Capítulo 4

O punho de Chris se fechou, seus nós dos dedos ficando brancos. Ele sabia que a família Seymour não gostava de Scarlett, mas nunca imaginou que eles iriam tão longe.

"Esqueça eles," ele disse, respirando fundo para manter a voz firme. "Se as coisas piorarem, você pode morar comigo."

Scarlett se virou para ele com um sorriso que finalmente tinha um pouco de calor. "Obrigada, Chris, mas eu não posso sair ainda."

Ela ainda tinha assuntos inacabados, perguntas que precisavam de respostas antes que pudesse deixar a Villa Seymour.

Chris suspirou pesadamente, sentindo-se impotente. "Os círculos sociais estão alvoroçados com o noivado de Sebastian e Edith no próximo mês. George Howard já começou os preparativos. Não os enfrente de frente."

Scarlett olhou para as sombras salpicadas do lado de fora da janela. "Noivado? Isso é bom."

"Bom?" Chris levantou uma sobrancelha. "Eu vejo através de você. Sebastian não vale a pena. Ele ainda está envolvido com você enquanto planeja se casar com sua meia-irmã. Ele não presta—por que você está tão fixada nele?"

"Eu sei," Scarlett sorriu resignada. "Tenho tentado acabar com isso. O noivado deles não tem nada a ver comigo."

Chris claramente não acreditou. Ao longo dos anos, Scarlett havia dito muitas vezes que iria terminar com Sebastian, mas cinco anos depois, ela ainda não tinha conseguido.

"Tá bom, mas você deveria largá-lo mais cedo ou mais tarde." Chris parou de insistir e remexeu no porta-luvas, puxando uma caixa de balas de menta. "Coma algo doce para esfriar sua raiva."

Scarlett colocou uma bala na boca, o sabor fresco da menta se espalhando e acalmando um pouco sua irritação. O carro parou perto da propriedade Seymour. Ela abriu a porta. "Estou indo."

"Me ligue se precisar de alguma coisa," Chris gritou atrás dela.

Scarlett não olhou para trás, apenas acenou enquanto desaparecia nas sombras do beco.

Quando voltou para a Villa Seymour, as luzes da sala ainda estavam acesas. Brianna estava sentada no sofá quebrando sementes de girassol.

Ao ver Scarlett entrar, ela jogou as cascas com um sorriso de desprezo. "Então você decidiu voltar? Achei que tivesse fugido com o Sr. Wright."

Scarlett a ignorou e foi direto para as escadas.

"Pare aí mesmo!" Brianna latiu. "A partir de hoje, você não sai desta casa sem a minha permissão! Mal consegui acalmar o Sr. Campbell. Se você causar mais problemas, vai se arrepender!"

Scarlett parou, virando-se para dar-lhe um olhar frio. "Isso é prisão domiciliar? A família Seymour realmente me trata como uma prisioneira."

"O que mais você esperava?" Brianna se levantou, mãos nos quadris. "Melhor do que deixar você nos envergonhar em público! Fique quieta e não cause mais problemas!"

Scarlett não se deu ao trabalho de argumentar. Ela se virou e subiu para seu quarto no sótão. Ela se jogou na cama, olhando para a tinta descascada no teto, seus pensamentos em desordem.

Acabar com isso? Ela realmente queria. Cinco anos atrás, ela havia seduzido Sebastian simplesmente para garantir sua posição na família Seymour, para mostrar àqueles que a intimidavam que ela não era alguém para ser empurrada.

Além disso, ela pensava que um dia poderia conquistar o coração de Sebastian.

Mas cinco anos depois, ele ainda não lhe dava um lugar adequado em sua vida. Ele era tão claro, tão friamente racional que era assustador—cinco anos inteiros juntos, e nem um pingo de afeição extra.

Ela e Edith eram oficialmente meias-irmãs, compartilhando o mesmo pai, mas com mães diferentes. A irmã se tornou a esposa, enquanto a meia-irmã se tornou a amante? Que piada ridícula.

Enquanto ela refletia, a porta do sótão foi aberta com força.

"Ainda viva?" Edith olhou para Scarlett na cama, chacoalhando deliberadamente a caixa de joias de veludo em sua mão. "Olha o que eu tenho."

Ela jogou a caixa na escrivaninha. A tampa se abriu, revelando um colar de safira que brilhava dolorosamente na luz fraca.

"Do Seb," Edith cruzou os braços, o queixo erguido alto como um pavão triunfante. "Seb disse que essa safira complementa meu tom de pele. Veja, não fica bem em mim?"

Scarlett olhou para o colar, imaginando Sebastian levando Edith para fazer compras, os dois íntimos e afetuosos.

Enquanto ela era maltratada, Sebastian cortejava Edith como um amante devotado. A constatação feriu seu coração, a ironia quase insuportável.

"Eu não saberia dizer," ela disse, sentando-se com um leve sorriso nos lábios. "Embora eu suspeite que Sebastian possa preferir alguém mais como eu."

Ela se inclinou deliberadamente para a frente, seu colarinho abrindo ligeiramente para revelar um vislumbre de pele suave. Seu tom carregava um toque de desafio. "Afinal, às vezes os homens preferem rosas com espinhos a vasos dourados. Não acha, Edith?"

O rosto de Edith congelou, quase deixando cair a caixa de joias. O que ela mais odiava era como Scarlett, apesar de sua posição humilde, conseguia atrair a atenção de todos com seu rosto e corpo — incluindo a de Sebastian.

"Que bobagem!" A voz de Edith escureceu, seus olhos cheios de ciúme e raiva. "Seb prefere garotas adequadas e dignas, não alguém como você..."

Ela parou, percebendo que nem ela mesma acreditava em suas próprias palavras. Cravou as unhas na palma da mão, forçando uma postura orgulhosa e composta. "Eu sei que você está com inveja de mim, mas não importa. Seb e eu vamos nos casar em breve. Vamos ver como você continua sonhando então!"

Ela fechou a caixa de joias e se virou para sair, seus passos apressados, claramente abalada pelas palavras de Scarlett.

"Até logo." Scarlett se recostou na cabeceira, observando a figura de Edith se afastando, seu sorriso se aprofundando.

Na porta, Edith parou, mas não se virou. "Scarlett, saiba qual é o seu lugar. Algumas coisas não são suas para pegar, não importa o quanto você tente."

A porta se fechou suavemente, bloqueando a luz de fora. O sótão voltou à escuridão, e o sorriso de Scarlett desapareceu, deixando apenas frieza para trás.

Pegar? Quando foi que ela pegou alguma coisa? Ela estava desesperadamente tentando se afastar.

Às onze daquela noite, a tela de seu celular acendeu com uma mensagem de Sebastian: [Encontre-se no lugar de sempre amanhã à noite.]

O lugar de sempre era a cobertura privada de Sebastian no centro da cidade, com vistas panorâmicas de todo o cenário noturno da cidade.

Ela suprimiu sua frustração, respirou fundo e respondeu: [Acabou.]

Em segundos, seu celular vibrou novamente com a resposta de Sebastian — breve, mas carregando uma autoridade inegável: [Eu já te disse, não é você quem decide.]

Scarlett olhou para aquelas palavras e de repente riu. Não era sua decisão? Sebastian sempre foi assim — dominador, sempre pisando em seus desejos. Quem ele pensava que era? Ele realmente acreditava que ela não podia viver sem ele?

Ainda assim, o poder de Sebastian era esmagador. Em seu relacionamento desigual, ela não tinha o direito de dizer não.

Ela respirou fundo, fechou a mensagem e jogou o celular de lado sem responder. Deitou-se novamente em sua cama.

Se ele insistisse nesse emaranhado, ela jogaria junto. E enquanto isso, não deixaria que Edith tivesse vida fácil também.

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