Capítulo 4

Houve um estrondo alto em um dos corredores da enorme mansão. A cabeça de Nan virou na direção do som. Ela começou a correr em direção a ele.

O coração de Nan batia contra suas costelas, os nervos percorrendo seu corpo até que finalmente ela viu... um vaso quebrado.

Ela soltou um suspiro de alívio, ajoelhando-se para começar a limpar. Então, ela olhou novamente.

Uma menininha havia quebrado o vaso. Uma menininha com cabelo longo, escuro e cacheado. Uma menininha usando uma máscara, um par de óculos escuros e a camisa favorita de Patti.

"Patti? O que você está fazendo aqui fora?" Nan perguntou surpresa, movendo-se para se ajoelhar ao lado da menina que ela assumiu ser sua filha adotiva.

"Você deveria ter ficado no quarto, querida." Nan disse, colocando uma mecha de cabelo solta atrás da orelha da menina. Ela examinou o rosto da menina de perto, não conseguindo ler sua expressão por causa da máscara e dos óculos escuros.

Nan não percebeu que a menina não era Patti. Ela parecia exatamente como ela, mas não era Patti. Era Vera, a filha do Alfa Lionel.

Nan suspirou, pegando as mãos de Vera e verificando se havia algum arranhão ou machucado. "Você está bem?"

Vera assentiu uma vez, rigidamente. Ela estava desconfortável e incerta.

"Que bom." Nan disse, puxando a menina para um abraço. "Você saiu para ficar com a mamãe?"

Vera nunca realmente conheceu a mãe. Ela havia falecido apenas alguns meses após seu nascimento.

Mas aqui estava uma mulher se chamando de sua mãe. Vera sabia logicamente que essa era a mãe adotiva de Patti. Mas ela se sentia acolhida pelo calor e pelos lindos olhos cinzentos de Nan.

“Mamãe?” A voz de Vera era suave, confusa, mas esperançosa.

"Está tudo bem, querida. Todo mundo comete erros às vezes." Nan a tranquilizou, apertando seus braços levemente.

"Maldita seja! Aposto que é um daqueles pestinhas!" Ginny sibilou, descendo o corredor furiosa. "Sempre quebrando coisas-"

Ginny parou quando Vera e Nan entraram em seu campo de visão. Ela demorou um momento para entender a situação, olhando entre Nan, Vera e o vaso que estava espalhado em centenas de pequenos cacos.

"Você tem ideia de quão caro era esse vaso, sua pirralha?" Ela disparou, estreitando os olhos em um olhar raivoso. "Você não pode fazer o que quiser nesta casa!"

A postura de Vera mudou instantaneamente, tornando-se fria e poderosa. "Eu não quebrei." Ela respondeu com um sorriso desdenhoso.

"Ah, então você acha que eu sou estúpida?" Ginny cruzou os braços sobre o peito, olhando para baixo, zangada, para a menina.

"Ninguém mais estava por perto, pirralha! E não fale assim com os adultos, sua metida, teimosa, estúpida, pequena-" Ginny foi interrompida no meio do discurso.

"Como ousa falar comigo assim?" Vera exigiu.

Nan olhou para Vera surpresa. Ela estava agindo de uma maneira tão diferente de sua filha, a doce e gentil Patti. Ginny também ficou surpresa, mas a surpresa foi rapidamente substituída por uma raiva fria.

"O que você acabou de dizer para mim?" Ginny rosnou, mostrando os dentes afiados enquanto se erguia sobre a menina. "Você era a única por perto, então tinha que ser você."

"Não fui eu." Vera insistiu, enfatizando cada palavra com muita clareza e calma.

"Você não passa de uma mentirosa, e se sua mamãe concorda, então ela também é uma mentirosa." Ginny retrucou. Ela havia perdido toda a compostura e agora estava discutindo abertamente com a criança.

"Não chame minha filha de mentirosa." Nan repreendeu, levantando-se para ficar mais próxima ao nível dos olhos de Ginny. "Se ela diz que não fez, então não fez."

"Você vai acreditar em uma pirralha estúpida? E arriscar seu novo emprego confortável?" Ginny zombou desdenhosamente.

"Minha filha não é estúpida nem uma pirralha. Peça desculpas a ela, por favor. Você está completamente fora de linha." Nan disse calmamente, embora seu coração estivesse acelerado.

Dinheiro não era fácil de conseguir, mas ela preferia confiar na inocência de sua filha do que ter um emprego confortável. Ela tinha muito orgulho de Patti para engoli-lo por algo assim.

Ginny zombou. "Você acha que pode falar comigo desse jeito?" Ela colocou as mãos nos quadris, encarando Nan com desprezo.

"Você está demitida." As palavras foram um soco no estômago.

"E eu me pergunto como você vai pagar pelo vaso sem um emprego." Ela inclinou a cabeça com um sorriso malicioso. "Custa mais de dois milhões de dólares."

Nan engoliu em seco, ansiosa. Isso seria complicado, mas ela ainda não ia recuar. Ela pegou Vera nos braços.

"Vamos, querida. Vamos ficar bem." Nan começou a voltar para o quarto delas.

Vera se inclinou sobre o ombro de Nan para que ela não pudesse vê-la. Ela abaixou a máscara, olhando para Ginny com um olhar frio. Ela articulou as palavras "Você está demitida."

Ginny congelou, seu rosto ficou pálido enquanto seu sangue gelava. Ela percebeu seu erro ao notar que Nan não estava segurando sua própria filha.

Nan estava segurando a filha do Alfa, Vera.

Vera balançou a cabeça antes de puxar a máscara de volta sobre a parte inferior do rosto com um olhar presunçoso.

Ginny estava ferrada e ela sabia disso. Vera era uma das poucas pessoas neste prédio com o poder de demiti-la e estava claro que ela não ia mudar de ideia.

Nan e Vera caminharam pelo corredor. Nan mordia o lábio inferior enquanto pensava no que fariam a seguir. Ela já estava pensando em novos empregos para se candidatar.

Ela tinha que encontrar uma maneira de pagar o aluguel. E depois descobrir como pagar pelo vaso.

Vera estava quieta nos braços de Nan.

"Você está brava comigo?" Ela perguntou após um longo momento de silêncio.

Nan olhou para Vera com a testa franzida. Ela parecia preocupada enquanto seus olhos examinavam o rosto de Vera. "Oh querida, claro que não." Ela a tranquilizou suavemente.

"Mas eu fiz você perder seu emprego e isso parece muito dinheiro." Vera franziu a testa. "Eu só, eu sinto que você deveria estar brava comigo."

"Todo mundo comete erros às vezes, querida. Eu te digo isso o tempo todo." Nan sorriu gentilmente para ela.

"Além disso, não foi culpa sua. Eu acredito em você, e sempre vou acreditar. Você é uma menininha maravilhosa e seria preciso muito para eu ficar brava com você."

Nan amava Patti mais do que quase qualquer erro que a menina pudesse cometer. "Eu te amo tanto, querida. Por favor, não se preocupe com nada."

Vera assentiu hesitante, sentindo lágrimas arderem nos cantos dos olhos. "Eu quero que você seja minha mamãe." Ela disse baixinho, enterrando o rosto no ombro de Nan.

Nan riu suavemente. "O que você quer dizer, querida? Eu já sou sua mamãe."

Ela apertou a menina que pensava ser sua filha, perto do peito. "E sempre serei."

POV da Nan

Eu soltei um suspiro, começando a empacotar nossas poucas coisas. Olhei para cima, prestes a dizer algo para Patti, mas ela não estava lá.

"Patti?" Eu chamei, saindo do nosso pequeno quarto. "Patti?"

"Aqui, mamãe!" Patti correu para o corredor vindo de fora, segurando minha mão. "Eu encontrei um papai!"

"Que bom, querida." Eu disse, distraída. Peguei nossas coisas, levando Patti para fora da mansão.

Quando saímos, ouvi instantaneamente um grupo de pessoas gritando e chamando por alguém chamado Vera. Franzi ligeiramente a testa. Se eu me lembrava corretamente, esse era o nome da filha do alfa.

Eu não tinha energia para pensar nisso. Começamos a nos afastar da mansão, quando senti os olhos de alguém sobre mim.

"Ali! Aquela mulher! Alfa, ela está com a Vera!"

Olhei para cima, a confusão estampada no meu rosto enquanto Lionel avançava em nossa direção. A escuridão parecia segui-lo enquanto a raiva tornava suas feições mais lupinas. Ele arrancou o braço de Patti.

"Como você ousa tentar roubar minha filha?" Ele rugiu.

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