Capítulo 4: Teague

"Jesus, cara." Eu me sentei abruptamente na cadeira quando Keane entrou pela porta. Ele tinha aquele olhar maníaco nos olhos, o mesmo que ele costumava ter quando fixava sua atenção em algo novo e brilhante. Era sua mania bipolar entrando em alta. Ele estava obcecado.

"Conheci a nova recruta," ele disse, atravessando a sala para acender um baseado. Ele deu uma tragada enorme e me ofereceu. Eu aceitei, mais interessado na história dele enquanto o baseado queimava entre meus dedos.

"Conte mais," eu disse, recostando na cadeira. "Considere-me intrigado."

Keane se virou para mim então, com raiva acendendo um fogo em seus olhos, e eu automaticamente me inclinei um pouco para trás para ficar fora do alcance dele.

"Ela é minha primeiro," ele rosnou, cerrando e abrindo os punhos como se estivesse pronto para bater em algo. Provavelmente em mim. "Não quero você ou o Beau tentando nada, entendeu?"

"Isso não é justo," eu rosnei. "As regras são, nós compartilhamos. É isso. O que é seu é nosso, irmão."

Antes que Keane pudesse responder, a porta se abriu novamente e Beau entrou, fechando-a atrás de si e trancando-a três vezes, como sempre fazia. Diagnosticado com uma forma severa de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, mesmo que os remédios não eliminassem todos os sintomas. Nós o amávamos de qualquer maneira.

"Qual é o problema aqui, senhores?" ele perguntou. "Eu podia ouvir gritos no corredor."

"Keane conheceu a nova recruta," eu disse. "Mas ele está tentando reivindicá-la para si."

Os olhos de Beau passaram de mim para Keane, com as sobrancelhas levantadas. "Isso não é o combinado e você sabe disso."

Keane não disse nada a isso, apenas continuou a estalar os dedos enquanto andava de um lado para o outro. Beau atravessou a sala, parando Keane em seu caminho ao estender a mão e colocar no ombro de Keane.

"Controle-se, cara," ele disse suavemente. "Não deixe isso te levar ao limite."

"Eu não vou," sibilou Keane. "Estou no completo controle."

"Obviamente," eu disse, e Keane se virou para mim. "Cala a boca, esquizofrênico."

"Ei," Beau estalou. "Já chega. Não precisamos nos desintegrar só porque tem uma nova garota aqui. Jesus, se recomponham. Além disso," ele atravessou a sala novamente e se jogou em uma poltrona vazia ao lado da minha. "Temos mais recrutas chegando hoje. Ela não foi a única."

"Mais?" eu perguntei, esfregando as mãos ansiosamente. "Sabemos o que isso significa. Eu adoro noites de iniciação." Eu olhei para Keane, que ainda estava andando de um lado para o outro, mas ele havia diminuído o ritmo, tentando organizar seus pensamentos.

"Eu adoro noites de iniciação," ele sussurrou. "O que vocês acham, rapazes? Está na hora de se preparar?"

Eu me levantei da cadeira e fui até a cômoda, cavando na gaveta de cima pelo que eu sabia que já estava lá, escondido e esperando pela próxima tarefa. Eu desembrulhei a faca e a levantei, sorrindo.

"Essa belezinha está pronta para ir. Vamos fazer isso."

"Espera aí," Beau disse, se levantando. "Eu peguei isso do escritório da Sra. Jensen durante a terapia e escondi aqui." Ele se juntou a mim na cômoda, mas em vez de verificar as gavetas, ele se inclinou no meu cesto de roupa suja, jogando roupas de lado antes de puxar uma garrafa de vinho tinto meio vazia que estava escondida debaixo de uma camiseta suja.

"Eu sabia que aquela vaca era uma bêbada," disse Keane, pegando a garrafa com uma risada. "Isso é perfeito."

"Eu sabia que seria," disse Beau. "Você vai fazer isso agora ou à noite?"

"À noite," disse Keane. "Onde todos possam ver."

"Estamos caçando?" eu perguntei, e o brilho aterrorizante nos olhos de Keane me disse tudo o que eu precisava saber. Sim, estaríamos caçando. Mas, isso aconteceria de forma justa?

"Você vai enlouquecer com a garota?" eu perguntei. "Porque isso desafia o objetivo do jogo todo."

Keane deu de ombros, rolando a garrafa repetidamente nas mãos. "Não posso machucá-la se não a encontrar."

"Como se você fosse deixá-la fora de vista," zombou Beau, e eu silenciosamente concordei. Uma vez que Keane se fixava em algo, quase nada podia desviá-lo.

"Faça o anúncio," Keane disse. "Cada recruta melhor aparecer, ou então é a bunda deles." Ele riu, esfregando as mãos. "Até nossa doce Evelina."

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