Capítulo 3: Eva

Um calafrio subiu pela minha espinha enquanto eu era puxada, ainda algemada, pelo caminho arborizado desde o cais. Estávamos aqui, na ilha, e era tão amargamente frio e deprimente quanto eu esperava. Até mesmo a academia imponente parecia mais um manicômio do que uma escola particular. O prédio era feito de tijolos vermelhos desbotados, e longas trepadeiras serpenteavam para cima e para baixo nas paredes. Parecia que não era atualizado há anos, e me lembrei de quando minha mãe me contou que a escola foi inaugurada em 1915 para pessoas como eu.

"Bem-vinda ao seu novo lar, garota," disse o guarda que me segurava. Revirei os olhos, resistindo à vontade de corrigi-lo. Eu não pertencia a este lugar, e todos sabiam disso. Eu não ficaria presa aqui por muito tempo.

Fiquei em silêncio para não me meter em problemas logo de cara e permiti que o guarda me conduzisse pelo caminho ajardinado em direção à academia. Algumas pessoas estavam do lado de fora, homens e mulheres mais ou menos da minha idade, e todos pararam para olhar a nova chegada. Alguns membros da equipe também estavam do lado de fora—professores, talvez, aproveitando o ar fresco no pátio.

Ignorando os olhares frios nas minhas costas, entrei pelas portas da academia, ainda firmemente segurada pelo guarda. Entramos em uma grande sala que parecia um saguão, e o guarda apontou para eu me sentar em uma cadeira enquanto ele ia falar com a mulher atrás do balcão. Esforcei-me para ouvir o que eles estavam dizendo, mas não consegui entender. A mulher olhou para mim por cima do ombro do guarda, acenou para ele e então se levantou de trás do balcão.

"Eveline," ela disse, e eu me endireitei, olhando novamente para as algemas nos meus pulsos.

"Aqui," eu disse, levantando-me abruptamente. Levantei as mãos no ar com uma carranca. "Alguém pode tirar isso? É meio ridículo. Isto é uma escola, porra."

O guarda se virou para mim, o rosto torcido de raiva. "Eu já te disse, garota, é política. Então sente-se e—"

"James," uma voz fria disse, e uma porta de escritório se abriu à minha direita. "Desalgeme-a, por favor. E mande-a entrar."

Sentindo-me vitoriosa, observei enquanto o guarda, James, hesitava antes de tirar as algemas. Puxei meus braços para o peito, esfregando os pontos machucados com uma careta.

"Vai logo," ele resmungou. "O chefe está esperando por você."

Eu não sabia quem era o chefe ou por que ele estava esperando por mim, mas fiz o que me pediram, feliz por estar fora do aperto cruel do babaca na minha frente. Ao entrar na porta, avistei imediatamente o homem sentado atrás de uma grande mesa de carvalho. Ele sorriu calorosamente quando entrei, acenando para a cadeira vazia do outro lado da mesa. Sentei-me, tremendo, enquanto o cansaço finalmente me alcançava.

"Eveline Bloom," ele disse, estendendo a mão. "Meu nome é John Carter."

"Oi," eu disse desajeitadamente, olhando ao redor do escritório bem decorado. Um grande aquário vibrante brilhava de um lado da sala, e certificados e prêmios pendiam por todas as paredes. Era profissional, mas acolhedor. Este devia ser o diretor.

"Você dirige este lugar?" perguntei, e John riu.

"Sim e não. Todos nós dirigimos este lugar juntos. Nenhum de nós poderia fazer isso sozinho."

"Ah." Concentrei-me em um dos peixes coloridos no aquário, meus olhos seguindo-o enquanto ele nadava de um lado para o outro na frente do vidro.

"Eveline," John disse, juntando as mãos enquanto se endireitava para me olhar. "Por que você acha que está aqui?"

"Nesta escola para esquisitos?" perguntei, e depois de um momento ele assentiu, apenas uma vez.

"Por falta de um termo melhor, sim."

"Estou aqui porque meu padrasto me odeia," eu disse sem rodeios. "E ele treinou minha mãe para fazer o mesmo."

"E o que te faz pensar isso?" John perguntou. Dei de ombros, olhando para minhas mãos no colo e cutucando as cutículas nervosamente. Minha mãe me daria um tapa se me visse fazendo isso.

"Acho que você sabe por quê," eu disse, acenando na direção de uma pasta que estava bem na frente das mãos dele na mesa. Meu nome estava nela; não havia necessidade de explicações.

"Entendo," John disse. Ele não parecia zangado ou mesmo irritado. Parecia, se algo, divertido.

"Eu sei, eu sei," eu disse. "Todo mundo aqui acha que não pertence, certo? Você provavelmente ouve isso cem vezes por dia."

"Algo assim."

"Eu pareço louca para você?"

"Ninguém disse que você era louca," ele me assegurou. "Eu só queria ouvir de você."

Com um suspiro, forcei minha atenção para longe da minha cutícula sangrando, focando nos estranhos quadros artísticos na parede.

"Você gosta deles?" ele perguntou, e eu dei de ombros.

"Minha mãe é muito ligada em arte. Ela é uma colecionadora. Eu acho estúpido, para ser honesta."

"Eu gosto da sua honestidade." John Carter era um homem bonito, isso era evidente, e a maneira como ele se comportava era gentil e honesta. Ele era um profissional. Um espaço seguro. Eu poderia aprender a gostar dele.

Talvez.

"Bem-vinda a Blackwood," John disse, finalmente abrindo aquela pasta gorda na mesa. Ele murmurou baixinho enquanto folheava, depois a fechou abruptamente e fixou o olhar em mim novamente.

"Designamos um dormitório para você, com uma colega de quarto," ele explicou, pegando um bloco de notas e uma caneta para anotar algumas informações para mim. "As aulas começam cedo, às sete em ponto. Não se atrase."

"E minhas roupas e pertences?" perguntei, de repente me perguntando se algum dos guardas tinha pegado minha bolsa e trazido.

"Sua bagagem será entregue no seu quarto," ele disse. "Mas, de qualquer forma, tudo o que você precisar será fornecido. Temos uniformes para os alunos que são, erm, política da escola. O café da manhã é às seis, o almoço ao meio-dia e o jantar às sete. Se você perder uma refeição, não poderá comer. Sua colega de quarto mostrará onde fica o refeitório."

"Quando posso ligar para minha mãe?" perguntei, apenas parcialmente ouvindo suas instruções. John suspirou e tirou os óculos da ponte do nariz, apertando-a brevemente antes de sorrir.

"Exigimos que nossos alunos fiquem aqui por uma semana antes de permitir ligações."

"Uma semana?" exigi. "Eu não posso esperar uma semana. Ela precisa saber a verdade. Eu não pertenço a este lugar. Eu preciso sair."

"Se você não pertencesse aqui, Eveline, então você não estaria aqui," John disse gentilmente, e pela primeira vez desde nossa pequena conversa eu quis quebrar o nariz dele.

"É Eve," eu disse rigidamente. "Só meus pais me chamam de Eveline."

"Muito bem, Eve. Agora, você tem mais alguma pergunta?"

"Hum. Comida, aula, comida, aula, comida. Isso resume tudo?"

O sorriso de John só cresceu. "Muito bem." Ele então se levantou e deu a volta na mesa para abrir a porta, colocando a cabeça no corredor. "Kasey," ele disse para alguém. "Ela terminou aqui. Mostre o quarto dela, por favor."

Um momento depois, um novo rosto apareceu na porta. Era uma mulher, mais ou menos da minha idade, com pele morena, cabelo castanho-avermelhado e olhos tão intensos que quase me contorci na cadeira.

"Eu sou Kasey," ela disse, levantando as mãos para apertar o coque bagunçado no topo da cabeça. "Vamos lá."

Olhei para John, que acenou gentilmente. "Pode ir."

Sem saber o que mais fazer, levantei-me para seguir Kasey para fora do escritório. Ela começou a andar pelo corredor, não me dando outra escolha a não ser segui-la. Mais pessoas apareceram enquanto caminhávamos pelo corredor. Algumas pareciam interessadas na minha chegada, enquanto outras não pareciam se importar nem um pouco.

"Então," Kasey disse enquanto caminhávamos, colocando o polegar na boca para roer a unha. "Por que você está aqui?"

Eu ri. "Aqui? Ok, é só uma escola para adultos problemáticos. Eu não cometi assassinato, ou algo assim."

"Então, o que você fez?"

"Eu—eu disse algo aos meus pais que eles não acreditaram. Eles acham que estou mentindo e delirando."

"É só isso?" Kasey perguntou. "Você mentiu para alguém sobre alguma coisa?"

"Sim. Quer dizer, não. Eu não estava mentindo. Eles só acham que estou mentindo."

"Você acha que está mentindo?" ela perguntou, e eu tive que parar por um momento para compor meus pensamentos.

"Eu não—eu não estou doente como o resto de vocês," eu disse a ela, e Kasey franziu a testa.

"Eu também não estou doente. Só porque temos algumas pessoas problemáticas aqui não significa que estamos doentes. Somos apenas pessoas normais—"

"Que não conseguem funcionar na sociedade," eu completei. "Entendi."

"Ok, você está sendo meio babaca," Kasey disse, me pegando completamente de surpresa enquanto parava de andar e se virava para mim. O calor subiu para meu pescoço e bochechas enquanto eu a encarava.

"Desculpa," eu disse. "Não quis dizer desse jeito. Eu só quis dizer—" eu parei, sem saber como colocar de uma forma que não ofendesse ela e todos os outros aqui. "Eu não tenho um transtorno ou algo assim. Eu acusei alguém de algo, e meu padrasto encobriu. Eles vão saber que eu não sou louca nos primeiros dias. Então eu vou poder ir para casa."

Kasey riu como se eu tivesse contado uma piada boba. "O que ajuda na negação. De qualquer forma, este é o nosso quarto." Quando ela estendeu a mão para abrir a porta, alguém apareceu atrás de mim de repente, o hálito quente no meu pescoço. Recuo, me encolhendo como um animal assustado quando o homem tocou meu ombro.

"Oi, garota anjo," ele sussurrou, roçando os lábios contra meu ouvido de forma sugestiva. Eu congelei no lugar, muito aterrorizada para me mover, até mesmo respirar. Na minha frente, até Kasey parecia estar prendendo a respiração.

"Quem é sua amiga, Kasey?" o homem perguntou, dando um passo para trás para poder percorrer meu corpo com os olhos. Eu me contorci sob seu olhar, aterrorizada e ao mesmo tempo estupidamente atraída por esse idiota na minha frente. Ele era alto e forte, com cabelo castanho-avermelhado penteado para trás, uma barba por fazer e um olhar tão intenso que eu queria cair de joelhos e implorar por misericórdia.

"Meu nome é Evelina," eu disse firmemente. "Eve."

Os olhos do homem se estreitaram brevemente, um sorriso surgindo em seus lábios. "Evelina," ele ronronou, saboreando meu nome como se o estivesse provando. "Meu nome é Keane Hearn. Meus irmãos e eu dirigimos este instituto."

"Você—o quê?" Olhei para Kasey, esperando uma explicação, mas ela ainda parecia congelada no lugar.

"Nós somos os chefes aqui," ele disse. "Mas não se preocupe, você vai descobrir isso em pouco tempo."

De repente, me sentindo desconfortável, dei um passo para trás, colocando distância entre nós. Eu odiava a maneira como ele estava falando comigo; era assustador. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia parar minha mente de criar fantasias sobre esse cara.

"K—Keane," Kasey disse, e ela parecia tão assustada de até mesmo pronunciar o nome dele que eu quase ri. "Carter queria que eu mostrasse o lugar para ela."

"Claro," Keane murmurou, exibindo um sorriso para mim. Enquanto estávamos frente a frente, ele enfiou a mão no bolso e tirou um cigarro, colocando-o entre os lábios antes de pegar um isqueiro e acendê-lo. Ele deu uma longa tragada e soprou a fumaça no meu rosto.

"Sr. Hearne!" uma das funcionárias o repreendeu do final do corredor. "Você conhece as regras."

Keane se virou para olhar a mulher. Ele estava sorrindo. "Não se preocupe com isso, Sra. Tucker. Eu não conto se você não contar."

Fiquei chocada quando a mulher soltou um suspiro e se virou para ir embora, sem dar a ele um único olhar para trás.

"Que diabos," murmurei, e o olhar de Keane se focou em mim novamente. "Te vejo por aí, gatinha," ele disse com uma piscadela, então passou por mim e desapareceu na esquina.

"Que porra foi essa?" perguntei a Kasey. "Ou melhor, quem diabos era aquele?"

"Entre aqui," Kasey disse, abrindo a porta do nosso dormitório. Entrei atrás dela, parando para olhar ao redor. Certamente não era nada luxuoso. Duas camas de solteiro contra a parede, um grande armário para compartilhar e um banheiro pequeno e apertado dentro do quarto.

"É o Four Seasons," eu disse com um assobio baixo, e Kasey sorriu.

"Basicamente. Aquela é sua cama."

Atravessei até a cama que ela estava apontando e me sentei, notando minha única mala no chão ao pé da cama. Estava sujo e velho ali, como se o lugar não fosse atualizado desde os anos 1900.

"Ok," eu disse, cruzando as pernas debaixo de mim na cama. "Me conte sobre aquele babaca no corredor. Qual é a dele?"

"Bem..." Kasey hesitou por um momento, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas. "Keane anda com outros dois caras, Beau e Teague. Eles são melhores amigos, tão próximos quanto irmãos."

"E todos são tão bonitos quanto ele?" perguntei. Quando Kasey não sorriu com isso, engoli minha arrogância.

"São bonitos," ela disse. "Mas—são perigosos. Eles são famosos neste lugar, porque os avós deles são os fundadores desta academia. Então eles basicamente se safam de tudo."

"Até assassinato?" brinquei, mas Kasey ainda não riu.

"Algo assim."

"As famílias deles devem estar tão orgulhosas," eu refleti. "Fundar uma escola para adultos problemáticos que a própria família deles frequenta."

Kasey riu, colocando a mão sobre a boca como se temesse que alguém a pegasse rindo e a punisse.

"Algumas pessoas dizem que eles querem estar aqui," ela sussurrou. "Só para ter o controle da escola. Tudo o que realmente fazem é implicar com as pessoas e transar com as garotas."

"Transar com as garotas? Tipo—estuprá-las?"

"Não, acho que é tudo consensual," Kasey disse com um encolher de ombros. "É uma honra ser escolhida como a vadia do mês dos Blackwood Rogues."

"Blackwood Rogues?"

"É assim que eles se chamam."

"Vadia do mês?"

"Qualquer garota em que eles decidam se fixar se torna deles," Kasey disse, abaixando a voz. "Ninguém jamais negou o pedido deles. Se é que você pode chamar de pedido."

"O que você quer dizer?"

"Eles não estupram as garotas," ela disse. "Mas também não gostam de ouvir um não como resposta."

"Parecem um bando de babacas," murmurei, e Kasey assentiu em concordância.

"Não diga isso em voz alta," ela avisou. "Eles podem te machucar por isso."

Suspirei e balancei a cabeça, me recostando na cama, pensando mais uma vez em Keane Hearne.

"Não se preocupe comigo," eu disse. "Eu sei me cuidar."

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