Revelações de boas-vindas
POV de Emily
O ar frio da noite estava carregado com uma sensação de inquietação enquanto eu me afastava da casa da enganação. As palavras ominosas do bilhete ecoavam na minha mente, e as sombras projetadas pelos postes de luz piscantes pareciam dançar com uma intenção malévola.
O táxi que me trouxe até aqui já tinha ido embora há muito tempo, me deixando sozinha na rua mal iluminada. Meus olhos se moviam rapidamente, procurando por qualquer sinal de movimento, qualquer indicação de que eu não estava sozinha nesta noite ameaçadora.
Enquanto eu refazia meus passos em direção à estrada principal, minha mente corria com perguntas. Quem orquestrou essa armadilha? Seria Peter buscando vingança, ou teria uma conexão mais sinistra com minha família fragmentada? A noite não oferecia respostas, apenas um silêncio assombroso que me envolvia como um manto sufocante.
A paisagem urbana se transformou à medida que eu me aproximava da casa onde cresci, um lugar que antes abrigava calor e risadas, mas que agora se erguia como um testemunho imponente dos laços familiares rompidos. A mansão dos Sinclair, banhada em um brilho frio e assustador, parecia refletir a desintegração interna.
Hesitei diante da entrada imponente, minha mão pairando sobre a maçaneta. As memórias da última vez que cruzei esse limiar voltaram – o olhar severo do meu pai, o ar sufocante carregado de tensão e os ecos de discussões amargas.
Reunindo coragem, empurrei a porta, revelando o grande saguão com seus pisos de mármore e a escadaria imponente. O silêncio dentro era ensurdecedor, quebrado apenas pelo leve zumbido dos sons distantes da cidade. A ausência do meu pai era palpável, um fantasma assombrando a mansão.
Antes que eu pudesse dar mais um passo, as luzes se acenderam, revelando Victoria Sinclair, minha madrasta, parada no topo da escadaria. Seu olhar gelado perfurava-me, uma acusação não dita pairando no ar.
"Emily," ela zombou, a palavra pingando desdém. "De volta tão cedo da sua pequena escapada?"
Endireitei os ombros, determinada a não deixar suas provocações me desestabilizarem. "Onde está meu pai?" exigi, minha voz firme apesar do turbilhão interno.
Victoria desceu a escadaria com uma graça calculada, seus saltos batendo ominosamente contra o piso de mármore. "Seu pai," ela arrastou as palavras, "está cuidando de assuntos mais urgentes do que suas teatralidades."
O desdém em sua voz alimentou minha raiva, mas engoli minha resposta. Meu foco estava em encontrar meu pai e desvendar os mistérios que agora pareciam envolver minha família.
Segui Victoria pelos corredores mal iluminados, a grandiosidade da mansão mais parecia um labirinto de segredos do que um lar. O ar estava carregado de tensão, e cada passo parecia ecoar com o peso de palavras não ditas.
Quando chegamos ao escritório, Victoria abriu a porta com um floreio, revelando meu pai, Henry Sinclair, absorto em seu trabalho. Seu olhar se levantou, revelando uma mistura de irritação e leve surpresa com meu retorno.
"Emily," ele murmurou, mal reconhecendo minha presença.
Reuni toda a coragem dentro de mim. "Pai, precisamos conversar."
Ele suspirou, colocando a caneta de lado e tirando os óculos de leitura. "Conversar? Sobre o quê, Emily? Sua tendência a causar cenas?"
Cerrei o maxilar, a frustração fervendo dentro de mim. "Eu preciso de respostas. Por que você me prendeu nesse casamento arranjado com Charles? Qual é o verdadeiro motivo por trás disso?"
Um lampejo de desconforto cruzou o rosto do meu pai antes que ele se recompusesse. "Emily, esse casamento é para o bem da família. Ele garante nosso legado, assegura estabilidade. Você não consegue ver além dos seus próprios caprichos?"
Respirei fundo, tentando conter a tempestade de emoções que crescia. "Eu não serei manipulada, Pai. Não de novo. Me diga a verdade."
Antes que ele pudesse responder, Victoria interveio com um sorriso malicioso. "Oh, querida Emily, você não é a única com segredos."
As palavras de Victoria pairaram no ar, uma nuvem sombria ameaçando obscurecer a verdade. Meu olhar alternava entre meu pai e minha madrasta, um crescente senso de pavor apertando meu estômago.
"Que segredos?" exigi, minha voz mais afiada agora.
O sorriso de Victoria se alargou, um brilho predatório em seus olhos. "Seu pai escondeu algo de você, Emily. Algo que pode mudar tudo."
A expressão do meu pai endureceu, e eu podia sentir uma tempestade se formando sob sua fachada estoica. "Victoria, chega."
Mas ela se deleitava com o drama que se desenrolava. "Henry, querido, ela merece saber. Afinal, ela é a chave de tudo."
Senti um calafrio percorrer minha espinha, uma sensação de afundamento de que qualquer revelação que me aguardava era mais profunda do que eu poderia imaginar. O quarto parecia se fechar, as paredes ecoando com o peso de verdades ocultas.
"Diga a ela, Henry," Victoria provocou, sua voz um sussurro venenoso.
O olhar do meu pai encontrou o meu, uma mistura de arrependimento e resignação em seus olhos. "Emily, há algo que você precisa saber."
As palavras do meu pai pairaram no ar, um silêncio pesado envolvendo o quarto. Que revelação me aguardava, e como ela destruiria a base do meu entendimento?
