Capítulo 2- A solicitação
PONTO DE VISTA DE HARDIN
"Sr. Miller, o senhor quer que eu pare de trabalhar como seu assistente e passe a trabalhar para sua filha?" Perguntei, meus olhos percorrendo o contrato em minhas mãos. As palavras eram claras, mas o pedido em si era inesperado.
"Sim," disse o Sr. Miller, sua voz carregando a mesma autoridade que havia construído um império. "Como eu disse anteriormente, preciso de alguém em quem confio ao lado dela, e não há ninguém em quem eu confie mais do que você."
Coloquei o documento de lado, encontrando seu olhar. Ele estava sério. Sentia-me honrado por ele pensar tão bem de mim, mas e quanto a ele? Passei anos ao seu lado, aprendendo, crescendo, provando meu valor. Isso não era apenas um emprego - eu era seu braço direito.
"E quanto ao senhor, senhor?" Perguntei, franzindo as sobrancelhas. "O senhor também precisa de um assistente. Seria difícil para o senhor se acostumar com outra pessoa."
Ele riu, o profundo som de sua voz carregado de diversão. "Não se preocupe comigo, filho. No momento, minha maior preocupação é garantir que minha filha esteja em boas mãos. Passe pelo documento, me diga o que acha."
Respirei lentamente. Se era isso que ele queria, eu realmente não tinha escolha, tinha? Não costumava questionar suas decisões - não quando ele me deu as oportunidades que moldaram minha vida. Mas ainda assim... algo nisso parecia diferente.
"Se é isso que o senhor quer," disse finalmente, pegando o contrato novamente.
O Sr. Miller assentiu com satisfação, servindo-se uma xícara de chá. Tomei um gole do meu, ouvindo enquanto ele falava sobre os negócios e as transições futuras. Era uma conversa normal, mas eu não conseguia afastar a sensação de que algo maior estava em jogo.
Depois de uma hora, pedi licença e fui para o escritório, preparado para realizar algumas tarefas que ele havia me atribuído.
No momento em que entrei no prédio, os olhares começaram.
Eu estava acostumado com isso.
As mulheres me olhavam descaradamente, seu desejo claro em seus olhos. Algumas mordiam os lábios, outras riam enquanto eu passava, seu perfume impregnando o ar. Era quase divertido. Quase.
Apesar de ter uma reputação de playboy fora dessas paredes, mantinha o profissionalismo aqui. O escritório não era meu campo de caça.
Entrei no elevador, pressionando o botão para meu andar - o mesmo do Sr. Miller. O familiar som de ding ecoou pelo espaço silencioso, e quando as portas se abriram, eu entrei no corredor, caminhando em direção ao meu escritório.
Sentado à minha mesa, abri o contrato novamente.
A maior parte era direta - benefícios, responsabilidades, expectativas. Nada fora do comum. Mas então, meus olhos pousaram em uma cláusula específica:
Eu não poderia abandonar a posição. De jeito nenhum.
Minhas sobrancelhas se levantaram.
Isso era... incomum.
Já assinei muitos contratos antes, mas nenhum incluía uma estipulação como essa. E se algo acontecesse? E se eu quisesse sair?
Passei os dedos pelo cabelo, relendo a cláusula.
Não é como se eu planejasse sair. Mas o fato de estar lá me fez pensar.
O que eu realmente estava aceitando?
Ainda assim, o contrato em si não era ruim. Na verdade, os benefícios superavam as preocupações.
Exalando, alcancei minha caneta e assinei meu nome na parte inferior.
Pronto. Feito.
Seja o que for que viesse a seguir, eu estava pronto.
PONTO DE VISTA DE ARIANA
A ligação veio mais cedo do que eu esperava.
Eu estava no trabalho quando a recebi - a voz frenética da nossa empregada do outro lado, dizendo que minha mãe havia desmaiado.
Meu sangue gelou.
Mal ouvi mais alguma coisa enquanto pegava minha bolsa e saía correndo, minhas mãos tremendo enquanto dirigia para casa.
Quando cheguei à mansão, meu peito estava apertado de medo.
Eu não podia perdê-la.
Não depois da morte misteriosa do meu pai.
No momento em que entrei, virei-me para a empregada. "Onde ela está?"
"No quarto dela, o médico está atendendo," ela disse, preocupação estampada em seu rosto.
Sem perder um segundo, corri escada acima, meu coração batendo forte a cada passo.
Quando abri a porta do quarto da minha mãe, meu estômago se revirou dolorosamente.
Ela estava tão pálida. Tão frágil.
Sua pele, antes vibrante, agora estava fantasmagórica. Seus lábios estavam secos, sua respiração fraca. Ela mal conseguia se segurar, mas ainda assim conseguiu sorrir quando me viu.
"Minha linda filha," ela murmurou, abrindo os braços.
Corri até ela, afundando em seu abraço. Ela parecia tão pequena em meus braços—tão mais fraca do que eu me lembrava.
Lágrimas queimavam no fundo dos meus olhos, mas eu me recusei a deixá-las cair. Eu precisava ser forte.
Virando-me para o médico, perguntei, "Como ela está?"
O médico suspirou. "Ela está estável por enquanto, mas precisa de muito descanso. Mais importante, ela precisa começar a tomar a medicação. Ela não tem seguido o tratamento, e isso é uma grande preocupação."
Virei-me para minha mãe, apertando a mandíbula.
"Mãe," disse bruscamente. "Por que você não tem tomado seus remédios?"
O médico balançou a cabeça. "Ela tem brincado com isso, mas é sério."
Minha mãe riu fracamente. "Doutor, você não precisava me dedurar."
"Isso não é engraçado, mãe," eu soltei, minha voz falhando. "Você me assustou! Você não pode continuar fazendo isso."
Ela suspirou, estendendo a mão para a minha. "Eu sei, querida. Me desculpe."
"Você promete que vai tomar agora?"
"Eu prometo."
Eu a observei atentamente, tentando determinar se ela estava sendo honesta.
Ela sorriu para mim, mas havia algo mais em seus olhos—algo que ela não estava dizendo.
Ainda assim, eu assenti. "Bom."
O médico se desculpou e saiu, e eu me sentei ao lado da minha mãe, ajeitando o cobertor ao redor dela adequadamente.
Ela me olhou por um longo momento antes de suspirar.
"Eu deveria assumir como nova CEO na segunda-feira," ela murmurou, a frustração clara em sua voz. "Mas agora, preciso descansar."
"Isso é muito estresse para você, mãe," eu disse imediatamente. "Sua saúde é mais importante."
Ela balançou a cabeça. "Mas a empresa—"
"Deixe comigo," eu interrompi.
Ela piscou para mim. "O quê?"
"Eu vou falar com o vovô."
Sua expressão era indecifrável. "Ariana—"
"Descanse agora, mãe," eu disse, pressionando um beijo em sua testa antes de me levantar. "Eu volto logo."
Com isso, me virei e saí do quarto, meu coração batendo forte.
Eu sabia exatamente o que precisava ser feito.
ESCRITÓRIO DO VOVÔ
Bati na porta do escritório dele, esperando sua voz profunda me chamar para entrar.
"Entre."
Ao entrar, encontrei meu avô sentado à sua mesa, os óculos de leitura apoiados no nariz. Apesar da idade, ele mantinha a mesma autoridade que construiu o império Miller.
"Minha netinha," ele saudou, sorrindo enquanto eu me aproximava.
Eu o abracei apertado antes de me sentar.
"Como está sua mãe?" ele perguntou, tirando os óculos.
"Ela está estável, mas precisa descansar," eu disse. "E você? Como está aguentando?"
Ele riu. "Sou um velho, Ariana. Já vi de tudo para me abalar com isso." Mas havia cansaço em sua voz—algo que ele tentava esconder, mas não conseguia.
Eu me inclinei para frente. "Vovô, eu tenho um pedido."
Seus lábios se contraíram em diversão. "Direto ao ponto. Por isso você é minha favorita."
Eu sorri, mas por dentro, estava tensa.
"O que você gostaria que eu fizesse?"
Respirando fundo, endireitei os ombros.
"Como você sabe, a mamãe é esperada para assumir como CEO. Mas dada a condição dela, muitas pessoas vão tentar usar isso contra ela. Vão questionar a capacidade dela de liderar. Vão espalhar boatos. Vão atacar nossa família quando estamos vulneráveis."
Ele me observou atentamente, sem dizer nada.
Continuei, minha voz firme. "Não podemos deixar isso acontecer. Precisamos de uma solução antes que eles façam seu movimento."
"O que você sugere?"
Encarei seu olhar diretamente.
"Me faça CEO da Miller Corporation."
Por um momento, houve silêncio.
Então, meu avô se recostou na cadeira, seus olhos afiados.
E eu soube—isso era o começo de algo grande.














































































































































































































































































