


Pacto
Aurora
A figura diante de mim era ao mesmo tempo aterrorizante e fascinante. Ele irradiava uma energia poderosa que fez os pelos da minha nuca se arrepiarem. Eu lutava para manter a compostura enquanto encarava aquele ser sobrenatural.
"Eu... eu preciso de ajuda," disse, minha voz tremendo levemente. "Minha família está em apuros. Estamos afundando em dívidas, e eu não sei o que fazer."
O sorriso do demônio se alargou, revelando dentes afiados. "Ajuda, você diz? Eu posso oferecer isso. Mas você deve saber que tudo tem um preço. O que você está disposta a sacrificar para obter minha ajuda?"
Engoli em seco, sentindo o peso da pergunta. "Eu farei qualquer coisa para proteger meu irmão e manter minha família segura."
O demônio riu, um som profundo e reverberante que parecia ecoar pelas paredes. "Qualquer coisa, você diz? Muito bem. Em troca da minha ajuda, eu quero sua alma inocente."
Meu coração disparou no peito. Eu sabia que isso era perigoso, mas eu estava desesperada. "E se eu aceitar, como isso funcionaria?"
O demônio se aproximou, as sombras ao seu redor parecendo se mover com ele. "Eu vou garantir que suas dívidas sejam pagas, que sua família esteja protegida e que você tenha o que precisa para sobreviver. Mas em troca, sua alma pertencerá a mim. A partir do momento em que o pacto for selado, você será minha por toda a eternidade."
A gravidade do que ele estava propondo me atingiu como um soco no estômago. No entanto, a imagem de Sol, indefeso e dependente de mim, me deu a coragem que eu precisava. "Eu aceito," disse finalmente, minha voz firme.
O demônio estendeu a mão, e eu sabia que aquele era o momento decisivo. Tremendo, coloquei minha mão na dele. Uma sensação fria percorreu meu braço, e então uma luz vermelha brilhante envolveu nossas mãos. Senti uma dor aguda na palma da mão, como se algo estivesse sendo marcado na minha pele.
"Está feito," disse o demônio, sua voz satisfeita. "Agora, vá. Você verá que as mudanças começarão a acontecer imediatamente."
Com isso, ele desapareceu em uma nuvem de sombras, me deixando sozinha no porão. Olhei para minha mão e vi um símbolo queimado na pele, uma marca do pacto que eu havia feito.
Subi as escadas de volta para a casa, sentindo uma mistura de medo e esperança. Será que eu tinha feito a coisa certa? Eu precisava acreditar que sim.
Nos dias que se seguiram, notei mudanças imediatas. As contas que pareciam impossíveis de pagar começaram a ser misteriosamente quitadas. Os cobradores de dívidas pararam de ligar e de aparecer na nossa porta. As prateleiras da nossa cozinha, antes vazias, começaram a se encher de comida.
Sol também notou a diferença. "Aurora, como conseguimos tudo isso?" ele perguntou um dia, seus olhos grandes cheios de curiosidade.
Sorri, tentando esconder a verdade. "Recebemos uma ajuda inesperada, Sol. Agora tudo vai ficar bem."
No entanto, com as melhorias também vieram sinais de que o demônio estava cumprindo sua parte do pacto. Às vezes, eu sentia uma presença sombria me observando. Objetos se moviam sozinhos, e eu tinha sonhos perturbadores com o demônio, seus olhos vermelhos brilhando na escuridão.
Meu relacionamento com Damian, o cliente misterioso do café, também começou a mudar. Ele parecia saber mais do que deixava transparecer, e nossos encontros se tornaram mais frequentes e intensos. Eu sentia uma atração crescente por ele, e havia algo entre nós que eu não conseguia explicar.
"Você fez o pacto," ele disse um dia enquanto estávamos sentados em uma mesa no fundo do café. "Eu posso sentir a marca em você."
Assenti, sentindo um nó na garganta. "Sim, eu fiz. Eu não tinha outra escolha."
Damian se inclinou para frente, seus olhos brilhando com uma intensidade que me deixou sem fôlego. "Aurora, você sabia que uma vez que um pacto é feito, a alma marcada pode sentir a presença de quem a controla, mesmo à distância?"
Minha mente girou com a implicação de suas palavras. "O que você quer dizer com isso?"
Ele sorriu, mas desta vez havia algo diferente em sua expressão, uma familiaridade perturbadora. "Isso significa que você não está lidando com qualquer demônio. Você está lidando comigo."
A revelação me atingiu como um golpe. Damian, o homem em quem eu estava começando a confiar, era o mesmo demônio com quem eu havia feito o pacto. Recupei, sentindo uma mistura de traição e medo. "Você... é ele?"
Damian assentiu lentamente, seu sorriso ficando mais frio. "Sim, Aurora. Eu sou o demônio que você invocou. E agora, nossos destinos estão entrelaçados de maneiras que você ainda não pode compreender. Você me pertence, na vida e além."
Naquela noite, enquanto tentava dormir, senti uma presença estranha no quarto. Quando abri os olhos, vi Damian parado na porta do meu quarto, seus olhos brilhando no escuro.
"Damian? O que você está fazendo aqui?" perguntei, meu coração disparado.
Ele deu um passo à frente, a luz fraca iluminando seu rosto de forma sinistra. "Aurora, nosso pacto não pode ser ignorado. Estou aqui para garantir que você compreenda plenamente o que isso significa."