nada com ele," eu disse antes de conseguir me conter.

Callan sorriu. "Vou tomar isso como um elogio."

Estreitei os olhos, as peças desse novo quebra-cabeça começando a se encaixar. "Por que está aqui? O que você quer de mim?"

"Duas coisas," ele disse, sua expressão ficando séria. "Primeiro, confirmar o que eu já suspeitava. E segundo..." Ele hesitou, seu olhar suavizando de um jeito que apertou meu peito. "Para te dizer que sua irmã está viva."

O mundo pareceu girar sob mim, minha respiração ficando presa na garganta. "Elira?"

"Ela está aqui," Callan disse. "Na ala oeste, com os outros escravos."

Minhas pernas quase cederam de alívio, lágrimas surgindo nos cantos dos meus olhos. Ela estava viva. Minha irmã estava viva.

"Mas ela não está segura," Callan acrescentou, seu tom sombrio. "Não aqui."

Olhei para ele, o desespero apertando meu peito. "Você pode ajudá-la? Pode tirá-la daqui?"

Callan suspirou, passando a mão pelo cabelo. "Eu queria que fosse tão simples. Magnus controla tudo nesta cidadela. Se eu fizer um movimento contra ele, só colocará vocês duas em mais perigo."

"Então por que me contar?" perguntei, minha voz se quebrando.

"Porque você merece saber," ele disse, seus olhos verdes fixos nos meus. "E porque acho que você pode ser a única capaz de mudar as coisas aqui."

Balancei a cabeça, a descrença me inundando. "Eu sou apenas uma pessoa. O que eu poderia fazer contra Magnus?"

O sorriso de Callan voltou, fraco mas genuíno. "Mais do que você imagina, Ariadne. Magnus não mantém pessoas por perto a menos que veja algo nelas. Se ele está te testando, significa que você importa para ele, mesmo que ele ainda não perceba."

Suas palavras pairaram sobre mim, pesadas com esperança e medo.

"Pense nisso," Callan disse, indo em direção à janela. "Mas seja cuidadosa. Magnus está observando, e ele não tolera traição."

Com isso, ele se esgueirou de volta para as sombras, me deixando sozinha com o peso de sua revelação.

Minha irmã estava viva.

Mas o Rei Fera também. E se eu não fosse cuidadosa, ele nos destruiria.

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