Capítulo 5

Com isso, Chloe pegou as sacolas de presente do chão. Se Arthur queria compensá-la, ela não fingiria ter orgulho demais para aceitar.

Afinal, seus cinco anos de juventude, tempo e amor valiam muito mais do que essas poucas sacolas.

Assim que entrou no carro, Chloe listou os itens em um mercado de revenda online.

Eram todos produtos de luxo muito procurados.

Logo após vender o primeiro lote de presentes, seu telefone tocou. Era sua melhor amiga, Adeline.

"Chloe, o que aconteceu que você precisa de um lugar tão urgentemente?"

Chloe explicou brevemente a situação com Arthur. Adeline ficou furiosa do outro lado. "Esse Arthur é um verdadeiro canalha! Depois de todos os sacrifícios que você fez para finalmente conceber o filho dele, como ele pôde te trair e engravidar a Avery? Ele perdeu a cabeça?"

"Quando você o escolheu, eu pensei que ele fosse do tipo que coloca a família em primeiro lugar, especialmente depois de tantos anos de namoro. Quem diria que ele seria tão sem vergonha!"

Enquanto Adeline a defendia, Chloe se sentiu estranhamente calma.

"Está tudo bem. Melhor ver a verdadeira face de alguém antes do bebê nascer do que depois," disse Chloe. "Sobre o apartamento—vou precisar da sua ajuda para encontrar algo."

"Tenho um amigo que está no exterior, e o lugar dele está vazio. Você poderia ficar lá por alguns meses enquanto resolve as coisas?"

Chloe examinou a planta e a localização que Adeline enviou.

Era um apartamento comum de dois quartos—não muito grande, mas bem localizado com transporte conveniente.

"Um lugar bem localizado assim deve ser caro," comentou Chloe.

Sem o apoio de Arthur, ela precisava planejar cuidadosamente o orçamento, fazendo cada real valer.

"Ele está com pressa, prefere alguém que possa se mudar e assinar o contrato hoje mesmo." Adeline disse, e na correria, Chloe não percebeu a hesitação momentânea de Adeline.

Com a ajuda de Adeline, Chloe se mudou para o aconchegante apartamento de dois quartos no mesmo dia.

Adeline explicou que o proprietário havia deixado o país urgentemente e só poderia assinar o contrato por mensagem.

Chloe adicionou o contato do proprietário. A foto de perfil era uma bela superfície de safira azul, brilhando com luz cristalina.

Por algum motivo, a imagem parecia familiar para Chloe.

Ela enviou o contrato, mas não recebeu uma resposta imediata.

Quando Chloe estava se preparando para dormir, seu telefone tocou.

A foto mostrava Avery deitada na cama da mansão de Arthur, vestindo os pijamas de seda rosa que Chloe tanto amava. E no canto da imagem, ao redor do tornozelo dela, estava a tornozeleira "Lágrima da Baleia".

Uma dor aguda irradiou de seu abdômen. A cabeça de Chloe latejava em ondas, as veias nas têmporas pulsando visivelmente.

"Fico feliz que você goste. Quando vi o anúncio do leilão, tirei meio dia de folga especificamente para dar o lance nesse colar para você."

As doces palavras de Arthur ecoaram em seus ouvidos, agora perfurando seus tímpanos como pontas de faca.

Ele não tinha dito que a Lágrima da Baleia tinha sido comprada para ela?

Então por que agora estava envolta no tornozelo de Avery?

O leve cheiro de sangue se espalhou pelo quarto.

Chloe olhou para o vestido, agora florescendo com manchas carmesins de sangue.

O bebê... seu bebê...

Ela pegou o telefone, pressionando freneticamente o botão de contato de emergência.

A dor embaçou sua visão. Quando o toque começou, ela percebeu que seu contato de emergência sempre foi Arthur.

Ele certamente estava com Avery agora. Como poderia ter tempo para atender sua ligação?

Chloe cerrou os dentes enquanto alcançava o telefone ao lado da cama.

No momento em que seus dedos tocaram, uma voz feminina fria surgiu, "Desculpe, o número que você discou está temporariamente indisponível. Por favor, tente novamente mais tarde..."

O telefone de Arthur ficava desligado durante reuniões de trabalho, mas a mensagem dizia "indisponível" e não "desligado". Ele não perdeu a ligação—ele simplesmente não tinha tempo para atendê-la.

Depois de anos de casamento, essa foi a primeira vez que ele não atendeu sua ligação.

Uma vez que algo começava, já era possível vislumbrar seu fim.

Arthur devia estar com Avery agora.

Chloe deu um sorriso amargo. Mesmo tendo decidido se separar, o pensamento da traição de Arthur ainda cortava como uma faca em seu coração.

A dor era como insetos roendo seus ossos, uma profunda impotência surgindo de seu âmago.

Com esse pensamento, Chloe se levantou para caminhar em direção à porta, mas a combinação de fraqueza e memórias avassaladoras drenou suas forças. Ela desabou no chão, segurando o estômago.

Ela ia morrer ali hoje, junto com seu bebê?

Não. Chloe respirou fundo e cravou as unhas no braço.

Ela havia sofrido demais por essa pequena vida crescendo dentro dela. Era sua única família agora, e ela não deixaria que a abandonasse assim!

Reunindo forças de algum lugar bem dentro de si, ela lutou para se levantar, envolveu-se em um casaco e cambaleou em direção à porta.

A maçaneta, geralmente tão fácil de girar, agora parecia incrivelmente pesada. Chloe usou suas últimas forças para empurrar a porta. O sangue continuava a fluir implacavelmente, e o desespero enchia seu peito.

Nesse momento, alguém passou. Chloe olhou para cima, lágrimas embaçando sua visão. Ela não conseguia distinguir quem era, apenas sentia que era um homem alto.

Agarrou o braço dele e falou com dificuldade, o gosto de sangue na garganta, "Por favor, me ajude... me leve para um hospital..."

Com essas palavras, a visão de Chloe escureceu, e ela desabou contra ele.

Por alguma razão, o cheiro dele parecia familiar—desconhecido, mas estranhamente reconfortante.

Alguma memória enterrada passou por sua mente, mas antes que pudesse identificá-la, Chloe perdeu a consciência. Em seu estado de torpor, ela sentiu que ele a levantava nos braços e descia as escadas apressadamente.

Era você... Arthur?

"Arthur... proteja nosso bebê."

Quando recobrou a consciência, estava deitada em uma cama de hospital.

O quarto estava vazio e quieto, exceto pelo bip da máquina de soro.

Ela apertou o botão de chamada, e uma mulher na casa dos cinquenta anos entrou.

"Dra. Adams," Chloe disse, sua garganta tão seca que cada sílaba arranhava dolorosamente.

"Deite-se. Você precisará de repouso por um tempo," Zoey Adams olhou para ela com preocupação nos olhos.

"Dra. Adams, meu bebê..." Chloe acariciou seu estômago, aguardando ansiosamente a resposta de Zoey.

"O bebê está estável por enquanto."

"Obrigada," Chloe sentiu como se uma pedra tivesse sido tirada de seu peito.

"O bebê está estável apenas por enquanto," a Dra. Adams esclareceu. "Mas você está sangrando com menos de três meses—isso é perigoso. Há um risco significativo de você perder essa gravidez."

As palavras de Zoey atingiram Chloe como um balde de água gelada. Em um instante, ela sentiu como se tivesse caído do céu para o inferno.

Ela olhou para Zoey, cujos olhos estavam cheios de preocupação.

Chloe provavelmente era sua última paciente antes da aposentadoria. Ela tinha sido a médica principal de Chloe desde que ela começou os tratamentos de fertilidade, ajudando-a a melhorar sua saúde até que finalmente engravidou...

"Quando você chegou, fizeram um ultrassom. Seu revestimento uterino está muito fino, e a implantação do embrião é ruim. Minha recomendação é a interrupção." Zoey terminou de falar e virou-se, incapaz de suportar a reação de Chloe.

Chloe agarrou a borda do cobertor, processando as palavras de Zoey.

Para conceber essa criança, ela suportou mais de trezentas injeções em um ano e consumiu inúmeros medicamentos amargos.

Se não pudesse manter esse bebê, tudo o que ela havia sacrificado desapareceria como espuma na água. Além disso, essa criança era sua única família agora. Querer esse bebê não era apenas sobre Arthur—era também por ela mesma.

Na casa dos Scott, ela tinha sido relegada a um pequeno quarto convertidos de um depósito, úmido e apertado, pequeno demais até para uma cama padrão.

Sua mãe sempre favoreceu Avery, pressionando Chloe a se casar e sair de casa assim que atingisse a maioridade. Aquela casa nunca foi seu lar.

Ela uma vez pensou que sua casa com Arthur seria diferente, mas agora...

"Doutora, não há outra maneira? Eu não posso perder esse bebê." Chloe agarrou a manga de Zoey, seus olhos cheios de lágrimas.

Zoey suspirou profundamente.

"Se você insistir em manter essa gravidez, precisará continuar o tratamento e cuidados regulares. O parto também pode ser perigoso. Você está disposta a arriscar sua saúde?"

Zoey franziu a testa com preocupação.

Embora esperasse que Chloe pudesse levar o bebê a termo com segurança, não queria ver a vida de Chloe em risco.

"Eu mesma nunca tive filhos. Mulheres não precisam necessariamente ter filhos. Se seu marido insiste nesse bebê, você precisa fazê-lo entender sua situação médica."

"Meu marido e eu... estamos planejando o divórcio. Esse bebê..." Chloe olhou para Zoey, sua expressão de repente resoluta.

"Essa é minha escolha. Essa criança é a única família que me resta neste mundo."

Zoey suspirou, seus olhos cheios de compaixão.

"Certo, vou te ajudar. Mas entenda que as dificuldades que você enfrentará por esse bebê podem ser ainda maiores do que as que você já suportou."

Chloe balançou a cabeça. "Eu não tenho medo."

Chloe ficou no hospital sob os cuidados de Zoey. O processo de tratamento foi extenuante. Injeções diárias deixavam seus braços inchados, a dor irradiando por todo o corpo.

No terceiro dia de tratamento, seus braços pareciam pertencer a outra pessoa.

Depois de pagar as taxas do hospital, ela se dirigiu de volta para seu quarto.

Enquanto caminhava, de repente notou uma figura familiar à frente.

Na esquina, viu a pessoa apoiando uma mulher em uma camisola hospitalar.

Arthur e Avery?

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