Capítulo 2
Olhei para a mansão à nossa frente. Era a maior mansão que eu já tinha visto. Fazia sentido, sabendo quem ele era.
O Alfa Lionel era mais uma lenda do que uma pessoa. Alguém frio e dominador, que assumia negócios por todos os lados e transformou o Parque no que é hoje. Para melhor ou para pior.
Diziam que os donos de negócios tinham medo dele. Ele era forte, calculista, decisivo. Foi o melhor da sua turma e passou os últimos anos construindo um império.
No entanto, apesar de sua reputação, ele fez de tudo para nos ajudar. Meu coração disparou ao pensar nisso. Tive que me lembrar de que ele estava muito além do meu alcance, e como eu seria sua funcionária, ele agora estava definitivamente fora dos limites.
Suspirei, olhando ao redor dos jardins da propriedade. Este já era um dos lugares mais bonitos que eu já tinha visto. E eu ainda nem tinha visto o interior.
Caminhei em direção ao prédio, segurando Patti perto do meu peito. Ela parecia um pouco abatida e eu estava preocupada com a contagem de pólen, então ela estava bem agasalhada com um chapéu, jaqueta e máscara para garantir.
"Você!" Uma voz feminina áspera.
Reconheci a mulher. Ela era uma das últimas pessoas que eu queria ver depois da noite anterior.
Era Ginny, a namorada do meu ex-chefe.
"Você é a vadia que quebrou um prato na cabeça do meu namorado!" Ela gritou. "Está tentando começar alguma coisa?"
Pisquei para ela. "Seu namorado nos atacou, a mim e à minha filha, na noite passada." Respondi de maneira impassível.
"Mentira!" Ginny sibilou, se agigantando sobre mim. "Ele nunca faria algo assim, sua mentirosa maldita–"
O som de rodas sobre o cascalho veio de trás de nós enquanto um carro preto elegante se aproximava, dirigindo-se à garagem.
A postura de Ginny mudou. Ela forçou um sorriso no rosto. "Por favor, saia das instalações, já que você não tem absolutamente nenhum motivo para estar aqui."
"Na verdade, eu–"
A porta do carro se abriu e Lionel saiu.
"Você está aqui." Ele ajustou os punhos da camisa.
"Espero que tenha encontrado o lugar sem problemas." Ele disse, olhando para cima. Seus olhos calmos encontraram os meus novamente e um choque percorreu meu corpo.
Minha boca ficou seca enquanto eu tentava encontrar minha voz novamente. "Sim– Quer dizer, sim. Claro, este lugar é... difícil de não notar."
Se eu tivesse piscado, provavelmente teria perdido o leve sorriso que surgiu no canto da boca dele. Por mais breve que tenha sido, ele sorriu para mim.
"Alfa Lionel," Ginny inclinou a cabeça. "Gostaria que eu a acompanhasse para você?"
Lionel assentiu, depois parou. Ele caminhou em nossa direção, para mim e Patti. Ele franziu ligeiramente a testa, olhando para a máscara no rosto dela.
"Ela está contagiosa?" Ele perguntou, com algo quase protetor na voz.
"Não, não." Balancei a cabeça rapidamente. "Ela é sensível ao pólen e tem um sistema imunológico fraco, então sou muito cuidadosa com ela."
Ele assentiu, sua postura rígida parecendo relaxar por um momento.
"Você é quem nos ajudou ontem?" Patti perguntou, com a voz baixa.
"Sim, fui eu." Ele assentiu, evitando o olhar brilhante da menina.
"Se ele fosse meu papai, aposto que ninguém nos intimidaria mais." Patti sussurrou alto no meu ouvido.
Ginny riu. "Você está sonhando, criança. Um alfa nunca teria uma fraquinha como você."
Patti rosnou para ela e Ginny recuou com o som. Senti um pequeno orgulho.
Lionel franziu a testa, olhando de volta para Ginny. "Por favor, não fale assim com uma criança."
"Desculpe." Ginny resmungou.
Lionel olhou de volta para mim, seus olhos duros suavizando. "Você pode mostrar-lhes o novo quarto delas. Sra..."
"Lupa." Limpei a garganta. "Nan Lupa."
"Sra. Lupa é uma das nossas novas empregadas." Ele assentiu.
Olhei para ele. "Então eu tenho um quarto?"
"Se não se importar." Ele inclinou a cabeça. "Como empregada, você terá quarto e pensão, além de uma mesada."
Assenti hesitante. "Vou ter um contrato?"
"Sim, vou mandar alguém trazê-lo para você amanhã de manhã."
"Ok. Obrigada." Assenti.
"Bem-vinda à equipe, Sra. Lupa." Ele entrou na mansão. Eu o observei ir.
Ginny bufou assim que a porta se fechou. Ela cruzou os braços sobre o peito. "A entrada dos empregados é por aqui."
Ela começou a caminhar por um pequeno caminho pelo jardim. "Não sei como você conseguiu esse emprego. O alfa odeia preguiçosos."
"Não fale assim da minha mamãe!" Patti rosnou para ela.
"Querida, por favor." Eu disse suavemente.
"Ela é uma malvada." Patti sibilou.
"Sim, eu sou uma malvada." Ginny se virou bruscamente. "Uma malvada que vai observar cada erro da sua mamãe."
Patti a encarou. "Minha mamãe não comete erros. Ela é super inteligente." Ela mostrou seus dentes caninos afiados para Ginny.
"Controle sua pirralha." Ginny finalmente estalou.
"Patti, por favor." Eu suspirei. "Eu sei que você está tentando ajudar, mas por favor, seja gentil."
"Tá bom." Patti disse suavemente.
Caminhamos pelo jardim em direção a uma pequena porta lateral. Ginny nos conduziu para os aposentos dos servos. Os aposentos dos servos eram menos extravagantes que a casa principal, mas ainda assim eram muito mais opulentos do que eu estava acostumada.
Ginny abriu a porta para um quarto muito pequeno.
Era bonito, limpo, com paredes azul claro. Coloquei Patti no chão para olhar ao redor do quarto. O quarto tinha uma cama, uma mesa e uma cômoda, e mal havia espaço para tudo. Mas eu não me importava.
Com nosso quarto e alimentação cobertos, eu poderia pagar o remédio de Patti. Além disso, Lionel estava me pagando mais do que eu ganhava no restaurante, e eu talvez até pudesse começar a economizar um pouco.
"Tem um uniforme na cômoda. Troque-se e me encontre na sala de jantar dos servos em quinze minutos. É só seguir pelo corredor."
Eu assenti.
"Quinze minutos, não se atrase." Ela disse friamente.
Voltei para o quarto e comecei a me vestir. "Tudo bem, querida, é aqui que vamos ficar. Vai ser bom para nós."
Patti olhou ao redor pensativamente. "Eu gosto deste lugar. Tem um cheiro bom."
Eu sorri carinhosamente para ela. "Fico feliz que você pense assim." Eu ri.
Depois de terminar de vestir o uniforme, ajoelhei-me ao lado dela. "Ei, você pode me fazer um grande favor?" Eu perguntei, apertando levemente seus braços.
Ela olhou para mim, assentindo e mordendo o lábio. Eu estendi a mão e passei o polegar sobre sua boca, fazendo-a parar de morder.
"Primeiro, tente não morder o lábio. Seus dentes são mais afiados do que você pensa às vezes, lembra?" Patti assentiu, abrindo a boca bem grande para mostrar que tinha parado.
Eu ri. "Você é ridícula."
"Você é ridícula." Ela retrucou.
Eu balancei a cabeça. "Grande favor. Eu vou trabalhar um pouco e preciso que você fique aqui. Tá bom?"
Patti murmurou. "Mas e se eu quiser explorar?"
Olhei para o relógio na parede. Eu precisava ir.
"Por favor, querida. Seja boazinha!"
Eu saí apressada do quarto.
Ponto de Vista da Terceira Pessoa
Patti sentou-se no quarto, fazendo caretas e desfazendo-as no espelho acima da cômoda. Ela estava tentando ser boazinha para sua mãe. Ela bufou, jogando-se na cama e inventando uma música para cantar.
Houve uma batida na janela. Patti deu um pulo, virando a cabeça rapidamente para a janela. Havia uma menina lá fora!
A menina parecia... muito com Patti. Mesmo cabelo preto longo e olhos azuis claros. A única diferença era que essa menina tinha algo calmo nos olhos.
"Oi!" Patti abriu a janela. "Qual é o seu nome?"
A outra menina se esgueirou pela janela. "Meu nome é Vera, e o seu?"
"Eu sou Patti. Minha mãe trabalha aqui agora." Patti disse.
"Eu não tenho mãe. Só tenho pai." Vera disse com uma pequena carranca.
"Eu não tenho pai! Só tenho mãe." Patti respondeu.
"Podemos compartilhar meu pai! Especialmente agora que você vai morar aqui!" Vera exclamou.
"Não há outras crianças por aqui, então será bom ter uma amiga."
"Podemos compartilhar minha mãe também. Especialmente porque eu adoraria ser sua amiga." Patti sorriu.
"Nos parecemos tanto, aposto que se trocássemos de roupa nossos pais não saberiam que éramos nós." Vera disse, sorrindo. "Devemos tentar?"
As meninas trocaram de roupa, com Vera pegando uma das máscaras de Patti e um par de óculos de sol para completar o visual. Elas saíram do quarto, rindo e de mãos dadas.
Vera levou Patti até o escritório do pai e a empurrou gentilmente em direção à porta.






















































































































