Capítulo 1: Gravidez inesperada

Sterling Manor, Silver City - Cinco Anos Atrás

John Sterling irrompeu na suíte médica, relatório médico agarrado em sua mão trêmula. Atrás dele, Rose Sterling entrou apressada, seu rosto já contorcido de angústia. "Explique isso," ele exigiu, jogando os papéis na mesa.

Irene Sterling sentiu seu mundo desmoronar. O exame médico pré-casamento de rotina - exigido antes de seu casamento com Richard Vein, herdeiro da Vein Corporation - havia revelado o impossível. O que deveria ter sido uma mera formalidade antes do casamento de alto perfil havia se transformado em seu pior pesadelo.

"Papai, eu não entendo. Deve haver algum engano." Sua voz ficou presa na garganta.

"Engano?" A voz de John cortou como gelo. "O único engano foi pensar que você poderia ser digna do nome Sterling. Grávida? E você tem a audácia de afirmar que nunca esteve com Richard?"

Rose soltou um soluço dramático, mão pressionada contra o peito. "Nunca deveríamos tê-la trazido de volta. Anna estava certa sobre ela o tempo todo!"

Do escritório no segundo andar, Anna Claire - a garota que havia tomado o lugar de Irene na família Sterling por vinte anos devido a uma troca de hospital - assistia com um sorriso enquanto a vida de sua irmã adotiva desmoronava. Embora agora fosse apenas a filha adotiva dos Sterlings enquanto Irene era a verdadeira herdeira, Anna havia passado seis meses protegendo cuidadosamente sua posição privilegiada. Agora o destino havia lhe dado a arma perfeita.

"Eu juro, eu nunca..." O protesto de Irene morreu sob a fúria de seu pai.

"Chega!" A voz de John trovejou pela sala. "Já ouvi mentiras suficientes. Primeiro, você passa vinte anos vivendo com aqueles trabalhadores de fast food, e agora este escândalo? A família Vein já cancelou o noivado. Saia!"

Ao cair da noite, a notícia havia se espalhado pelos círculos sociais de Silver City como fogo. Notificações explodiram no telefone de Irene: "Herdeira Sterling Grávida Antes do Casamento – Pai Desconhecido!" A manchete brilhava em todos os meios de comunicação e plataformas sociais, cada alerta mais um prego no caixão de sua reputação.

As mãos de Irene foram instintivamente ao seu estômago. "Papai, por favor..." A palavra parecia estranha em sua língua - ela só estava chamando-o assim há seis meses. Depois de vinte anos com os Claires, acreditando que eram seus verdadeiros pais, descobrir sua verdadeira identidade parecia um milagre. Agora era um pesadelo.

"Não." A voz de John caiu perigosamente. "Não se atreva a me chamar assim. Irene Sterling, leve seu filho bastardo e saia. A partir de hoje, você não é mais minha filha!"

Suas palavras a atingiram como um golpe físico. Tudo o que ela havia conquistado nos últimos seis meses - sua família, sua identidade, seu lugar no mundo - estava sendo arrancado.

Acima, os lábios de Anna se curvaram em um sorriso satisfeito. O escândalo cimentaria sua posição como a filha favorita dos Sterlings, apesar da verdade sobre suas identidades trocadas ter vindo à tona seis meses atrás. Melhor ainda, já se espalhava a notícia de que Richard Vein, ex-noivo de sua irmã, estava agora mostrando interesse em Anna.

Sem outro lugar para ir, Irene voltou para a modesta casa suburbana onde havia crescido. O lugar que havia sido seu lar por vinte anos agora parecia estranho, suas paredes familiares frias e inóspitas. O Sr. e a Sra. Claire - os trabalhadores de fast food que a criaram como se fosse deles - não conseguiam nem olhar em seus olhos.

"Você não é mais nossa filha," disse a Sra. Claire, mexendo no avental. "Você é uma Sterling agora. E na sua condição..." Ela fez um gesto vago em direção ao estômago de Irene, seu rosto apertado de decepção.

O Sr. Claire simplesmente se virou, ombros rígidos. "Não podemos ajudá-la. O que as pessoas pensariam? Você já trouxe vergonha suficiente para esta família."

Irene estava na porta da casa deles, os mesmos degraus onde a haviam abraçado e se despedido seis meses atrás, orgulhosamente enviando sua "filha" para reivindicar seu lugar de direito na família Sterling. Agora, aqueles mesmos pais fechavam a porta na sua cara, deixando-a realmente sozinha.

Mas o destino tinha outros planos. Dois dias depois, enquanto Irene estava sentada em um quarto de motel barato, pensando no que fazer a seguir, alguém bateu na porta. Ela abriu e encontrou seu avô — o patriarca da família Sterling — parado ali.

"Minha querida," ele disse, com os olhos cheios de preocupação. Ele foi o único que lhe mostrou afeto genuíno desde seu retorno à família Sterling. Agora, mesmo em meio ao escândalo, ele apareceu.

Ele colocou um envelope grosso em suas mãos. "Isso deve ser suficiente para você se estabelecer confortavelmente no País R até que as crianças nasçam. Eu arranjei tudo — um apartamento, o melhor atendimento médico."

"Vovô, eu—" Sua voz falhou.

"Não chore, minha querida." Ele apertou sua mão. "Você é mais forte do que imagina. E quando chegar a hora certa, você voltará. O sangue Sterling nas suas veias não será negado para sempre."


Hospital Privado, País R - Sete Meses Depois

O quarto impecável do hospital privado valia cada centavo de seu dinheiro restante. Através da névoa de exaustão e medicamentos, Irene contou dedinhos e pezinhos em triplicata. Três bebês perfeitos — dois meninos e uma menina — todos com seu cabelo escuro e olhos grandes.

"Realmente extraordinário," murmurou o médico, fazendo anotações. "Trigêmeos concebidos naturalmente são extremamente raros. E todos os três estão notavelmente saudáveis."

Irene tocou cada rostinho, memorizando suas feições. "Alex," ela sussurrou para o primeiro menino, que segurou seu dedo com surpreendente força. "Lucas," para o irmão, já olhando ao redor com olhos curiosos. "E Lily," para sua filha, cujo choro parecia quase musical.

Eles eram dela. Qualquer mistério em torno de sua concepção, qualquer escândalo que os trouxe ao mundo — eles eram dela.


Dias Atuais - Cinco Anos Depois

O sonho veio novamente durante o voo. Irene se mexeu em seu assento na classe executiva, as imagens vívidas atrás de suas pálpebras fechadas.

Um dorso musculoso marcado por cicatrizes distintas. O cheiro de colônia cara. A sensação de lençóis de seda suave contra sua pele...

"Mãe? Mãe, você está bem? Teve um pesadelo?"

A voz preocupada de Alex a puxou de volta. Os olhos de seu filho mais velho mostravam uma preocupação além de seus cinco anos. Ao lado dele, Lucas estendeu a mão para o botão de chamada enquanto Lily pressionava uma pequena mão contra sua testa.

"Você está suando, mãe! Está doente?"

"Não se preocupe, mãe. Estamos aqui com você!"

"Estou bem, queridos." Ela passou a mão pelo cabelo, piscando para afastar as imagens.

Mas seria realmente apenas um sonho? Ou seria uma memória tentando emergir?

Com pouco mais de uma hora restante no voo, Irene olhou para as nuvens. Cinco anos haviam se passado desde que ela deixou Silver City em desgraça. Cinco anos construindo uma nova vida, criando seus filhos brilhantes, provando que não precisava do nome Sterling para ter sucesso.

Agora ela estava voltando. Uma carta sobre seu avô estava em sua bolsa — o único membro da família que acreditou nela, que a apoiou secretamente todos esses anos.

Ela não era mais aquela garota ingênua que fugiu envergonhada. Ela era Dra. Joy agora, embora mantivesse essa parte de sua identidade escondida. Uma cirurgiã bem-sucedida retornando para enfrentar seu passado — e talvez para descobrir a verdade sobre aquela noite misteriosa.

Ela podia ver tudo esperando por ela em Silver City: Anna Claire ainda conspirando, John Sterling ainda governando seu império, e o velho Sr. Sterling antecipando seu retorno.

O jogo estava prestes a mudar, e desta vez, Irene Sterling estava pronta.

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