


1- Orando
Ela nunca tinha rezado pela morte antes.
Bem, ela nunca tinha rezado pela morte de outra pessoa antes e não gostava de pensar nas vezes em que quase encontrou a própria. Aqueles dias estavam enterrados como todo o resto.
Aisha olhou para a coleção espalhada em sua mesa e esperava estar fazendo tudo certo. Pelo menos meia dúzia de seus colegas de classe chamariam aquilo de ocultismo. Provavelmente vinte ou mais perguntariam se ela praticava Vodu. Ou se cortava galinhas na pia e bebia o sangue.
"Horus," ela sussurrou, "Me dê força."
Não apenas para a miséria dos mal-entendidos que ela enfrentava todos os dias no campus. Mas para o que estava prestes a fazer. A vontade de parar era forte—de guardar tudo e confiar na polícia. Mas ela sufocou o medo, forçou-o para baixo até que tudo o que restasse fosse determinação. Ela não tinha espaço para dúvidas, não mais. Aiko precisava dela e ela faria o que fosse necessário, custasse o que custasse, não importava o que os outros pensassem.
Em defesa de seus colegas, ela entendia como parecia para todos: roupas todas pretas, sapatos punk com spikes, cabelo afro cacheado e uma coleção de amuletos pagãos pendurados no pescoço. Esse era o choque cultural de frequentar a Universidade Worthington. Prestigiosa e protegida. Afluente e inculta. Todos lá se encaixavam no molde, exceto Aisha e Aiko. Era irônico, ela percebeu, para uma instituição baseada no aprendizado, estar tão cheia de pessoas ignorantes e sem educação. Mas pessoas ignorantes não eram novidade. Especialmente quando alguém era diferente.
Eles a chamavam de bruxa pelas costas. E com base no que ela estava prestes a fazer, eles estavam pelo menos meio certos.
Aisha tentou não se concentrar nas queixas cansadas que tinha com sua universidade. Ela havia se ensinado a não se importar, a não sentir quando as pessoas olhavam. A não levar nada para o lado pessoal. Era seu último ano e ela já havia se rendido à realidade de sua situação—ela nunca se encaixaria.
Ela olhou novamente para os itens individuais espalhados pela mesa. Alguns ramos secos, uma pequena bacia de água ungida, uma faca delicada e afiada. Ela observou a pena de Íbis no canto, tremulando suavemente na brisa quente da noite que vinha da janela aberta. Não era de um Íbis sagrado, é claro, não daqueles que os faraós de antigamente apreciariam. Essas aves eram uma espécie extinta no Egito hoje em dia. Uma das muitas coisas terríveis pelas quais os humanos eram responsáveis. Embora fosse de outra espécie de ave grande, ela esperava que fosse suficiente para apelar aos deuses. A um deus em particular.
"Horus, o divino, rei dos reis," sua voz era quase um sussurro, "Tenha piedade de mim."
Acariciando com o dedo a cabeça de sua estátua de Horus e descendo até o bico pontudo, Aisha verificou se estava completamente seca. Já havia tomado o cuidado de lavar a estátua com um pano morno de água ungida. Passou sobre as linhas ásperas de sua estátua barata, prendendo os fios finos do pano. O preço não importava quando se tratava de divindade. O ritual era o que importava. Respeito. Lembrar dos deuses.
Essa era a única coisa boa que sua mãe havia lhe ensinado e essas ferramentas eram as poucas coisas da mãe que ela conseguia suportar estar por perto.
Envolvendo os pés nus da estátua em linho branco e fresco, ela se sentiu grata por ter comprado o tecido mais fino. Horus apreciaria a sensação mais suave em seus pés. Aisha continuou a envolver, demonstrando sua disposição em servi-lo, em se doar em troca de seu pedido. Porque sua vida não importava. Nunca importou. Pelo menos sua vida miserável poderia comprar algo que valesse a pena: vingança. E respostas.
A única coisa que importava agora era sua intenção, o que estava em seu coração—ira gelada, luto selvagem e desenfreado.
Quando terminou de vestir os pés sagrados de pedra, Aisha derramou um pouco de óleo de palma na mão, alisando sobre a testa e os ombros da estátua, deixando escorrer sobre o pano, passando ao redor do disco solar que ele usava na cabeça. Ela recuou mais uma vez para deixar a umidade secar.
Pavios de velas baixos, junto com a nebulosidade de seus olhos vidrados, deixavam o quarto mais imerso em sombras do que em luz. Aisha sentiu algo se formando ao seu redor, sentiu como se o universo se ajoelhasse para dizer, tudo bem, pequena mortal, estou ouvindo. O que você tem a dizer? Ela sentiu uma lágrima deslizar por sua bochecha e não se preocupou em enxugá-la. Por mais que se forçasse a não sentir, as lágrimas traíam sua dor. E pânico. E medo. E raiva.
Então ela se viu fervendo na terceira fase de seu luto, pronta para fazer um acordo. Ainda poderia ser chamado de luto se não houvesse encerramento, nenhum corpo, ela se perguntou? As pessoas podiam lamentar qualquer coisa. Um emprego perdido. Um objeto perdido. Uma pessoa perdida. Mesmo que não tivessem sido confirmadas como mortas. Então sim, ela poderia chamar de luto. Sua melhor amiga estava desaparecida. E ninguém estava tentando encontrá-la. Ninguém dava a mínima.
E Aisha sabia com quem ela foi vista pela última vez.
Eles sabem o que aconteceu com Aiko, ela pensou. Não. Eles não apenas sabiam... Eles eram responsáveis pelo que aconteceu com ela. Aisha não precisou ouvir muito bisbilhotando na última semana para saber disso em seu coração. Ela só precisava provar.
Aisha voltou os olhos para a cama vazia de Aiko. O pequeno estúdio delas não era feito para duas pessoas, mas a senhoria era uma doce mulher negra na casa dos sessenta. Ela não se importava em alugá-lo para duas estudantes universitárias em dificuldades, desde que mantivessem o silêncio e pagassem o aluguel.
A diferença nas almas delas era claramente visível na maneira como decoravam seus espaços. O lado de Aiko era em vários tons de rosa e creme, com memorabilia de Sailor Moon por toda parte. Pequenos potes de maquiagem pastel, ursinhos de pelúcia e gatinhos da feira estadual do ano passado. Perfume que cheirava a doce. A coisa mais escura que ela possuía era um pôster do elenco de The Vampire Diaries. Seu único vício sombrio.
E o de Aisha era o lado sombrio oposto da moeda. Lençóis pretos, cômoda preta, travesseiros pretos. Vazio. Nada pessoal. Nada agradável de se olhar. Além de sigilos, amuletos e suas estátuas de divindades, o lado de Aisha não tinha nada de característico. Poderia ser o quarto de qualquer pessoa. Ela realmente vivia ali? Fora do trabalho, da escola e de Aiko... Aisha realmente existia? Alguém sequer dizia seu nome quando ela não estava por perto? Que diferença faria se dissessem? Ela não conseguia se conectar com as pessoas. Sua alma era alguns tons mais escura que a maioria. Isso era um crime?
Suspirando, Aisha deixou as últimas lágrimas caírem e pegou a vela, pingando algumas gotas de cera na imagem de Horus. Então ela pegou a lâmina e picou a ponta do polegar, pressionando a gota de sangue na testa dele, oferecendo uma bênção.
"Para o seu reinado e seu governo eterno," ela entoou, movendo o dedo ensanguentado para o coração dele, "Para sua esposa e seus filhos, que eles me ajudem a alcançá-lo." Aisha apertou a pele cortada para trazer uma nova gota de sangue e pressionou-a nos pés dele, "Para sua divindade e minha indignidade. Eu desejo barganhar, todo-poderoso Horus."
Aisha sentiu um arrepio frio de vento atravessar seu quarto. Ela pegou a pena do Íbis e passou sobre seu sangue na estátua, "Governante divino, eu vim como serva, para me colocar aos seus pés, para um vínculo, se for sua vontade. Ma'at está desequilibrada aqui. Ajude-me a corrigir isso. Empreste-me sua mão. Ou a mão de um filho. Conceda-me sua bênção. Eu atacarei com precisão."
O vento aumentou, jogando folhas de trabalhos de casa e anotações pelo quarto. Então a brisa sobrenatural se acalmou, cobrindo o quarto com uma quietude mais uma vez.
Aisha sorriu e cortou o próximo dedo, para começar de novo. Algo estava ouvindo.
Duas semanas antes
Aiko se acomodou no sofá, seu corte pixie preto emoldurando seus olhos verdes, e chamou Aisha, "Certo, casar, transar, matar: Damon Salvatore, Stefan Salvatore, Klaus Michaelson. Vai." Mais uma vez, Aiko havia tomado conta da televisão no estúdio delas para assistir The Vampire Diaries. Aisha suspirou para si mesma, então gritou, "Eu não quero jogar isso de novo, garota! Ninguém gosta tanto desse show quanto você, pelo amor de Deus! Eu gosto, mas não amo, sabe? Não me importo em casar, transar ou matar nenhum deles, para ser honesta. Não tem melanina suficiente para o meu gosto, querida."
Aisha estava ocupada tentando domar seu cabelo cacheado selvagem em dois coques no topo da cabeça e, droga, se não estava tendo dificuldade em fazê-los ficarem iguais. Ela tirou os grampos e desfez o coque para tentar de novo.
"Vamos, não seja difícil, só responde!" Aiko reclamou em resposta e Aisha pôde ouvir um saco plástico sendo aberto. Provavelmente seu saco de Skittles.
"Estou muito ocupada para isso! Vamos sair em trinta minutos e meu cabelo está sendo um inferno. E não coma meu doce. Aiko. Eu ouvi você abrir o saco."
O silêncio foi a confirmação.
Aisha precisava que seu cabelo ficasse fora do caminho para que o tatuador tivesse espaço para trabalhar em seu pescoço. Ela não estava exatamente planejando amaldiçoar os garotos nojentos da Kappa Nu Tau, mas também não estava exatamente planejando não fazer isso. Ela riu de sua piada estúpida. Veria onde o humor a levaria na próxima festa da fraternidade. Talvez houvesse um milagre de verão e aqueles atletas abusados tivessem aprendido algumas boas maneiras. Mas ela não estava prendendo a respiração.
Aiko estalou os dedos alto do outro quarto, trazendo Aisha de volta à pergunta.
"Vamos, você está realmente me fazendo responder?!" Aisha gemeu para seu reflexo no espelho do banheiro, "Você não podia ter colocado um Tyler Lockwood ou um Jeremy Gilbert?! Só para facilitar um pouco?"
"Primeiro de tudo, Jeremy Gilbert é gostoso de um jeito nerd. Eu digo isso o tempo todo. Você precisa sair dessa fase de bad boys," Aiko riu, "Nerds são melhores na cama. Pelo menos, é o que eu ouvi. E quem sabe, se eu conseguir fazer o Collin sair da casca..."
"Você é uma mentirosa! Collin quieto? Da aula de Arte 200? Não tem como você estar a fim dele. É impossível. Ele usa óculos com lentes de dois centímetros de espessura!"
"Ok, sim, isso é um problema, mas desde que não sejam dois centímetros onde importa, eu posso superar," ela ponderou seriamente, "Mas ele é engraçado, tipo, muito engraçado, quando ninguém mais está por perto e eu caí no colo dele no ano passado quando meu salto quebrou e ele cheirava MARAVILHOSAMENTE. Você sabe como um bom perfume me deixa de joelhos?!"
Aisha espiou do banheiro e jogou uma garrafa de água vazia direto na cabeça da amiga, "Você está cheia de merda. Seus hormônios estão descontrolados de novo."
"Ok, meus hormônios estão bem! Só uma de nós está ‘esperando a pessoa certa’ e essa é você," Aiko fez aspas no ar, "Quando você vai arrancar esse band-aid?"
Aisha suspirou, "Eu não sei... Quero dizer, olhe para mim em comparação com todo mundo na nossa escola... de jeito nenhum vou encontrar a pessoa certa aqui. Não é que eu não queira... mas eu não quero todas as perguntas idiotas sobre minhas roupas ou sobre meus colares. E com certeza não quero ninguém no meu espaço."
"Ah, qual é, o que você espera? Algum cara obcecado com a morte, que ama filmes de terror e acha rituais pagãos sexy? Isso é algo que você só vai encontrar em um chat online, só para descobrir que ele tem cinquenta anos e parece um esfregão molhado."
"Bem, isso acabou de me deprimir... obrigada."
"Pelo menos você provavelmente poderia se safar com o jeito que se veste," Aiko assegurou, "Os caras parecem achar o lance do látex sexy. Provavelmente não pelos motivos certos. E eu acho que as ligas e saias de colegial são incríveis."
"Isso é só porque você também as usa. E de qualquer forma, que diabos eu me importo em ficar com esses babacas de mente fechada? Você me aceita muito bem. Não há razão para eu não encontrar um cara que sinta o mesmo."
"Eu sou incrível, porém," Aiko riu, "Eu não conto. É só sexo, querida, como uma necessidade humana básica... E de qualquer forma, quando foi a última vez que você flertou com um cara?!"
"Eu me viro, ok?!" Aisha gritou, voltando para o banheiro, "Muda de assunto!"
"Tá bom... tá bom..." Aisha podia praticamente ouvir Aiko acenando com a mão para dispensar o tópico, "Então, Collin, certo? Ele é um nerd gostoso, o que você quer de mim? Eu posso realmente ser sapiossexual porque há uns cinco caras na minha aula de Física 302 e, meu Deus, quando eles respondem aquelas perguntas na aula, eu realmente acho que vou desmaiar. As únicas exceções à minha teoria dos nerds gostosos são os caras da Kappa Nu Tau. Agora, aqueles têm tanquinhos e nenhum neurônio. Eu também estou bem com isso."
Aiko riu, torcendo suas meias até o joelho da Sailor Moon impacientemente, "Vamos, o que vai ser? Casar... transar... matar...?"
Aisha bufou, irritada que ela ainda encontrou uma maneira de voltar a isso. "Tá bom! Hum, Casar com Damon, Transar com Klaus, Matar o Stefan."
O silêncio fez Aisha se encolher, sabendo o que viria a seguir, "VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA?! Você mataria o Stefan? Quem faria uma coisa dessas?! Você é um monstro absoluto. Ele é de longe o melhor personagem." Ela fingiu desmaiar nas almofadas do sofá.
"Você já sabia que eu ia matar o Stefan, ele é muito mole. Tipo, acho que ele passou uma temporada inteira chorando por causa da Elena," Aisha resmungou, "Damon aguentou como um campeão por anos até ela finalmente ceder."
Aiko explodiu em uma risada, "Tipo, quatro temporadas com certeza, vou te dar isso... e você definitivamente é uma serial killer... qualquer um que pudesse matar o Stefan não está bem da cabeça. Klaus é o vilão!"
"Primeiro de tudo, Klaus disse que era mau desde o começo. É por isso que eu gosto de vilões, quando você começa mau, só pode melhorar a partir daí... Ok, sua vez, mesma pergunta," Aisha riu, colocando um último grampo nos coques de cabelo combinando.
"Não! Não pode fazer a mesma pergunta duas vezes," Aiko balançou o dedo, "Regra da casa!"
"Como você pode fazer uma regra da casa na MINHA casa?"
"Nossa casa!" Aiko corrigiu, fazendo um sinal de paz e mostrando a língua, enquanto Aisha espiava ao redor da esquina, "Eu não me importo de quem é o nome no contrato, é nossa. E é definitivamente um lar."
"Sim, lembre-se disso da próxima vez que eu chamar os restos da sua mãe, tá?"
"E de qualquer forma, precisamos nos concentrar na tarefa em mãos. Vamos fazer tatuagens, querida! Profanar nossos corpos! Minha mãe vomitaria de verdade se soubesse." Ela pulou do sofá e fez sua dança feliz. A luz da tarde da janela a atingiu como uma aura, "Eu ainda não decidi o que fazer!"
"Quem diabos diz profanar nossos corpos?! Você tem oitenta anos?" Aisha riu, enchendo a palma com água para reumedecer os cachos nas pontas, "Jesus, você é boba. Só escolha algo que você realmente queira. Sempre vai haver algum idiota que vai chamar de cafona. Eu já sei o que vou fazer."
"Bem, se você tem tanta certeza, o que você vai fazer M&M? Um crânio? Um caixão? Uma garota demônio com um rabo pontudo?"
"Você sabe que eu odeio quando você me chama assim," Aisha revirou os olhos, saindo do banheiro para pegar os sapatos perto da cama. O apelido bobo começou lá no ensino médio, logo depois que Aiko encontrou todas as coisas antigas de ocultismo de Aisha escondidas no fundo do armário. Era a primeira semana de Aiko na escola desde que ela se transferiu no meio do segundo ano. Aisha estava acostumada a ser solitária, mas as duas se deram tão bem que Aisha a convidou para ir à sua casa.
E em algum momento, Aiko encontrou um cartucho e um ankh, junto com vários volumes grandes sobre mitos egípcios. Quando ela folheou o caderno de Aisha, a chamou de M&M, murder-mayhem (assassinato-caos), por todas as coisas que ela havia escrito sobre os garotos da escola. Aisha tinha certeza de que seria a última vez que elas falariam, porque ela era perturbada e Aiko não era. A nova garota iria evitá-la como todos os outros sempre fizeram. Mas ela não fez. No dia seguinte, Aiko estava de volta no mesmo lugar, perguntando sobre o que tudo significava e brincando o tempo todo. Elas eram inseparáveis desde então.
Aisha não odiava realmente o apelido, percebendo que provavelmente não poderia odiar nada que Aiko fizesse. Ela achava meio carinhoso o jeito que os olhos da melhor amiga brilhavam quando ela dizia isso. Como se Aisha fosse a heroína durona de um livro. Mesmo que ela fosse apenas uma solitária com uma atitude ruim.
"Só por isso, não vou te contar o que vou fazer," Aisha cruzou os braços em falsa indignação.
Aiko fez beicinho e correu a toda velocidade em sua direção, derrubando Aisha na cama, "Você tem que me contar!"
"Como diabos meu assassinato-caos acabou com seus arco-íris e corações?"
Ela sorriu, "Apenas sorte, eu acho. Um equilíbrio perfeito."
"Certo, se você precisa saber, curiosa," Aisha empurrou-se debaixo dela, "Vou fazer o Olho de Hórus na nuca..."
"O que é isso?"
"Um amuleto de proteção. Me mantém segura e prejudica qualquer um que tentar me fazer mal," Aisha disse sem um pingo de dúvida. Mesmo que não fosse real, era bom ter algo em que acreditar.
"Isso é muito legal. Você definitivamente vai ser minha BFF para sempre, certo?" Aisha se contorceu, olhando para Aiko com olhos expectantes. Por que ela estava perguntando?
"Porque eu realmente não quero que meu cabelo caia quando você estiver brava. Como naquele filme que você ama," ela respondeu como se tivesse lido a mente de Aisha.
"The Craft?"
Aiko fingiu tremer e saiu da cama. Ela calçou os sapatos e esperou por Aisha na porta, "Sim. Vamos, vamos, não queremos nos atrasar!"
"Certo! Certo! Estou indo, caramba."
Trinta minutos depois, Aisha estava deitada de bruços em uma cadeira de couro, rangendo os dentes enquanto o tatuador passava a agulha sobre sua coluna. O pescoço foi uma ideia terrível. Realmente terrível. Talvez a pior ideia que ela já teve. Quantos nervos um pescoço pode ter? Obviamente muitos. Mas era tarde demais para desistir agora. Ela chiou quando ele passou sobre o osso para sombrear a cor.
"Como você está, Ko?" Aisha chamou, o som abafado pelo acolchoado.
"Estou viva!" ela gritou de volta, igualmente abafada, "Por que você me deixou fazer isso na omoplata?"
"Porque nós sofremos juntas! Irmandade e toda aquela merda que você sempre diz," Aisha riu até sentir outro choque de dor nervosa subir pela coluna, "Droga."
"Desculpe," o artista murmurou.
"Devíamos fazer outra coisa também, algo pequeno," Aiko insistiu, "Como uma pulseira da amizade!"
"Você estava literalmente reclamando da dor?! Você é algum tipo de masoquista enrustida? Pode me contar se for, sabe?"
"Pare de se mexer, Puffs," o tatuador de Aisha resmungou. Ela gostava dele por algum motivo estranho, mesmo que ele não conseguisse lembrar seu nome. Em vez disso, ele continuava chamando-a de Puffs. E Aisha nem era um nome tão difícil de lembrar. Mas para um cara de pele pálida, coberto de tatuagens, ela gostava dele. Ela se perguntava se ele era o tipo de cara que achava a morte interessante.
Ela se tensionou. Não. As probabilidades eram de que sua atração provavelmente significava o que sempre significava: ela gostava de coisas que não eram boas para ela. Gostava de coisas que não gostavam dela. Ele tinha o cabelo preso em um coque bagunçado e dois piercings na sobrancelha. Ela continuava pensando em como o "equipamento" dele provavelmente era grande, já que seu cotovelo dobrado continuava roçando na coxa dele. Ele simplesmente dava grandes vibrações. Malditos hormônios, ela pensou. Talvez ela realmente precisasse apenas arrancar o band-aid como Aiko disse.
"Então... isso é um sim?"
"Sim, tanto faz, eu tenho que parar de falar ou Man Bun vai me matar," Aisha riu.
"Man Bun?" ele sussurrou em seu ouvido, um pouco profundamente demais. O hálito era fresco contra a pele quente onde ele tatuava.
"Puffs?" ela estava um pouco mais ofegante do que gostaria. Aiko estava certa... fazia muito tempo desde que ela havia flertado.
"Justo, Aisha," ele riu, então voltou a rasgar os nervos do pescoço dela.