Capítulo 7- A Conferência

PONTO DE VISTA DE ARIANA

Eu olhava para a tela iluminada do meu desktop, meus olhos se estreitando enquanto puxava o perfil do meu assistente. A audácia daquele homem—seu currículo era dolorosamente mediano, mas meu avô falava dele como se fosse um presente de Deus para o mundo dos negócios. Eu não entendia. Não queria entender.

Na noite passada, durante o jantar, o Vô não parava de falar sobre ele—seu potencial, seus modos, sua "perspectiva refrescante". Eu queria jogar minha taça de vinho na parede. Ele não fazia ideia de como era irritante ouvir elogios sobre alguém que eu mal conseguia suportar.

Ele achava que esse cara era especial.

Vamos ver o quão "especial" ele parece depois que eu terminar com ele. Ele assinou aquele contrato, concordou em trabalhar sob meu comando, então agora—ele está no meu mundo. Ele pediu o inferno, e é isso que ele vai receber.

Um ding suave interrompeu meus pensamentos—uma notificação de calendário deslizando pela minha tela como um sussurro irritante. Eu tinha uma coletiva de imprensa em trinta minutos. Perfeito. Exatamente o que eu precisava—mais sorrisos falsos, mais câmeras na minha cara, mais respostas cuidadosamente calculadas.

Suspirei e fechei o perfil do assistente. Não havia tempo suficiente para fazer um trabalho de verdade.

Uma batida leve veio à minha porta—leve, mas irritante. Eu sabia quem era antes mesmo do som terminar.

"Entre," eu disse com firmeza, sem me preocupar em esconder minha irritação.

A porta se abriu, e lá estava ele. Alto. Composto. Irritantemente arrumado. Ele estava ali como se fosse o dono do oxigênio.

"Não bata tão alto da próxima vez," eu retruquei, observando sua mandíbula se apertar ligeiramente. Ele não disse nada, apenas me encarou. Seus olhos não piscavam, mas eu podia ver os pensamentos correndo por trás deles—ele queria dizer algo. Ótimo. Que ele sofra em silêncio.

"O que você quer?" perguntei, mesmo sabendo muito bem por que ele estava ali.

"Está na hora da coletiva de imprensa," ele disse, com a voz firme.

Levantei-me da cadeira lentamente. "Não insulte minha inteligência. Eu sei que horas são."

Ele não respondeu.

Peguei minha bolsa e a empurrei em sua direção. "Coloque tudo o que eu preciso dentro. Cada. Coisa. E tenha cuidado. Essa bolsa vale mais do que seu salário mensal."

Sem dizer uma palavra, ele pegou a bolsa e começou a arrumá-la.

Caminhei até a porta, mas parei, virando-me lentamente para ele. "Este escritório é horrível. Quero tudo mudado até o fim da semana. Os móveis, as paredes, a iluminação—derrube tudo se precisar."

Nenhuma resposta.

Inclinei a cabeça. "Eu acabei de falar com alguém?"

"Sim, senhora," ele respondeu entre dentes cerrados.

"Bom." Sorri com veneno. "Agora, vamos."

Entramos no elevador juntos. Eu não precisava olhar para ele para saber que ele estava me encarando. Eu podia sentir—o peso disso penetrando na minha pele como uma lâmina. O silêncio dele era mais alto do que palavras.

Mas eu me importava?

Nem um pouco.

Quando chegamos ao térreo, no momento em que as portas do elevador se abriram, o burburinho ocioso dos funcionários se transformou em silêncio. Eu não precisava dizer uma palavra—minha presença sozinha era suficiente. Eles se espalhavam como ratos, fingindo estar ocupados. Eu registrava os nomes deles na minha cabeça. Preguiçosos. Eu lidaria com eles em breve.

Meu assistente abriu a porta do carro para mim e eu entrei, acomodando-me no assento de couro. Assim que ele se moveu para entrar atrás de mim, bati a porta com força.

Ele pode dar a volta.

Momentos depois, a outra porta se abriu e ele entrou—quieto, composto, robótico.

O motorista entrou no trânsito, serpenteando pela cidade em direção ao hotel que sediava a coletiva de imprensa. Era um evento cinco estrelas—nada menos que a perfeição para os Millers.

Quando chegamos, meu assistente saiu rapidamente e abriu minha porta. Saí para um mar de luzes piscando e obturadores clicando. Os repórteres já estavam alinhados, câmeras apontadas como rifles. Sorri, meus lábios se curvando em um sorriso polido e perfeito. A imagem pública era tudo. Eu podia ser fria e implacável na sala de reuniões—mas na frente de uma câmera? Eu era calor, elegância, controle.

Um funcionário do hotel me guiou pela multidão até o palco. Uma única cadeira esperava no centro, ladeada por microfones e uma longa mesa. Sentei-me, pernas cruzadas, mãos postas, queixo erguido.

As perguntas começaram imediatamente.

“Senhorita Miller, obrigada pelo seu tempo. Primeira pergunta—como você se sente ao ser nomeada CEO tão jovem?”

Uma pergunta segura. Assenti graciosamente. “Obrigada por perguntar. Passei minha vida inteira me preparando para isso. A Miller Corporation está no meu sangue. Minha família a construiu do zero, e estou honrada em levar esse legado adiante. A idade é irrelevante quando paixão e preparação estão no centro. Estou aqui para fazer esse império crescer—e eu vou.”

Flashes. Aplausos. Acenos de aprovação.

Outra pergunta seguiu.

“Você é oficialmente a nova CEO, ou é uma nomeação temporária?”

Cerrei o maxilar. Pergunta estúpida. “Bem, acredito que acabei de ser anunciada como a nova CEO. Isso não tornaria oficial?”

Alguns repórteres riram nervosamente.

“Mas senhorita Miller,” uma voz se destacou, mais afiada, mais pontual. “Havia rumores de que Garry Miller seria o próximo na linha de sucessão. Por que você?”

Ah. Lá estava. O repórter de estimação do Garry.

Não vacilei. “Porque o conselho, e mais importante, meu avô, reconheceram talento. Competência não é sobre gênero ou antiguidade—é sobre resultados. E ninguém entrega melhores resultados do que eu.”

Um murmúrio percorreu a sala. Um sorriso puxou meus lábios.

Eu estava pronta para encerrar a sessão de perguntas e respostas. Já tinha jogado o jogo por tempo suficiente. Mas assim que comecei a me levantar, uma pergunta me parou.

“A posição que você ocupa agora... veio como resultado da morte prematura do seu pai. Se você tivesse escolha, preferiria que as coisas fossem diferentes?”

Silêncio.

A sala ficou completamente imóvel.

Meus olhos procuraram na multidão até encontrar o repórter. Jovem. Convencido. Olhos frios. Esperando minha resposta como se estivesse assistindo a um reality show.

A raiva se enroscou em meu peito como uma serpente. Sorri mesmo assim.

“Se você está perguntando se estou feliz que meu pai está morto,” disse, voz calma mas tensa, “a resposta é não. Isso é tudo. Obrigada pelo seu tempo.”

Levantei-me e me virei para sair do palco.

Mas antes que eu pudesse dar um passo, algo atingiu minha têmpora.

O mundo girou.

A dor explodiu na minha cabeça como um tiro. Meus joelhos cederam. Minha mão subiu instintivamente, dedos tocando algo quente e úmido.

Sangue.

Meu sangue.

As câmeras entraram em caos. Gritos. Suspiros. Gritos.

“Senhorita Miller!”

“Meu Deus!”

A segurança correu enquanto eu cambaleava para trás, desorientada. Meu assistente já estava ao meu lado, me segurando antes que eu caísse no chão.

“Tirem ela daqui!” alguém gritou.

Mas tudo o que eu podia ouvir era o som do sangue em meus ouvidos e o batimento frenético do meu coração.

As luzes piscantes se transformaram em branco ofuscante.

Minhas pernas cederam completamente.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo