Encantado

Era uma manhã de sábado, Sophia levantou da cama e, após completar suas necessidades matinais com um banho frio, preparou seu café da manhã. Hoje ela tinha uma folga do centro, pois era o aniversário de morte de seus pais. Já fazia dois anos que ela os havia perdido.

Ela vestiu um vestido preto de manga longa até os joelhos e deixou seus cachos castanhos soltos, com um toque de protetor labial. Dando uma última olhada no espelho, pensou que estava perfeita para se apresentar aos seus pais.

Ela pegou o ônibus para o Cemitério Forest Lawn. Era cedo de manhã, então não havia muitas pessoas, e ela conseguiu encontrar um assento facilmente. Sentou-se perto da janela, observando as árvores passarem, sem pensar em nada em particular. Sua mente estava vazia, sem expressões, sem pensamentos.

Meia hora depois, ela chegou ao cemitério. Ao descer, foi direto para o túmulo de seus pais e ficou lá por um ou dois minutos.

"Estou bem, mãe, pai. Olhem para mim, estou completamente bem." Ela sussurrou, fungando um pouco.

"Estou indo bem; é só que, se vocês estivessem aqui, a vida seria diferente. Eu estaria mais feliz, potencialmente muito melhor. Sinto tanta falta de vocês; tudo o que faço é pensar no tempo precioso que passamos juntos." Ela fez uma pausa, como se estivesse pensando em algo, e disse novamente: "Embora curto, mas bonito."

"Não é como se eu não tivesse ninguém para cuidar de mim. Lisa e o tio cuidam muito bem de mim. Eles até se ofereceram para pagar o empréstimo em meu nome e me deixar continuar meus estudos. Mas, mãe, pai, se eu aceitar a oferta deles agora, eles não vão querer o dinheiro de volta. Eles já fizeram muito por mim."

De repente, ela começou a chorar. "Por que vocês tiveram que partir tão cedo?"

Ela saiu do cemitério depois de algumas horas. Fungando, começou a caminhar sobre as folhas amarelas e laranjas caídas, cobrindo o caminho. Ela caminhou distraída em direção ao ponto de ônibus, com passos lentos e preguiçosos. Era meados de outubro, o inverno estava começando a chegar. A brisa fria agitava seus cachos. Ela pegou o ônibus para ir à mansão de Lisa, sem saber que já havia "encantado" o próprio diabo.

De mau humor, Noah entrou em seu Rolls-Royce preto, que imediatamente deu partida. Stefan havia marcado sua reunião com o Sr. James no Bacchus Whine Bar & Restaurant. Mas as coisas não saíram como ele desejava.

Apenas alguns minutos depois, ele avistou uma bela garota andando na calçada da pista oposta. Com uma figura pequena e vivaz, ela estava vestida completamente de preto, desde o vestido preto de manga longa até os joelhos até as sandálias pretas. Sua roupa era elegante. Seu nariz e bochechas estavam coloridos em tons de vermelho, com seus grandes olhos castanhos e inocentes úmidos, como se ela tivesse chorado há poucos momentos. Seus cabelos cacheados e castanhos estavam soltos, esvoaçando com a brisa fria. Ela caminhava lentamente. Ele pediu ao motorista para parar e, quando conseguiu se aproximar dela depois de descer, ela entrou no ônibus e foi embora.

Ele rosnou alto e voltou para onde o carro estava. Entrando, bateu a porta com força.

"Dirija."

"Para onde, senhor?" perguntou o motorista, nervoso.

"Claro, para o escritório. Onde mais você acha que pode me levar?"

E com isso, o motorista ligou o motor.

Assim que entraram no prédio, Noah correu para sua cabine. Imediatamente chamou Stefan, que entrou segurando a respiração. Noah estava calmo, mas Stefan sabia claramente que sempre há calma antes da tempestade.

"Quero todos os detalhes sobre ela na minha mesa amanhã de manhã." Noah ordenou.

"Senhor, de quem?"

"A garota que vimos no ponto de ônibus perto do restaurante." Noah rugiu.

"Senhor, eu não a vi claramente. Além disso, não sei o nome dela."

"Saia." Noah gritou com Stefan no topo de seus pulmões. "Eu – disse – saia – agora." Ele pronunciou cada palavra separadamente.

Com isso, Stefan saiu pensando em como ele estava agindo como um louco. Por que ele estava tão desesperado por uma garota aleatória?

Noah deixou suas costas descansarem no encosto e, fechando os olhos, esfregou a testa. Ele sabia que era impossível para alguém descobrir qualquer coisa sobre alguém apenas olhando para o rosto. É só que Stefan era um peão de sua raiva, pois ele não tinha nada para descontar sua raiva. Pobre Stefan, ele pensou.

Mas o universo sabia que não era Stefan quem merecia simpatia, mas Sophia, o cordeiro inocente.

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