Capítulo 3- Born Ready
Por um longo momento, meu avô apenas me encarou, seu olhar afiado e inabalável perfurando o meu. Um lampejo de hesitação cruzou seu rosto, mas ele rapidamente disfarçou. Cerrei os punhos, prendendo a respiração. Minhas palavras o deixaram em silêncio? Ou ele estava ponderando o peso do meu pedido, sabendo exatamente o que isso custaria?
Então, finalmente, ele falou. Sua voz estava calma, mas havia um tom inconfundível por baixo.
“Você tem noção do que está me pedindo, Ariana?” Seus dedos batiam ritmicamente contra a mesa de mogno, um hábito dele quando estava imerso em pensamentos. “Já tenho gente suficiente me pressionando por ter nomeado sua mãe como a próxima CEO. Sabe o que vão dizer se eu nomear você no lugar dela?”
Suas palavras não eram uma rejeição, mas também não eram uma aprovação. Ele estava me testando.
Encarei seu olhar, sem vacilar. “Vovô, nós dois sabemos que há abutres circulando, esperando o momento perfeito para cravar os dentes nesta empresa. Não podemos dar essa oportunidade a eles.” Inclinei-me para frente, minha voz baixando, afiando. “Eu sei que o Tio Garry quer esse cargo desesperadamente. Mas você pode confiar nele? Nós dois sabemos a resposta para isso.”
Uma sombra passou pelo rosto dele.
“Então, me diga, Vovô, você vai fazer o que as pessoas esperam ou vai fazer o que é certo?”
O silêncio se estendeu entre nós, denso com verdades não ditas. Eu podia ver a turbulência em seus olhos—a guerra entre a tradição e a sobrevivência.
Eu sabia exatamente o que estava pedindo a ele. Estava pedindo para desafiar as mesmas pessoas que já estavam afiando suas facas, esperando para atacar. Mas eu não me importava. Eu estava pronta para a guerra.
Porque se eu não assumisse, o Tio Garry ou alguém como ele tomaria o cargo. E eu sabia exatamente o que aconteceria a seguir.
Eles viriam atrás da minha mãe.
Eles a destruiriam.
Eles fariam de tudo para garantir que ela nunca fosse uma ameaça para eles.
Mas eu?
Eles não ousariam me tocar.
Eles já tinham levado meu pai. Achavam que eu era muito jovem, muito ingênua para juntar as peças. Mas eu juntei.
Ele morreu de repente. Sem doença. Sem aviso. Apenas se foi. E o mundo seguiu em frente como se ele nunca tivesse existido.
Todos, exceto eu.
E meu avô.
E minha mãe.
Eu via isso nos olhos dela todos os dias—a dor não dita, o medo persistente. Ela sabia, assim como eu, que a morte dele não foi natural. Foi conveniente.
E eu não tinha dúvidas de que o assassino ainda estava por perto.
Cerrei os punhos sob a mesa, forçando-me a respirar.
Meu pai estava prestes a herdar a empresa antes de morrer. Meu avô, afundado em tristeza, jogou-se no trabalho em vez de se aposentar. E agora, quando finalmente estava pronto para passar o bastão, eles queriam tirar da minha mãe o que era legitimamente dela.
Tudo porque não a consideravam família.
Para eles, ela era apenas a esposa.
Mas para meu avô, ela era sua filha.
Ele exalou lentamente, esfregando as têmporas. “Vou pensar nisso, Ariana. Até o fim de semana, você terá minha resposta. Você saberá quando eu convocar uma reunião do conselho.”
Um sorriso vitorioso surgiu em meus lábios. “Obrigada por me ouvir, Vovô.”
Levantei-me, caminhando ao redor da mesa dele. Ele permaneceu sentado, mas seus olhos me seguiram, cheios de algo próximo ao orgulho. Inclinei-me, pressionando um beijo em cada uma de suas bochechas antes de me virar e caminhar em direção à porta.
Que todos se preparem.
Porque eu estava vindo para eles.
Um. Por. Um.
Entrei no quarto da minha mãe, meu peito apertando ao vê-la dormindo.
Ela parecia frágil sob o brilho suave do abajur.
Mas eu sabia melhor.
Ela era forte. Uma sobrevivente. Mas mesmo os mais fortes precisavam de proteção.
Afundei na cama ao lado dela, observando a lenta subida e descida de seu peito. Já tinham levado meu pai. Eu não deixaria que levassem ela também.
Eu não estava no país quando meu pai morreu. Mas agora eu estava de volta.
E eles logo se arrependeriam de terem pensado que eu era fraca.
Levantei-me, puxando as cobertas até os ombros dela antes de sair do quarto e fechar a porta silenciosamente.
"Agnes."
Minha voz foi cortante quando entrei no corredor.
A empregada da minha mãe, uma mulher de meia-idade com uma disposição nervosa, veio apressada. "Sim, Srta. Miller?"
Cruzei os braços, meu olhar frio. "Por que minha mãe não está tomando os medicamentos?"
Seus olhos se moveram rapidamente, o pânico surgindo em suas feições. "Eu—eu estava—"
Levantei a mão, cortando-a. "Poupe as desculpas."
Ela engoliu em seco.
"Não tolero incompetência." Minha voz era como aço, cada palavra deliberada. "Se você não consegue fazer seu trabalho, me diga agora. Encontrarei alguém que possa."
Seu rosto empalideceu. "Não, senhora! Eu—eu vou garantir que ela os tome."
Dei um passo mais perto, observando-a encolher sob meu olhar.
"Esta é a última advertência que você receberá," disse, minha voz perigosamente suave. "Se o médico sequer insinuar que minha mãe perdeu uma dose novamente, será seu último dia aqui. Entendeu?"
Ela assentiu rapidamente, cabeça baixa. "Sim, senhora."
"Ótimo. Agora saia da minha vista."
Ela praticamente tropeçou nos próprios pés em sua pressa para sair.
Exalei, rolando os ombros.
Não havia margem para erro.
Não quando a vida da minha mãe estava em jogo.
PONTO DE VISTA DO HARDIN
"Então, deixe-me ver se entendi," disse Vera, batendo suas unhas bem cuidadas na mesa. "O velho te ofereceu um trabalho como assistente da filha dele?"
Assenti, tomando um gole lento do meu café.
Estávamos sentados em um pequeno café, nosso ponto habitual a poucos quarteirões do escritório. O cheiro de pães frescos e espresso pairava no ar, mas a expressão de Vera estava longe de ser relaxada.
"Uau," ela disse, balançando a cabeça. "E você assinou o novo contrato sem questionar?"
Mordi meu hambúrguer, mastigando pensativamente antes de responder. "Sim."
Ela estreitou os olhos. "O contrato que diz que você não pode desistir, não importa o que aconteça?"
"Isso mesmo."
Ela exalou bruscamente, me olhando exasperada. "E isso não te deixou preocupado?"
Sorri, roubando uma das batatas fritas dela. Ela afastou minha mão.
"Vera, relaxa. A Sra. Miller não é um dragão cuspidor de fogo. Ela sempre foi educada. Tranquila." Dei de ombros. "Trabalhei para o marido dela. Se consegui lidar com ele, posso lidar com ela."
Vera não parecia convencida. "Tem algo nisso que não me cheira bem."
Dei de ombros. "Vamos lá, é um trabalho. Não uma sentença de morte."
Ela bufou, cruzando os braços. "É melhor você torcer para que seja só isso."
Eu não via motivo para preocupação. A Sra. Miller estava prestes a ser anunciada oficialmente como CEO na segunda-feira, e pelo que eu sabia, ela era razoável.
Tudo iria correr bem.
Pelo menos, era o que eu pensava.
Mas no fundo, não conseguia afastar a sensação de que tinha acabado de me inscrever para algo muito mais complicado do que eu percebia.
E logo, eu descobriria exatamente o quanto Vera tinha razão em estar desconfiada.






















































































































































































































































































