A noiva em fuga
POV de Emily
O coração de Emily batia como um tambor implacável enquanto ela corria pelas ruas da cidade, seu vestido de noiva esvoaçando atrás dela como um espectro fantasmagórico na noite. Cada respiração era um suspiro desesperado, o ar frio queimando seus pulmões enquanto ela fugia dos destroços de seus sonhos despedaçados. O zumbido distante do tráfego e as luzes cintilantes da cidade se misturavam em um pano de fundo surreal, ecoando o caos em sua mente enquanto ela corria, seu pulso retumbando em seus ouvidos.
O peso da traição de Peter pressionava seu peito como um cobertor sufocante, esmagando os frágeis resquícios de esperança que antes sustentavam seu espírito. Ela não suportava encarar o mar de olhos julgadores que testemunharam sua humilhação, os sussurros de pena e a satisfação mal disfarçada dos espectadores apenas aprofundando a ferida que agora sangrava livremente dentro dela.
Ao virar uma esquina em um beco estreito, a dura realidade de sua situação a atingiu como uma onda gigante, ameaçando arrastá-la para as profundezas do desespero. O abandono de Peter ecoava a dor que ela sentiu quando seu pai a abandonou, a ela e sua mãe, anos atrás, feridas daquela traição nunca totalmente curadas, agora reabertas com uma crueza que a deixava se sentindo exposta e vulnerável.
Encostada na parede fria de tijolos do beco, Emily lutava para recuperar o fôlego, seu peito arfando com o esforço enquanto ela tentava conter a maré de desespero que ameaçava dominá-la. O ar frio da noite ardia em suas bochechas, mas não conseguia anestesiar a dor emocional que irradiava de dentro, uma dor lancinante que parecia consumi-la de dentro para fora.
Fechando os olhos, Emily tomou um momento para se recompor, sua mente vagando de volta ao dia em que ela e Peter se conheceram, as risadas que compartilharam, os sonhos que construíram juntos. Tudo parecia uma piada cruel agora, uma paródia distorcida do amor e da felicidade em que um dia acreditaram. As promessas que ele fez soavam vazias em seus ouvidos, os sonhos que compartilharam nada mais eram do que ilusões, despedaçadas em um milhão de pedaços pontiagudos por sua covardia e engano.
Um brilho amarelo chamou sua atenção, e Emily acenou para um táxi que passava, suas mãos tremendo enquanto ela tentava abrir a porta. O motorista ergueu uma sobrancelha ao ver sua aparência desarrumada, mas ela ignorou suas perguntas silenciosas, sua mente consumida pelo foco singular de escapar do pesadelo que sua realidade havia se tornado.
Enquanto o táxi acelerava pelas ruas desertas, Emily não conseguia se livrar da sensação de desconforto que corroía seu interior, a sensação de desgraça iminente que parecia pairar pesada no ar. O motorista hesitou antes de deixá-la no endereço de sua irmã, lançando um olhar cauteloso para a rua escura antes de partir com um rangido de pneus.
Sozinha em frente à casa, Emily sentiu um arrepio subir pela espinha, os pelos da nuca se eriçando enquanto um calafrio percorria seu corpo. O ar estava carregado com uma quietude perturbadora, o silêncio ensurdecedor em sua intensidade. Dando passos cautelosos em direção à entrada, os sentidos de Emily estavam aguçados ao máximo, cada som amplificado a um crescendo ensurdecedor.
A porta rangeu em protesto quando ela a empurrou, revelando um interior envolto em escuridão. O silêncio era opressivo, sufocante, um peso pesado pressionando seu peito enquanto ela chamava por sua irmã, sua voz ecoando oca na vastidão vazia do cômodo.
Mas não houve resposta, nenhuma voz reconfortante para dissipar o crescente sentimento de pavor que ameaçava consumi-la por completo. O pânico a dominou, um medo primal arranhando as bordas de sua consciência enquanto ela agarrava as laterais de seu vestido de noiva, seus dedos brancos de tensão.
E então, como se do nada, uma luz trêmula iluminou a escuridão, lançando sombras assustadoras que dançavam nas paredes como espíritos malévolos. A respiração de Emily ficou presa na garganta enquanto ela olhava, hipnotizada, para a fonte da luz, sua mente correndo com mil possibilidades aterrorizantes.
Com mãos trêmulas, ela estendeu a mão e pegou o bilhete do chão, seu coração martelando no peito enquanto lia as palavras escritas em traços fortes:
"Você não pode escapar da verdade, Emily."
O bilhete escorregou de suas mãos, flutuando até o chão como um pássaro moribundo enquanto Emily recuava de sua mensagem ominosa. Medo e raiva surgiram dentro dela, uma tempestade tumultuosa rugindo sob a superfície enquanto ela lutava para entender o pesadelo que se desenrolava ao seu redor.
À medida que as sombras se fechavam, sufocando-a com seu peso opressivo, Emily foi tomada por uma realização gelada:
Ela estava presa, enredada em uma teia de enganos da qual não havia escapatória. E enquanto a escuridão a engolia por completo, ela só podia se perguntar:
O que ela havia descoberto, e será que algum dia poderia se libertar de suas garras?
