7- Envolvido

O som dos sinos tocando chamou minha atenção. Virei a cabeça e vi o tio Vicente entrando com uma sacola nas mãos. Seus olhos estavam em nós.

"O que vocês dois estão fazendo?"

Os olhos de Oceano não se afastaram nem um centímetro de mim. Se fosse qualquer outra pessoa no lugar dele, já teria se afastado tanto de mim que as pessoas provavelmente teriam que medir a distância com uma fita métrica.

Mas não os olhos de Oceano. Ele não se moveu nem um milímetro.

Aggghhh! Por que minha vida é assim?

"Saia de cima!" Eu gritei com ele. Olhando para ele e desejando com todas as forças que ele fizesse o que eu estava mandando.

Ele não fez.

Os olhos de Max se voltaram para Vicente e então ele disse,

"Você se importa se eu ficar com ela?"

"Que diabos?" Eu gritei.

O tio Vicente parecia que tinha acabado de ganhar na loteria.

Puta merda, não.

"Você gosta dela?"

O tio Vicente ignorou meu surto e veio para ficar na nossa frente como se fosse uma coisa normal, do dia a dia, ver sua sobrinha em uma posição íntima com algum homem.

"VICENTE!" Eu perdi a cabeça embaixo de Max. Tentei empurrá-lo para fora de mim, mas, cara, o corpo dele parecia feito de cimento.

Os olhos de Max vieram para mim e ele olhou para baixo como se eu fosse a coisa mais fofa do mundo que estava incomodando ele. Enquanto na realidade, eu estava olhando para ele tão intensamente que desejava que meu olhar se transformasse em flechas e o atingisse no coração.

E não como flechas de amor que cupido lança ou besteiras assim. Como flechas reais que penetram fundo na pele e fazem você sangrar.

"Sim, eu gosto dela." Max respondeu enquanto olhava minhas tentativas de tirá-lo de cima de mim com um sorriso no canto dos olhos, como se quisesse rir, mas não estava.

"Então você pode ficar com ela." O tio Vicente respondeu com um sorriso, "Eu gosto de você, garoto."

Só o tio Vicente poderia chamar Max de 'garoto'. Pelo que eu podia ver, com o jeito que Max se vestia, sua atitude machona e a capacidade de me dominar como se eu não fosse nada mais que um gatinho fofo no colo dele, parecia difícil chamá-lo apenas de 'garoto'.

"VOCÊ NÃO PODE ME DAR ASSIM!" Eu gritei com Vicente. O que diabos estava errado com os homens no Texas?

Virei a cabeça para Max e disse no tom mais sincero possível, esperando com todas as forças que ele recuasse.

"Eu estou aqui só por alguns dias. Depois vou sair dessa cidade louca. Confie em mim, você não quer se envolver comigo."

"Eu já estou muito envolvido com você, querida." Max riu.

Balancei a cabeça em descrença e olhei para o lado depois de soltar um suspiro de frustração.

Ele inclinou a cabeça para baixo e esfregou o nariz no meu de uma maneira tão doce que eu realmente comecei a repensar minha decisão de ir embora.

Ele riu da minha expressão e finalmente saiu de cima do meu corpo. Assim que ele saiu de cima de mim, eu me levantei do sofá num pulo. Eu realmente precisava colocar minha cabeça no lugar.

"Vou sair por um tempo." Resmunguei em um tom baixo e comecei a sair do quarto pisando forte.

"Você não conhece a cidade, garotinha." O tio Vicente riu atrás de mim.

"EU. VOU. DESCOBRIR!" Respondi com os dentes tão cerrados de raiva que pensei que ia quebrar um ou dois.

Saí da cafeteria e comecei a andar pela rua quase vazia. Era meio-dia e o sol brilhava tão forte sobre minha cabeça que eu estava ficando tonta.

Meu Deus... o que foi isso que eu acabei de presenciar?

Será que todos os homens são loucos ou é só os homens do Texas?

O dia estava quente, então as ruas estavam quase vazias. A cafeteria do Vicente ficava na rua principal da cidade. Os veículos passavam rapidamente pela estrada.

Andei por apenas dez minutos, olhando para qualquer coisa que chamasse minha atenção, mas não havia nada.

Cheguei a uma rotatória onde um restaurante estava aberto. Havia cadeiras e mesas do lado de fora para os clientes.

Pensei em ir lá para almoçar, mas então lembrei que tinha deixado minha bolsa na cafeteria.

Por que minha vida é assim, Deus?

Virei nos calcanhares e comecei a voltar para a cafeteria. Provavelmente o tio Vicente tinha deixado o cachorro-quente que ele tinha saído para comprar.

Eu estava andando de cabeça baixa, olhando para minha sombra e o esmalte descascado nos meus dedos dos pés, quando alguém agarrou meu braço e me empurrou contra a parede com tanta força que senti como se meus ossos estivessem quebrando lentamente.

Todo o ar no meu peito saiu em um 'ooof' quando minhas costas colidiram com a parede e um corpo me prendeu contra ela com o braço pressionando minha garganta.

Eu não conseguia respirar completamente. Meus olhos se fecharam e quando os abri, me deparei com um rosto magro e feio.

"Se você gritar, eu quebro seu pescoço. Entendeu?" Ele disse.

Meu Deus, tire essa boca nojenta da minha cara primeiro. Você fede! Isso é o que eu queria gritar. Mas não consegui porque a mão dele tinha parado minha respiração e parecia que eu ia morrer no segundo seguinte.

Então apenas balancei a cabeça em aceitação o máximo que pude. Ele afrouxou o aperto na minha garganta, mas ainda manteve a pressão ali para que eu não pudesse me mover.

"É ela na foto, Vix?" Ele perguntou do nada.

Fiquei confusa, então meus olhos subiram para olhar o homem corpulento que estava atrás do homem magro e nojento.

O homem corpulento olhou para a foto na mão dele, depois para mim e então falou, "Sim. É ela."

Os olhos repugnantes do homem magro examinaram meu corpo de cima a baixo uma vez. Então ele disse,

"Pega o carro. Vamos levá-la."

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