Capítulo Cinco
PONTO DE VISTA DE AIDEN
Corro para fora do prédio principal da Alcateia da Lua Prateada, com raiva e descrença percorrendo minhas veias como veneno. Meu lobo se agita freneticamente sob minha pele, desesperado para girar sobre nossos calcanhares e defender o que é nosso. Cinco anos. Cinco malditos anos sem perceber que eu tinha filhos.
"Alfa Aiden!" Delta Ross grita, correndo para me encontrar quando finalmente chego à fronteira do território. "O que aconteceu? Você parece pronto para despedaçar alguém.”
"Pegue o carro," eu rosno, minha voz não é humana. "Estamos saindo. Agora."
Ross olha ao redor com meu tom, mas sabe que é melhor não me desafiar quando estou assim. Ele corre para pegar nosso veículo, enquanto eu permaneço congelado, processando o que acabou de acontecer.
Os gêmeos são meus. Meus. O cheiro me chamou no segundo em que cruzei os terrenos da alcateia, mas vê-los de perto validou isso. Aqueles garotos têm o sangue de Fenrir tão claro quanto possível. Cópias idênticas, como eu disse àquele pai impostor.
Xavier Carters. Só dizer seu nome faz minhas presas crescerem. O braço dele em volta de Haylee, do jeito que ele reivindicou meus filhos como seus — a lembrança faz meu lobo uivar de raiva.
"O carro está pronto, Alfa," Ross diz, me tirando de meus pensamentos assassinos.
Entro no banco do passageiro e bato a porta com força suficiente para fazer a caminhonete inteira tremer. Ross se afasta e nos dirige para a Pousada Lago de Prata sem dizer uma palavra.
"Você sabia?" Eu finalmente digo, observando as árvores passarem pela janela.
"Saber o quê, Alfa?"
Que a Luna Haylee estava grávida quando ela foi embora.
O cheiro de Ross muda de repente para ansiedade e culpa. Minha cabeça se vira para ele. "Você sabia?"
"Eu... eu tinha uma ideia," ele diz, apertando o volante. "O cheiro dela era diferente semanas antes de ela desaparecer. Mas com tudo acontecendo com a rebelião da alcateia e as alegações de Lady Eliza..."
"Você deveria ter me contado," eu digo, o tom da minha voz perigosamente baixo.
"Faria alguma diferença?" Ross ousa perguntar. "Você acreditava que Luna Haylee tinha te traído. Você não ouviria de outra forma de ninguém."
As palavras dele me atingem como um golpe. Ele está certo — nós dois sabemos disso. Eu era um Alfa diferente cinco anos atrás — arrogante, manipulável e julgador. Eu tinha caído nas mentiras de Eliza sobre Haylee conspirando contra mim com alcateias estrangeiras. Eu a confrontei publicamente, eu a humilhei, eu a rejeitei.
"Eles são meus filhos," eu digo, mais para mim mesmo do que para Ross. "E eles se referem a outro homem como 'Papai'."
Ross estaciona no estacionamento da pousada e desliga o motor. "O que você vai fazer?"
"Vou fazer o que for preciso para recuperar o que é meu," eu respondo, minha determinação se solidificando. "Meus filhos conhecerão sua verdadeira herança. E Haylee." Aqui eu faço uma pausa, a imagem do rosto adorável dela franzido de raiva passando pela minha mente. "Haylee saberá como é ser minha companheira."
"Bem, Alfa, com todo o respeito, esse Xavier parece profundamente enraizado na vida deles. Os meninos obviamente o amam."
Saio do carro, batendo a porta mais uma vez. "Ele não é o pai deles. Eu sou."
Reservei a maior suíte disponível na modesta pousada — ainda nada comparado ao que estou acostumado, mas desde que perdi o status de Alfa, os recursos da Alcateia Sombra têm sido um pouco escassos. Outro erro que planejo corrigir.
"Me consiga tudo o que puder sobre Xavier Carters," digo a Ross quando ele entra com nossas malas. "Preciso saber quando ele conheceu Haylee — como ele se tornou o Alfa da Lua Prateada e que tipo de relacionamento ele tem com meus filhos.
"Imediatamente," Ross acena, já pegando o telefone.
Sozinho no meu quarto, ando como o predador enjaulado que sou. Os rostos dos gêmeos me mantêm acordado — fotocópias das minhas próprias fotos de bebê. Kael e Lior. Até seus nomes carregam força. Como seriam chamados, se eu soubesse? A pergunta inspira uma dor inesperada.
Meu telefone toca e interrompe meu pensamento. Elder Malek, sorrindo, um dos únicos membros do conselho da Alcateia Sombra que ainda me apoia.
"Elder," eu respondo, a palavra saindo da minha boca sem emoção, minha cabeça uma bagunça.
"Aiden," ele diz, omitindo as formalidades, como de costume.
"Você entrou em contato com Luna Haylee?"
"Sim."
"E? Teve alguma sorte em fazê-la se aproximar ainda mais da nossa petição ao Alto Conselho?”
Eu hesito, escolho minhas palavras cuidadosamente. Se eu anunciar os gêmeos muito cedo, os anciãos vão se aglomerar como abutres, vendo os meninos como peões para elevar nossa alcateia à sua antiga glória.
"Houve uma... complicação," eu finalmente digo. "Luna Haylee está agora noiva do Alfa Xavier Carters."
Você pode ouvir Malek prender a respiração do outro lado da linha. "O Alfa da Lua Prateada? Isso é inesperado. Isso solidificaria muito ambas as alcateias."
“Tem mais,” continuo, escolhendo dar apenas um pouco. “Acho que posso ter encontrado uma maneira de mudar tudo para a Matilha das Sombras. Mas preciso de tempo para verificar.”
"O que você encontrou?" pergunta Malek, seu tom carregado de interesse.
"Não pelo telefone," respondo. “Entrarei em contato quando tiver mais informações. Mantenha os outros anciãos ocupados por agora, focando na disputa territorial com as matilhas do Norte.”
Desligo a chamada e caminho até a varanda do meu quarto, respirando o ar fresco da noite. Consigo ver as luzes distantes do território da Lua Prateada daqui. Minha companheira de vida, meus filhos estão em algum lugar dessas florestas vivendo uma vida da qual eu deveria fazer parte.
Minha reflexão é interrompida por uma batida na porta. Ross entra sem esperar por uma resposta, com um tablet na mão.
“Tenho algumas informações sobre Xavier Carters,” ele anuncia e me entrega o dispositivo. Cinco anos atrás, ele desafiou o Alfa anterior e tem sido o Alfa da Lua Prateada desde então. Rumores dos membros da matilha dizem que ele encontrou Luna Haylee quase morta no território deles e a cuidou até que ela se recuperasse. Quando ela se recuperou e teve gêmeos, ele os reivindicou como seus.”
“Ótimo timing,” murmuro, rolando as informações.
“Tem mais,” continua Ross, seu tom me fazendo olhar rapidamente para cima. “Não foi até Xavier se tornar Alfa que ele conseguiu seu principal executor. Antes disso, ele era Operativo de Inteligência do Alto Conselho.”
“Um espião?” Fico imediatamente intrigado.
“Não um espião comum,” continua Ross. “Ele foi treinado em infiltração e extração de inteligência. Ele era conhecido por sua habilidade de se aproximar dos alvos sem levantar suspeitas.”
Uma sensação de desconforto se instala em meu estômago. “Você não está insinuando que o encontro dele com Haylee foi uma coincidência?”
“Não estou insinuando nada, Alfa,” diz Ross, cautelosamente. “Mas o timing é... interessante. Luna Haylee deixa sua matilha, grávida de seus herdeiros, em desgraça, e convenientemente cai na fronteira de uma matilha cujo Chefe de Segurança tem conexões com o Alto Conselho?”
Minha imaginação corre solta com possibilidades, nenhuma boa. “Consiga tudo sobre as missões de Xavier para o Conselho, especialmente qualquer trabalho que remonte a mais de cinco anos.”
“Isso não será fácil,” Ross adverte. “Esses registros são selados.”
“Encontre um jeito,” digo, agora sem paciência. “E quero vigilância na casa da Matilha da Lua Prateada. Preciso saber os horários deles, quando os gêmeos estão sozinhos, quando saem do território da matilha, tudo.”
Ross parece preocupado. “Alfa, você não vai —”
“Vou conhecer meus filhos,” interrompo. “Pelos canais certos, se possível. Mas de um jeito ou de outro, estarei na vida deles.”
“E Luna Haylee?” ele ousa perguntar.
Penso na beleza feroz dela hoje, como os anos só a tornaram mais profunda, como ela carrega aquele poder físico mais, não menos. O vínculo de companheiros, inativo por tanto tempo, se acendeu no segundo em que pus os olhos nela novamente. Ela também sentiu isso – eu sabia por causa de como ela respondeu à minha presença, mesmo com seu ódio absoluto.
“O vínculo de companheiros é inquebrável,” finalmente digo. “Ela pode negar o quanto quiser, mas ela é minha. Haylee é minha. Sempre foi.”
“E o noivado dela com Xavier?”
Um rosnado ressoa em meu peito. “Um obstáculo temporário. Quando ela ouvir o que eu acho que ela não sabe sobre seu querido noivo, será outra história.”
Ross assente, embora seu cheiro esteja impregnado de dúvida. Ele vai fazer os arranjos que pedi, e eu volto para a varanda, olhando para o território distante que contém tudo que perdi.
Meu telefone vibra com uma mensagem de um número desconhecido. Meu coração dispara quando abro e vejo uma foto dos gêmeos brincando em algo que parece um parque.
A mensagem abaixo é direta: Quer conhecer seus filhos de verdade? Amanhã. 14h. Parque do Lago Prateado. Venha sozinho.
Olho para a tela, a suspeita e a esperança lutando dentro de mim. Isso é uma armadilha? Ou alguém na Matilha da Lua Prateada está me dando uma chance?
De qualquer forma, estarei lá. Não havia nada que pudesse me impedir de ter a chance de conhecer meus filhos. Nem Xavier, nem Haylee, nem a possibilidade de entrar em perigo.
O que eles não percebem é que já estou planejando – um plano que me dá acesso aos meus filhos e, com sorte, qualquer jogo que Xavier esteja jogando. E se eu estiver certo sobre ele, Haylee não terá escolha senão ver isso.
A pergunta que me atormenta enquanto a noite se instala não é se vou ter sucesso – é o que Xavier fará quando descobrir que estou prestes a derrubar tudo o que ele construiu sobre mentiras.
