Capítulo Dois: O Comando do Alfa
Charlie acordou com um sobressalto ao sentir alguém sacudindo seu ombro com força. Ela piscou, confusa e desorientada na escuridão de seu pequeno quarto. Seu cobertor fino foi arrancado, deixando-a exposta ao ar fresco da noite.
"Levanta," uma voz profunda e autoritária rosnou acima dela. O coração de Charlie afundou ao reconhecer a voz do Alfa, apesar de seu estado sonolento.
Greg estava de pé sobre ela, sua grande figura lançando uma sombra que pairava na luz fraca. Seus olhos escuros brilhavam com impaciência, e seu maxilar estava travado em uma linha dura. Charlie se apressou para se sentar, seu corpo ainda pesado de exaustão pelo trabalho do dia anterior.
"Limpe a bagunça da noite passada," ordenou o Alfa Greg, sua voz áspera e implacável. "Cada pedaço, cada grão de sujeira—tudo. A matilha vai acordar às sete, e o café da manhã deve estar pronto, ou você não vai comer nada. Entendeu?"
Charlie assentiu rapidamente, suas mãos tremendo enquanto se levantava. A presença do Alfa preenchia o pequeno quarto, sufocando-a, dificultando a respiração. Ela estava prestes a passar por ele quando sua fadiga a desacelerou o suficiente para testar a paciência dele.
"Você não me ouviu?" rosnou o Alfa Greg. Sem aviso, sua mão disparou e agarrou seu braço. Seus dedos cravaram dolorosamente em sua carne enquanto ele a puxava em direção à porta. A força do movimento a fez ofegar de dor, mas ela mordeu o lábio para não lhe dar o prazer de ouvir seu grito.
"Você não tem tempo para ser lenta," ele sibilou, apertando ainda mais. "Agora, se mexa."
Charlie assentiu freneticamente, sua respiração presa na garganta enquanto tropeçava para frente. Ela podia sentir o calor dos dedos de Greg mordendo sua pele, e sabia que haveria hematomas no formato de sua pegada. Ele a soltou com um empurrão brusco, e ela quase tropeçou nos próprios pés enquanto corria para fora do quarto.
O corredor estava escuro e silencioso, o resto da matilha ainda dormindo profundamente. Charlie se moveu rapidamente, seu coração batendo forte no peito enquanto se dirigia ao refeitório onde os restos da celebração estavam espalhados. A bagunça era pior do que ela esperava—pratos meio vazios, bebidas derramadas e decorações quebradas cobriam as mesas e o chão. Ela engoliu em seco, empurrando a dor no braço para o fundo da mente.
Ela pegou uma vassoura e uma pá, começando com os cacos de vidro deixados por convidados desajeitados. Suas mãos tremiam enquanto trabalhava, a memória do tratamento rude de Greg ainda fresca. O aperto dele parecia de ferro em sua pele delicada, e ela já podia sentir a familiar sensação de hematomas se formando em seu braço.
Mas não havia tempo para pensar na dor. Ela tinha quatro horas para limpar todos os vestígios da noite anterior e preparar o café da manhã para toda a matilha. Não podia se dar ao luxo de ser lenta, não se quisesse evitar mais punições. Seu estômago se contorcia de fome, mas a promessa de comida era uma esperança distante—uma que ela sabia que seria negada se não cumprisse as exigências do Alfa.
Os minutos passavam dolorosamente devagar enquanto ela varria e limpava, esfregando mesas, recolhendo pratos descartados e guardando a comida restante. Seu corpo gritava em protesto, seus músculos doendo com o esforço constante. Ela se movia o mais rápido que podia, mas a exaustão retardava seus passos, e seus membros pareciam de chumbo.
Quando terminou de limpar o refeitório, quase duas horas haviam se passado. O ar da noite há muito havia esfriado, infiltrando-se na casa da matilha e gelando-a até os ossos. Mas ela não podia parar agora. Ainda havia a área externa para cuidar—o lugar onde os lobos se reuniram para beber, rir e celebrar.
Charlie saiu, tremendo levemente no ar da manhã. A lua pendia baixa no céu, lançando longas sombras pelo quintal. Garrafas vazias e guardanapos amassados cobriam o chão, restos da alegria da matilha espalhados como detritos.
Ela trabalhou em silêncio, sua respiração formando pequenas nuvens enquanto se movia de um ponto a outro, recolhendo cada pedaço de lixo. Sua mente estava entorpecida de exaustão, seu corpo funcionando apenas pela pura força de vontade. Ela se forçava a ignorar a dor, a fome que roía seu estômago, focando apenas em terminar a tarefa antes do amanhecer.
Quando o último pedaço de lixo foi recolhido, o céu já começava a clarear com os primeiros sinais do amanhecer. O coração de Charlie disparou ao olhar para o relógio na parede—seis e cinquenta. Ela tinha apenas dez minutos antes que a matilha acordasse.
Ela pegou uma frigideira e rapidamente a colocou no fogão, suas mãos trêmulas enquanto alcançava os ovos. Mal teve tempo de respirar antes de começar a quebrá-los na frigideira, o som do chiado preenchendo a grande cozinha. Seus dedos trabalhavam rapidamente, batendo e mexendo, mas sua mente estava em outro lugar—presa no turbilhão das últimas horas.
A dor em seu braço latejava a cada movimento, mas ela a ignorava, focando apenas na tarefa à sua frente. A matilha acordaria em breve, e ela precisava ter o café da manhã pronto quando eles descessem.
Mas o tempo estava escapando mais rápido do que ela conseguia trabalhar, e a pressão era sufocante. Ela mal notou a porta da cozinha se abrindo até que uma sombra caiu sobre ela.
Charlie congelou, seu coração subindo à garganta. Ela se virou lentamente, seus olhos se arregalando ao ver Luther parado na porta, os braços cruzados sobre o peito largo.
Faltavam cinco minutos para as sete.
"Ainda não terminou?" A voz de Luther era baixa, seu tom carregando um leve toque de irritação. Seu cabelo escuro estava despenteado, e ele vestia casualmente uma calça de moletom cinza e uma camiseta larga, mas sua presença não era menos intimidadora. Ele tinha os mesmos olhos escuros e penetrantes de seu pai, mas havia algo mais ali—algo que fez um arrepio percorrer a espinha de Charlie.
"Eu-eu estou quase terminando," gaguejou Charlie, suas mãos tremendo enquanto se virava de volta para o fogão. Ela tentou se concentrar nos ovos à sua frente, mas podia sentir os olhos de Luther sobre ela, observando cada movimento.
Ele se aproximou, seu olhar se estreitando enquanto a examinava. Seus olhos se detiveram no hematoma que já se formava em seu braço, as marcas roxas profundas destacando-se contra sua pele pálida.
"O que aconteceu com seu braço?" Luther perguntou, sua voz mais baixa agora, embora houvesse um tom que fez o estômago de Charlie se revirar de desconforto.
Charlie se enrijeceu, sua mente procurando uma desculpa, mas sabia que não adiantava mentir. Luther podia sentir mentiras tão facilmente quanto podia sentir o cheiro de sangue. Seu coração disparou enquanto ela lutava para encontrar sua voz.
"N-nada," sussurrou, sua voz mal audível.
Os olhos de Luther brilharam dourados por um momento, um breve lampejo do lobo que estava sob a superfície. Era uma cor que Charlie sempre admirou, embora a aterrorizasse ao mesmo tempo. Seu olhar era afiado, inflexível, e havia um calor por trás dele que fez a respiração de Charlie parar.
Ele se aproximou mais, seu olhar nunca deixando seu braço, e por um breve momento, Charlie pensou ter visto algo mais brilhar em seus olhos—algo mais suave, quase como preocupação. Mas desapareceu tão rapidamente quanto apareceu, substituído pela mesma indiferença fria que ele sempre exibia ao seu redor.
"Vou ficar de olho em você," disse Luther calmamente, sua voz carregando um peso que fez o estômago de Charlie se revirar. Então ele se virou e saiu da cozinha, deixando-a ali parada com o coração batendo forte no peito.
Assim que a porta se fechou atrás dele, Charlie soltou um suspiro trêmulo. Ela olhou para o relógio—sete horas em ponto. Ela tinha acabado de terminar os ovos.
Não havia tempo para pensar nas palavras de Luther, nem para se perguntar o que ele tinha visto em seus hematomas. A matilha chegaria para o café da manhã a qualquer momento, e Charlie não podia se dar ao luxo de ficar mais para trás. Ela empurrou o medo persistente para o fundo de sua mente e voltou ao trabalho.
O dia mal havia começado, e já Charlie podia sentir o peso dele pressionando sobre ela.
