Capítulo dois
PONTO DE VISTA DE HAYLEE
As palavras dele "estéril" na minha cabeça rolam como se fosse minha sentença de morte. Cada palavra corta mais profundamente do que qualquer espada poderia. Eu congelo e minha mão voa para meu estômago onde nosso bebê - meu único bebê - cresce, alheio ao que seu pai está fazendo.
"Você não pode estar falando sério," eu sussurro com um fôlego trêmulo. "Três anos, Aiden. Três longos anos."
Aiden ri, vestindo suas calças despreocupadamente. "E o que esses três anos me trouxeram? Um quarto de bebê vazio e uma esposa que não consegue cumprir nem a promessa mais básica."
"Dever básico?" As palavras são amargas na minha mente e veneno na minha língua. "É só isso que eu sou para você? Uma máquina de reprodução?"
"Entre outras coisas." Ele dá de ombros, seu olhar cortando para Arielle, que ainda está sentada na nossa cama - minha cama - envolta apenas pelos lençóis ao redor de seu corpo pálido e nu.
Minha dama de companhia sorri enquanto a vitória brilha em seus olhos. "O Alpha Aiden merece uma Luna que possa lhe dar herdeiros, Luna Haylee. Alguém como eu."
"Você?" Eu rio, embora soe vazio até para mim mesma. "A mulher que jurou ser leal a mim? A mulher a quem eu contei tudo?"
"Eu jurei lealdade ao Alpha," Arielle responde, soando condescendente. "E além disso, Aiden e eu nos conhecemos muito antes de você aparecer. Estávamos destinados a ficar juntos antes de você entrar na história."
Eu olho para Aiden, esperando ver algum vestígio do homem com quem me casei - o homem pelo qual eu abandonei tudo. "Isso é verdade?"
Então ele passa a mão pelo cabelo bagunçado e dá de ombros entediado. "Arielle foi meu primeiro amor, antes de você chegar à Shadow Pack. Foram apenas circunstâncias que nos mantiveram separados."
"Circunstâncias?" Arielle interrompe, ácido em seu tom. "Você quer dizer quando foi enganado por uma forasteira com um rosto bonito e algumas promessas vazias?"
Eu posso sentir minha loba se mexendo sob minha pele, a raiva fervendo logo abaixo da superfície. Como descendente do maior Alpha que já existiu, eu poderia - eu poderia - eu poderia destruir este quarto com o poder - o poder que eu escondi porque me importo com este vento insensível.
"Eu rejeitei tudo por você," eu sussurro, minha voz um rosnado perigoso. "Minha identidade, minha linhagem, meu domínio legítimo. Tudo para ser sua Luna."
Aiden ri e é um som frio, estranho. "Que direito de nascimento? Você era ninguém quando eu cheguei - uma loba solitária procurando um lar. Eu te dei propósito, posição, respeito."
Meus punhos se fecham ao meu lado. Se ele soubesse a verdade.
"Pegue suas coisas e saia dos meus aposentos até o pôr do sol. E com isso considere nosso acasalamento terminado."
"Anulado?" É uma palavra que se transforma em gelo nas minhas veias. "Você não pode simplesmente -"
"Eu posso e estou fazendo," ele me interrompe, sua voz grave de Alpha preenchendo o espaço. "Como Alpha da Shadow Pack, eu nego você, minha companheira e minha Luna."
A rejeição veio em palavras oficiais que pareciam golpes físicos. Com cada sílaba, ele está quebrando nosso vínculo de companheiros - um vínculo que eu pensava ser sagrado e que agora está sendo destruído por sua vontade.
"Você vai se arrepender," eu aviso, ouvindo minha loba gritar de dor enquanto o vínculo entre nós começa a se romper.
"O único erro que cometi foi acreditar que você poderia ser digna de ser minha Luna." Ele se vira para o outro lado, longe de mim e em direção a Arielle. "Minha verdadeira companheira voltou para mim. Não desejo mais uma estranha estéril."
O sorriso vitorioso de Arielle se alarga, e ela agarra a mão de Aiden. "Meu amor, agora podemos ficar juntos. Nós fomos feitos para ficar juntos, afinal."
Algo profundo em mim se quebra - não apenas meu coração, mas algo baixo e primal. O vínculo de companheiros rompido me choca com agonia. Eu me seguro na moldura da porta para não cair.
"Então é isso?" Eu sussurro, minha voz pequena e hesitante. "Três anos de casamento, todas as coisas que fiz por você nos bastidores para fortalecer sua matilha, todas as noites que deitei ao seu lado - não significam nada?"
"Que trabalho?" Aiden zomba. "Fazendo festinhas com as outras Lunas? Fazendo pose nas reuniões da matilha? Não se ache, Haylee."
Isso faz meu sangue ferver com a rejeição dele. E se ele algum dia descobrisse a verdade por trás de tudo, se ele algum dia soubesse que suas vitórias diplomáticas, suas alianças, seu alerta vermelho no Conselho Alfa— tudo isso: minha mente, meus contatos, minha direção.
"Você tem uma hora para arrumar o básico," ele acrescenta. "O resto das suas coisas será enviado para você... em algum lugar. Não me importa para onde você vai."
"E se eu me recusar a sair?" desafio, me erguendo mais alta.
Seus olhos brilham perigosamente, a autoridade de seu Alfa emanando dele para tentar me assustar. "Então as pessoas vão te carregar nos ombros. Você não é mais bem-vinda na Matilha das Sombras."
Eu rio amargamente. "Você me mandaria embora sem nada? Depois de tudo que fiz por você!"
"Fez por mim?" Ele se aproxima, sua voz baixando para um sussurro sinistro. "Vamos ser honestos, Haylee. Você se aproveitou da minha generosidade. Você não acrescentou nada a esta matilha além de mais uma boca para alimentar."
Eu sinto meu segredo nos lábios, exigindo ser confessado. Ele nunca seria tão arrogante se soubesse a verdade sobre mim. Mas algo me impede. O bebê. Meu bebê. O que ele faria se soubesse que estou grávida?
"Tudo bem," digo, sentando-me, endireitando a coluna. "Eu vou embora. Mas guarde bem este momento, Aiden Fenrir. Lembre-se do dia em que você afastou a única pessoa que realmente te amou pelo que você é, não pelo que você poderia dar a ela."
"Poupe o teatro," ele acena com a mão. "Arielle será uma Luna muito melhor do que você jamais seria. Ela conhece a política da matilha, as tradições —"
"E ela obviamente é muito boa em manter sua cama quente, pelas minhas costas," retruco, incapaz de segurar.
Arielle ri, e o som deixa meus nervos já à flor da pele ainda mais tensos. "Só porque eu posso agradar seu marido de maneiras que você nunca conseguiu, não odeie, sua mimada metida."
"Futuro marido," Aiden corrige automaticamente, sua mão pousando de forma possessiva no ombro de Arielle. "Faremos a cerimônia de rompimento ao pôr do sol. Você pode ficar de fora."
As palavras dele caem sobre mim como um golpe nauseante de água fria. Uma cerimônia de rompimento — a afirmação máxima de uma rejeição de companheiro. Isso é raramente feito, e nunca sem consequências sérias.
"Você vai se arrepender disso," murmuro.
Eu me arrependo de três anos de tempo gasto com você. Seus olhos se estreitam. "Uma hora, Haylee. Nem um minuto a mais."
Viro-me para partir, a dignidade sendo minha última posse. Mas a voz de Arielle me detém.
"Ah, e Haylee? Você vai precisar de mim como sua dama de companhia novamente." É meio bobo, não é?" Ouço a risada dela enquanto me afasto, desmoronando a cada passo.
Mas enquanto me dirijo ao meu escritório privado — o único lugar nesta casa da matilha que realmente sinto que pertence a mim, e não à mansão velha e assustadora — deixo as primeiras lágrimas escaparem. Não lágrimas de tristeza, mas de fúria. De determinação.
Minha mão se move novamente para minha barriga, uma proteção feroz inundando meu ser. "Agora somos só você e eu, pequenino," digo, levantando a mão até seu pequeno peito. "E eu prometo, nós vamos ficar bem."
Pego uma foto na minha mesa, um pequeno retrato — minha única fotografia dos meus pais. Os líderes dos lobos na história da humanidade, Alfa Ragnar Wolf e Luna Serena. Minha herança, meu direito de nascimento.
"Estou voltando para casa," digo às faces sorridentes na fotografia. "E quando eu voltar, vou recuperar tudo que é meu."
Enquanto enfio os poucos itens que não posso abandonar em uma mochila, meu celular vibra com uma mensagem de Scarlett:
'O trabalho de preparação está feito, Luna. Sua matilha estará aqui quando você voltar.'
Tempo perfeito. Afinal, eu tenho um lugar para ir.
Enquanto fecho minha mala, uma dor lancinante atravessa minha barriga. Caio de joelhos, ofegante, enquanto manchas vermelhas aparecem no carpete abaixo de mim.
"Não," sussurro em choque, olhando para o sangue nas minhas roupas. "Não, por favor, não meu bebê…"
