Capítulo 7

Hoje é o terceiro dia. Já se passaram três dias sem comida e água. Três dias desde que tentei tirar minha própria vida e acabei aqui. Esta cela em particular está isolada das outras celas nas masmorras. Acredito que as paredes são à prova de som, porque por mais que eu gritasse, ninguém me ouvia, nem mesmo os guardas de plantão. Ninguém veio me ver.

Eles me deixaram nesta cela fria e escura para morrer. Aqui, o tempo passava sem poder dizer se era dia ou noite. Eu não podia deitar no chão porque o espaço era muito pequeno para isso. Não havia banheiros, então dediquei uma parte da cela para minha conveniência sempre que precisasse. Mas sem comida no estômago, não havia nada para excretar.

Na minha antiga cela, eu conseguia ouvir os gritos agonizantes daqueles que estavam sendo torturados nas outras celas. Mas aqui, estava morto em silêncio. Quando eu gritava, minha voz ecoava de volta. A única companhia que eu tinha era a do meu lobo e a voz estranha na minha cabeça. Eu odiava os gritos das outras celas enquanto estava trancada na cela anterior, mas o silêncio aqui é ainda pior.

A dor de ver meu companheiro com outra mulher era a única forma de tortura que eu sentia. Se ele ao menos beijasse uma garota, eu sentia. Eu o rejeitei em minha mente muitas vezes, mas minha rejeição não significava nada se ele não aceitasse. Eu nunca poderia me trazer a dizer isso pessoalmente a ele. Era proibido para um posto inferior rejeitar um posto superior.

Eu orei pela minha morte. É tudo pelo que tenho orado nos últimos três dias. Mas leva em média dez dias para um humano morrer de fome. Para os lobisomens, pode levar até três semanas a um mês. Ainda tenho muitos dias de sofrimento pela frente.

Envolvi meus braços ao redor das pernas, puxando os joelhos para o peito enquanto um arrepio percorria meu corpo. O frio certamente me mataria se a fome não fizesse isso primeiro. Eu não conseguia dormir mais de dez minutos aqui. Eu chorei meus olhos nos últimos dias, mas não tenho mais lágrimas para chorar. Parei de sentir pena de mim mesma e aceitei meu destino.

Talvez eu mereça isso. Mereço todo tipo de tratamento depois do que meus pais fizeram. Meu pai teria tido uma chance contra o alfa se seu recruta não tivesse dedurado ele.

Ele não foi o primeiro beta a desafiar um alfa por seu lugar. Longe disso. Essas coisas eram muito normais para o nosso tipo. Qualquer um que se sentisse forte o suficiente para assumir o lugar do Alfa poderia guerrear contra o alfa e seus guerreiros. Se ele conseguisse matar o alfa, então ele se tornaria alfa e assumiria sua alcateia. Esses tipos de Alfas não são verdadeiros Alfas, mas muitos deles existem. Não sei o quão verdade é, mas durante meus dias na alcateia Silent Moon, havia rumores de que o pai do Alfa Ronan não era um verdadeiro alfa. Ele conquistou o antigo alfa antes de se tornar um alfa.

Meu pai apenas teve a infelicidade de ser um dos que perderam a luta. Ele foi muito leal às suas funções, pelo que sei, mas o que eu sabia naquela idade? Ele era um traidor, e eu era sua única herdeira viva, a única que sobreviveu para sofrer por suas ações.

Meus ouvidos se ergueram com o som de passos se aproximando. Pressionei minhas costas na parede, meu coração acelerando. O som parou, e me deixou presumindo que estava ouvindo coisas novamente. Ficar nesta sala escura poderia fazer qualquer um alucinar, e com minha condição já existente, não é improvável. Não ouvi os passos, mas tive a sensação indistinta de que alguém estava perto. Devido ao estado enfraquecido do meu lobo, meu olfato não estava tão ativo.

Mantive minha posição perto da parede, meu coração batendo forte no peito quando ouvi os passos novamente. Então vi o reflexo de luz, e lentamente, uma figura feminina entrou em vista.

"Ailana," gritei, cruzando a pequena sala até as grades de ferro. Minha melhor amiga tinha uma lâmpada na mão esquerda, iluminando minha cela. Ela tinha lágrimas nos olhos, e achei que suas mãos estavam tremendo.

"Esmeray," sua voz tremia enquanto ela olhava para o pequeno espaço em que eu estive confinada por três dias, e uma lágrima caiu de seus olhos primeiro, e então mais seguiram. Ela entrelaçou os dedos nos meus através da pequena abertura das barras de ferro.

"Me desculpe tanto-" ela começou a dizer, mas suas palavras ficaram presas na garganta enquanto outra rodada de lágrimas caía em suas bochechas. "Por que fariam isso com você?"

"Por favor, não chore," eu engoli em seco. Minha própria voz tremia, mas minhas glândulas lacrimais se recusavam a produzir mais lágrimas. Eu queria dizer a ela que estava feliz por ela estar ali, e que tive a chance de vê-la. Eu queria explicar que essa era minha punição por tentar cometer suicídio. Ainda iria morrer, apenas não da maneira que eu teria querido, mas não queria que ela ficasse mais emocional do que já estava. Não queria que ela sentisse que eu estava sendo covarde e escolhendo o caminho mais fácil, mas ela já sabia.

"Tenho procurado por você há dias," ela fungou, balançando a cabeça.

"Como você me encontrou?" perguntei.

"Ouvi meu pai falando com Zayden sobre isso esta manhã," ela respondeu, ainda fungando "Ele disse que você tentou cometer suicídio. É verdade, Esme?" seus olhos se arregalaram enquanto esperava minha resposta.

Mordi os lábios e deixei meus ombros caírem para frente "Eu queria acabar com isso," eu admiti "Eu sei que é egoísta, mas não tinha outra opção. Eu quero paz. Então escrevi uma nota e subi até o telhado da casa da alcateia. Ia pular, mas o guerreiro me pegou antes que eu pudesse. O Alfa Thane deve ter ido ao meu quarto nas primeiras horas daquela manhã e encontrado a nota," expliquei.

Ela inspirou um fôlego trêmulo "Esme! Você não pode morrer. Por favor, me prometa que não tentará tirar sua vida novamente. Por favor!" sua voz soava desesperada.

"Vou morrer aqui de qualquer maneira," eu disse.

"Não, você não vai. Prometo que vou tirar você daqui," ela disse. Eu balancei a cabeça. Não quero colocar Aila em mais problemas.

"Como você pretende fazer isso?"

"Por favor, Esme," ela disse desesperadamente novamente "Apenas me prometa que se eu te tirar daqui, você não tentará se matar. Prometa que vai ficar viva e lutar até as coisas melhorarem,"

Suspirei, afastando meus cabelos emaranhados do rosto. Eu tinha cabelos escuros, cheios e grossos que chegavam até a metade das minhas costas. Sempre estavam no caminho de tudo.

"Eu prometo," eu disse lentamente.

Ela soltou um suspiro alto "Eu prometo, vou tirar você daqui. Vou tirar você de Silver Moon. Vou pegar as chaves e te libertar, apenas aguente firme,"

Ela não esperou por uma resposta, saiu correndo e nem olhou para trás mesmo quando gritei seu nome. Ailana iria lutar contra seu irmão pelo posto de alfa, sua associação comigo não a ajudava, e se ela me libertasse desta cela e alguém descobrisse, ela se meteria em grandes problemas e até perderia a chance de lutar pelo posto de alfa.

Eu desabei de volta no chão e segurei a cabeça nas mãos. Se eu conseguisse sair de Silver Moon, então eu teria esperança. Odeio criar esperanças, porque nada nunca funcionou para mim.

Esperei por Ailana. Muitas horas se passaram, mas ela não apareceu. E se ela tivesse sido pega? Comecei a entrar em pânico. Há um guarda na entrada desta masmorra. Como ela conseguiu se mover para chegar até mim? E se ele já tivesse a denunciado para o Alfa Thane?

Não foi até o dia seguinte que ela veio. Eu estava gradualmente perdendo forças após quatro dias, mas quando vi Aila, meus olhos se encheram de lágrimas.

Ela tinha algumas chaves em suas mãos e a observei enquanto tentava apressadamente todas elas, olhando ocasionalmente por cima dos ombros antes de finalmente encontrar a que destrancava o cadeado da minha cela.

"Aila, como você conseguiu essas chaves!" exclamei, saindo da cela e a abraçando apertado.

"Você esquece que o alfa é meu pai. Ele tem uma chave reserva para cada cela," ela respondeu se afastando de mim.

"Não temos muito tempo," ela me informou, me entregando a mochila que ela tinha nas costas "Você precisa sair agora. Vamos, vou te ajudar a atravessar as fronteiras da alcateia"